Estou acompanhando o novo escândalo em Brasília, nossa capital federal pródiga em casos escabrosos, que na maioria das vezes terminam impunemente para os "tubarões" da política nacional. O imbróglio desta vez envolve o secretário chefe da Casa civil, Antonio Palocci (PT), com denúncia do aumento patrimonial do político. A oposição e parte da grande Imprensa estão pró ativos no caso, com acompanhamento canino da situação.
No pleito eleitoral de 2010 em Rondônia também surgiu denúncia análoga, na época contra o então candidato ao governo, Confucio Moura (PMDB), ex-prefeito de Ariquemes, município distante cerca de 200 km da capital. Aqui nas terras de Rondon, o caso teve relativa repercussão, mas não houve investigação da polícia fazendária para apurar a denúncia.
Palocci e Confúcio tem algo em comum. E não é só o rápido aumento patrimonial. Ambos são médicos e políticos. Palocci foi prefeito de Ribeirão Preto, Confucio de Ariquemes. Hoje o petista paulista ocupa um dos mais altos cargos da República. Em Rondônia, o peemedebista é o Governador, chefe maior do executivo estadual.
Palocci alega que ganhou os milhões prestando consultoria. Confucio disse que vendeu uma fazenda para o Incra fazer reforma agrária em Rondônia. O latifúndio não foi arrolado na declaração fiscal de 2008.
De acordo com denúncia publicada no último dia 15 de maio, o ministro Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010. Em quatro anos, adquiriu dois imóveis através de sua empresa Projeto. Um apartamento de luxo em São Paulo no valor de R$ 6,6 milhões e um escritório na mesma cidade por R$ 882 mil. Total do valor – R$ 7.482.000,00
Em 2010, em reportagem deste jornal eletrônico, foi constatado que o então candidato ao governo de Rondônia foi mais empreendedor que Palocci e apresentou um aumento patrimonial de aproximadamente 2.700% em apenas dois anos. Um verdadeiro recorde nacional. Deixou o língua “plesa” a comer poeira
Relembrando o leitor, em 2008, quando se candidatou a prefeito de Ariquemes, Confúcio declarou que possuía imóveis e recursos financeiros no montante de R$319.900,00.
Passados dois anos, em 2010, em nova declaração de bens a Justiça Eleitoral, o médico apresentou um crescimento patrimonial de 2.700 %, com R$ 8.554.881,14 ( oito milhões, quinhentos e cinqüenta e quatro mil reais, oitocentos e oitenta e um reais e catorze centavos).
A maior parte da fortuna do ex-prefeito vieram tabulados em cinco novos itens em relação a declaração de 2008. Situações que não constavam na declaração de bens anterior.
Esmiuçando o documento público constatou-se que o ex-prefeito e atual governador declarou para a Justiça Eleitoral em 2010 possuir na sua caderneta de poupança a quantia de R$1.516.132,20 ( um milhão, quinhentos e dezesseis mil, cento e trinta e dois reais e vinte centavos). Também disse que tem na sua conta corrente do banco Itaú o valor liquido de R$110.264,07, além de uma aplicação financeira no mesmo banco no valor de quase meio milhão de reais ( R$491.542,14).
No Banco do Brasil, Confúcio também juntou uma boa grana em dois anos enquanto exercia o cargo de prefeito de Ariquemes. São exatos R$ 690.325,42 no plano BB Prev.
Mas não foi só com dinheiro vivo que Confúcio se tornou milionário. Um título da dívida agrária soma mais de cinco milhões no capital do ex-prefeito. Valor exato declarado do titulo - R$ 5.347.660,83.
Confúcio Moura foi eleito pela maioria da população. E o caso caiu no esquecimento. Um repórter da revista Isto É esteve por estas paragens, “investigando” o caso. Conversou com alguns repórteres e esteve frente a frente com Confúcio. Com uma explicação plausível, o governador despachou o jornalista, que se deu por satisfeito com as explicações, “caindo a pauta”.
Parafraseando a ex-ministra Marina Silva, parece que a grande imprensa nacional só se preocupa com “peixe grande” e não está muito preocupada com os “bagres do Madeira”.