A greve da educação - Por Valdemir Caldas

Há um ditado popular segundo o qual na briga do mar contra o rochedo, quem acaba levando a pior é o marisco. É exatamente isso o que vem ocorrendo com a greve desencadeada por profissionais da educação estadual. Ora o governo deseja uma coisa, ora o SINTE

A greve da educação - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Há um ditado popular segundo o qual na briga do mar contra o rochedo, quem acaba levando a pior é o marisco. É exatamente isso o que vem ocorrendo com a greve desencadeada por profissionais da educação estadual. Ora o governo deseja uma coisa, ora o SINTERO intenciona outra; ora, ainda, uma comissão independente planeja outra. Enquanto isso, os alunos (que não têm nada que ver com o problema) são únicos prejudicados.
 
Não se pretende, contudo, discutir o caráter reivindicatório da grave. Até porque pagar salários decentes e oferecer condições dignas de trabalho aos que prestam serviços à máquina burocrática, não constitui nenhum gesto de benevolência por parte de quem está no comando da nau. Em nota, a direção do PT solidarizou-se com a luta dos profissionais em educação por melhores condições salariais. E os do município de Porto Velho. Será que eles estão satisfeitos com os salários pagos pelo prefeito e professor Roberto Sobrinho?
 
A nota condena, também, a recusa do governo de sentar-se à mesa para negociar com o comando de greve. Não é de hoje, porém, que a diretoria do SINDEPROF, o sindicatos dos servidores municipais, vem tentando uma audiência com o prefeito para resolver o PCCS do pessoal da saúde, cuja proposta está engavetada há vários anos, mas Sobrinho insiste em fazer ouvido de mercador aos clamores da categoria.
 
O SINTERO e a CUT são ágeis no gatilho, quando se tratar de colocar a faca no peito de Cassol, mas são lerdos como uma preguiça, quando o negócio é chamar Sobrinho as falas. É a velha máxima do “Mateus, primeiro os meus”.
 
Comprovadamente, não é tarefa fácil ser professor num país como o Brasil. Os problemas vão desde as péssimas condições de trabalho até os paupérrimos salários pagos à categoria. Há vários anos, professores vêm lutando para garantir o piso salarial nacional de pouco mais de mil e cem reais. A proposta foi aprovada pelo Congresso, mas acabou sendo questionada no Supremo Tribunal Federal por governadores e prefeitos.
 
Mas os professores não desistem, pois, se há um sacerdócio, é o do que ensina, daquele que exerce o magistério, ou seja, o professor; seja ele o mestre de primeiras letras até o chamado professor universitário (graduados, pós-graduados, mestres e doutores). Trata-se, portanto, de uma missão nobre. Assegurar os progressos das artes e das ciências, pelo ensino e pela pesquisa, preparar as crianças e adolescentes de hoje, para serem os homens de amanhã, envolto em problemas os mais complexos, principalmente financeiros, não é nada fácil.
 
Justos, sob todos os aspectos, os protestos e as reclamações do magistério. A pessoa se desgasta, exaure-se, extenua-se, enfim, mergulha de cabeça em proveito de uma atividade, para não ser reconhecida e respeitada, é, no mínimo, frustrante.
 
À semelhança de outras categorias funcionais, o professor só é lembrado durante as campanhas eleitorais. Todos sabem das suas necessidades, mas ninguém procura envidar esforços para oferecer-lhe um padrão de vida decente, compatível com a sua ingrata, desgastante, mas honrosa profissão.
   
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