Um novo levantamento ambiental revela que a Amazônia concentra mais da metade de todo o carbono orgânico presente nos solos do Brasil, reforçando o papel decisivo da região no equilíbrio climático do país e do planeta. A constatação ganha relevância em um momento em que a pressão sobre a floresta se intensifica e os debates sobre descarbonização se tornam prioridade global.
O carbono orgânico do solo é resultado da decomposição de matéria vegetal e animal ao longo de milhares de anos. Ele atua como um dos principais indicadores de qualidade do solo e funciona como um poderoso reservatório natural capaz de reter grandes quantidades de carbono que, se liberadas, seriam lançadas na atmosfera na forma de CO₂ — um dos gases que mais contribuem para o aquecimento global.
Segundo especialistas, os solos amazônicos possuem características que favorecem esse armazenamento, como grande cobertura vegetal, alta umidade e constante deposição de matéria orgânica. “A Amazônia é fundamental não apenas como floresta em pé, mas também como sistema subterrâneo que estabiliza o clima”, explicam pesquisadores.
No entanto, o avanço do desmatamento e das queimadas ameaça esse equilíbrio. Quando a vegetação é removida, o solo perde sua proteção natural, acelera processos de erosão e libera parte do carbono acumulado. Em alguns casos, décadas de armazenamento são perdidas em poucos dias de destruição.
A descoberta reforça a necessidade de políticas permanentes de conservação e manejo sustentável. Além de proteger a biodiversidade e os rios, preservar o solo amazônico significa evitar que enormes quantidades de carbono retornem à atmosfera.
Para cientistas, o dado deve servir como alerta e orientação. Investir em restauração florestal, ampliar áreas protegidas e fortalecer a fiscalização são caminhos essenciais para garantir que esse gigantesco reservatório natural continue desempenhando seu papel estratégico na mitigação das mudanças climáticas.