Durante participação em um podcast, o deputado paulista Paulo Bilinski provocou polêmica ao sugerir a divisão do Brasil em dois países: o 'Brasil do Norte' e o 'Brasil do Sul'. Segundo ele, a proposta seria uma forma de lidar com a crescente polarização política. A ideia incluiria a construção de muros, exigência de vistos e controle de fronteiras internas. No entanto, em sua fala, Bilinski excluiu Rondônia do chamado 'Brasil do Sul', que, em sua visão, seria governado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ou por alguém do mesmo grupo político.
A declaração chamou atenção porque Rondônia é considerado um dos maiores redutos eleitorais de Bolsonaro no país. Nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, o Estado garantiu ampla vitória ao ex-presidente. Além disso, o município de Alta Floresta d’Oeste (RO) registrou a maior votação proporcional para Bolsonaro em todo o Brasil. A exclusão do Estado da proposta de Bilinski gerou reações negativas, especialmente entre conservadores rondonienses que veem Bolsonaro como principal referência política.
Paulo Bilinski, comentarista conhecido por suas posições conservadoras e eleito deputado estadual em São Paulo, possui grande número de apoiadores em Rondônia. A decisão de não incluir o Estado no 'Brasil do Sul' surpreendeu esses grupos, já que a divisão sugerida pelo parlamentar teria como base justamente os territórios de predominância conservadora.
Na entrevista, Bilinski afirmou que o 'Brasil do Sul' reuniria os estados alinhados à direita, enquanto o “Brasil do Norte” seria formado por regiões mais próximas da esquerda. Entre os pontos citados em sua proposta, estavam: muros entre os dois países, exigência de vistos de entrada com validade de 90 dias e comprovação de passagem de volta com estadia paga. Embora apresentada em tom descontraído, a fala levantou críticas por soar discriminatória contra regiões historicamente marginalizadas.
A exclusão de Rondônia contraria os próprios dados eleitorais que sustentaram o argumento de Bilinski, já que o Estado aparece como um dos mais alinhados ao ex-presidente Bolsonaro. A repercussão também trouxe à tona o fato de que a Constituição brasileira proíbe qualquer tipo de separatismo, ainda que o deputado tenha defendido o tema como um debate 'em tese', comparando-o a processos históricos de independência, como o do Brasil em relação a Portugal.
Nas redes sociais, a proposta repercutiu de forma intensa. Muitos classificaram a sugestão como xenofóbica e antipatriótica, enquanto outros defenderam que a fala não passou de uma provocação política. A ideia de vistos e muros internos foi amplamente criticada, gerando memes e discussões sobre os impactos da polarização política no país.