Três em cada quatro Yanomami são crianças, adolescentes ou jovens. O dado, que mostra o peso das novas gerações para o futuro do povo que vive na maior Terra Indígena do Brasil, é destaque do estudo 'Infância e Juventude Yanomami: O que significa ser criança e os desafios urgentes na Terra Indígena Yanomami', lançado pelo UNICEF Brasil em parceria com a Hutukara Associação Yanomami (HAY).
A publicação sistematiza a visão Yanomami sobre a infância e propõe caminhos para proteger essa geração diante de desafios socioambientais, como garimpo ilegal, doenças e desnutrição. Com cerca de 31 mil pessoas em 376 comunidades, os Yanomami vivem entre Roraima e Amazonas e mantêm um modo de vida profundamente ligado à floresta.
Para esse povo, ser criança é crescer em liberdade, aprendendo com a natureza e com a vida coletiva nas roças, nas caçadas e nos rituais. O estudo mostra, porém, como esse modo de vida vem sendo ameaçado por invasões e degradação ambiental, o que fragiliza a saúde, a segurança alimentar e o bem-estar das famílias.
O relatório defende que toda política voltada aos Yanomami precisa respeitar suas especificidades culturais e territoriais, fortalecendo suas organizações e ouvindo as vozes de suas crianças e jovens.
'Proteger as crianças Yanomami exige respeitar sua cultura, fortalecer suas organizações e garantir que suas vozes sejam ouvidas. É um chamado à ação imediata para garantir o futuro de uma geração inteira', afirmou Joaquin Gonzalez-Aleman, representante do UNICEF no Brasil.
Entre as principais recomendações, o estudo propõe:
• Combater o garimpo ilegal e garantir a proteção do território;
• Fortalecer políticas públicas específicas e diferenciadas;
• Apoiar organizações Yanomami na defesa de seus direitos;
• Escutar as crianças e jovens, valorizando seus conhecimentos e aspirações.
O trabalho foi elaborado com apoio da Urihi Associação Yanomami e de pesquisadores convidados, com financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO).