Um levantamento inédito revela o tamanho e os impactos da economia do tráfico e refino de cocaína na Bacia Amazônica e no Brasil. O estudo, intitulado “Floresta em Pó”, foi apresentado pela Iniciativa Negra e pela Coalizão Internacional pela Reforma da Política de Drogas e Justiça Ambiental, trazendo dados alarmantes sobre a dimensão socioeconômica e ambiental do narcotráfico na região.
De acordo com o relatório, o Brasil se consolidou como hub global de processamento e distribuição da cocaína, abrigando mais de 550 laboratórios de refino e adulteração ativos. Sozinha, essa atividade movimenta US$ 6 bilhões por ano, representando cerca de 9% da cadeia de valor do narcotráfico mundial, estimada em US$ 65,7 bilhões anuais.
Além do impacto econômico, o levantamento mostra que a perda de cobertura florestal na Amazônia colombiana relacionada ao cultivo de coca dobrou na última década, superando 20 mil hectares desmatados por ano. O avanço do cultivo ilegal e das rotas de tráfico tem provocado danos ecológicos irreversíveis, intensificando a violência e a exclusão social nas fronteiras amazônicas.
A publicação traz mapas, dados inéditos e seis artigos produzidos por uma equipe internacional de pesquisadores, entre eles David Restrepo (Universidad de los Andes, Colômbia) e Thiago Calil (Unesp), além dos Institutos Fogo Cruzado e Mãe Crioula e da ONG britânica Transform Drug Policy.
O estudo denuncia o fracasso do regime global de proibição das drogas, definido como um sistema “resiliente, corrupto e extrativista”, que alimenta redes criminosas transnacionais e destrói ecossistemas inteiros na Amazônia.