Só R$ 545, dona Dilma? - Por Valdemir Caldas

Depois de muito puxa-escolhe, troca de impropérios e reuniões que entraram madrugada adentro, a equipe econômica do governo Dilma (PT) e os que lhe devem obediência na Câmara Federal, chegaram ao piso salarial de quinhentos e quarenta e cinco reais, cujo

Só R$ 545, dona Dilma? - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Depois de muito puxa-escolhe, troca de impropérios e reuniões que entraram madrugada adentro, a equipe econômica do governo Dilma (PT) e os que lhe devem obediência na Câmara Federal, chegaram ao piso salarial de quinhentos e quarenta e cinco reais, cujo valor, sabia-se, já estava no orçamento, desde o ano passado.

 

A discussão dos seiscentos reais, defendido por setores da oposição, foi apenas um imbróglio, sem nenhuma chance de tornar-se realidade. Na Câmara, a proposta passou sem maiores óbices e tudo indica que, no Senado, a situação não será diferente, já que o governo tem maioria nas duas casas legislativas. É o rolo compressor do fisiologismo triturando adversários.

Quinhentos e quarenta e cinco reais. Esse é o valor do novo salário mínimo. O trabalhador brasileiro e, de modo especial, aposentados e pensionistas do INSS, sonhava com um pouco mais. Mas os bajuladores palacianos não quiseram e seguiram à risca as determinações emanadas do palácio do Planalto.
Na era FHC, dizia-se que, aumentar o salário mínimo acima do valor imposto pelo governo, quebraria a esquálida previdência social. No governo Lula, repetiu-se a mesma cantilena, e, na administração Dilma, a situação é igual.

 

Entretanto, não é preciso ser especialista em coisa nenhuma, para saber que o rombo da previdência é fruto sazonado da roubalheira desenfreada, que campeia neste país, com a complacência de políticos, autoridades e dirigentes públicos, e não devido aos míseros salários pagos a aposentados e pensionistas.

Isso para não falar no maldito fator previdência, instituído no governo FHC, que Lula prometeu acabar, mas não o fez. Conheço gente que contribuiu com sete salários mínimos e, hoje, recebe, a título de aposentadoria, menos da metade do que recolheu aos cofres públicos. Enquanto isso, governadores, senadores e deputados federais, têm direito a aposentadoria integral, depois de ficarem quatro anos mamando nas flácidas tetas da administração pública. E, o que é pior, sem contribuírem com um centavo.
Agora, já há petistas defendendo a fixação do valor do mínimo para 2012, por decreto. Isso mesmo, os aliados de Dilma querem retirar do parlamento essa prerrogativa constitucional. E as justificativas são inúmeras e as mais absurdas, também. Assim já é demais.
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