Falar que impeachment é golpe só funciona para petistas, diz senador
Foto: Divulgação
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Ex-apoiador do governo Collor, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) ascendeu ao posto atual depois que o governista Vital do Rêgo (PMDB-PB) foi nomeado, com as bênçãos do Planalto, para o Tribunal de Contas da União. Senador constituinte, ele é responsável agora por presidir a comissão especial que se reúne nesta terça-feira pela primeria vez a fim de elaborar parecer para embasar um provável afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo no processo de impeachment. Ao site de VEJA, ele compara a situação de Collor à crise política atual, diz que a tese de golpe é entoada apenas para agradar ouvidos petistas e prevê no Senado bem menos polêmica na tramitação do processo que pode levar a presidente reeleita a deixar o Palácio do Planalto precocemente.
O senhor apoiou o governo Collor e depois a favor do impeachment. Os processos de impeachment de Collor e o atual de Dilma Rousseff são comparáveis? São situações parecidas, mas ainda assim historicamente diferentes. Naquele momento do Collor, não existia uma crise econômica como a que existe hoje. Havia uma crise política e o país não estava muito bem, mas mesmo assim pronto para retomar seu crescimento econômico, como aconteceu com a ascensão ao poder do presidente Itamar Franco.
Hoje, considero a crise política ainda mais profunda do que a vivenciada por Collor e uma crise econômica que praticamente não existia em 1992. A situação política de hoje é mais grave. Não diria que a presidente Dilma é mais frágil que Collor. O ponto é que em 1992 as coisas aconteceram com mais facilidade porque só existia um lado. Todo mundo estava contra o presidente. Hoje ainda existem dois lados, um lado majoritário favorável ao impeachment e um minoritário de apoio ao governo.
Como constituinte, como avalia o discurso político de que impeachment é golpe? Não existe golpe. Na realidade, participamos de um processo político e jurídico em que são obedecidas todas as regras, inclusive um rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal, com prazos delimitados e direito de defesa respeitado. Isso tudo prova que não é golpe. Esse discurso de golpe é uma tentativa de defesa política que funciona pelo menos para o público interno, para parte dos eleitores do atual governo. No Congresso é impossível vingar essa tese de que haja um golpe. O próprio Supremo também já se manifestou que não se trata de um golpe. Três ministros - o Dias Toffoli, que chegou ali indicado pelo PT, o Celso de Mello, que é o decano e tem posições amadurecidas, e o Gilmar Mendes, que vem do PSDB - têm a mesma posição de que efetivamente não existe golpe.
Um grupo de senadores tentou nesta segunda-feira, em vão, vincular o impeachment de Dilma a um novo impeachment de Michel Temer e atrasar o processo. No Senado vamos trabalhar apenas com a denúncia que veio da Câmara sobre crime de responsabilidade em relação a pedaladas e decretos de liberação de crédito sem autorização do Congresso. Essa vinculação com o Temer também não vai vingar aqui.O senhor projeta uma judicialização excessiva da fase do impeachment no Senado? Esse excesso de judicialização faz parte do contexto da crise política. Se o país atravessasse um período de mais paz política e econômica, não haveria necessidade dessa judicialização. As questões seriam resolvidas com menor nível de conflito. Nesta fase do Senado, acredito que a judicialização será bem menor do que a que ocorreu na Câmara porque é uma casa mais moderadora, o número de parlamentares é menor, a média de idade dos senadores é maior e eles têm mais experiência. Acho até que o impasse criado com a indicação do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) para a relatoria vai ser resolvido rapidamente.
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