Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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Mulheres levam Cassol às cordas e obrigam-no, pela 1ª vez, a ceder à pressão cerrada 1 – MULHER EM PÉ “Como dizem que o senhor é homem, eu suponho que o senhor está acostumado ao que uma mulher sabe fazer deitada. Agora levante-se dessa cadeira que eu lhe vou mostrar o que uma mulher sabe e é capaz de fazer de pé!” A frase é atribuída a Helena Ciraulo, poeta, empresária e funcionária pública de João Pessoa (PB) que, ao dar com os costados nestas margens do Madeira, tornar-se-ia a senhora Pedrosa Maia - hoje morando em Recife (PE) e desde o ano passado viúva do desembargador rondoniense José Clemenceau Pedrosa Maia. Boa poeta, empresária criativa (antes de aqui chegar fabricava móveis de vime), servidora devotada e, como pode comprovar quem até o fim da vida a teve por companheira, um doce de pessoa – desde que não lhe pisassem nos calos. Sentado estava, lá pelos idos de 1970, um recém-empossado titular da Secretaria de Educação do Estado da Paraíba. Pois bem. Chefe de Gabinete da gestão destituída, Helena já havia encaminhado ofício ao distinto solicitando exoneração, aguardando apenas a designação do substituto para, como de praxe, repassar-lhe as funções. Antes disso, o novo secretário teria insinuado a terceiros que outros atributos – que não os funcionais – seriam suficientes para mantê-la no cargo. Isso ou algo que acendeu nela um clamor inadiável por justiça chegou-lhe aos ouvidos. Quem testemunhou quando ela irrompeu no gabinete dedo em riste, ar severo voz pausada jura que o fulano não apanhou porque, lívido e emudecido, permaneceu sentado. Segundo nota divulgada pela Associação das Esposas dos Pensionistas e Familiares dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Rondônia (Assesfam), num dos momentos mais tensos da crise na segurança pública, o governador Ivo Cassol (sem partido), em mais uma das suas recorrentes diatribes teria se referido aos bombeiros e aos policiais militares como “maricas”. Esta pode até não ser a verdade, mas a versão não destoa nem um pouco do estilo desabrido do impulsivo falastrão que os rondonienses têm por governador. 2 – MELHOR CORRER Nesse ponto, conceda-se: ou este governador é mesmo um falastrão inconseqüente ou tem coragem de mamar em onça. Na dúvida, no que diz respeito a este digitador, se ele (o governador) fechar a cara e der um passo em minha direção eu já começo a correr – que é o que qualquer pessoa julgaria prudente fazer, porquanto se para ele esses caras que vivem permanentemente preparados para enfrentar a violência são “maricas”, que idéia não fará de desvalidos civis, mormente de desmilingüidos jornalistas? A evocação a Helena Ciraulo é, pois, uma tentativa de levar algum alento aos bombeiros e policiais militares, porquanto, do jeito que a coisa vai, o que não se sabe é se ao governador vai ser dado escolher a posição se - nas ocorrências em que a intolerância toma o lugar da libido - chegar a ser confrontado (“face to face”), nas circunstâncias em que um clamor de justiça se fizer inadiável, com uma ou mais dessas mulheres de que se tem feito inimigo, em cujas fileiras acabam de se alistar integrantes da Assesfam – essas que em protesto impediram que a Polícia Militar saísse às ruas. E que terminaram por levar o birrento governante às cordas obrigando-o a, pela primeira vez desde que se aboletou no Palácio Presidente Vargas, assumir um compromisso sob uma pressão cerrada. Por enquanto. Ainda no final de março (começo de abril, talvez), época em que o dito Cassol andava as turras com o Sindicato dos Auditores Fiscais de Tributos Estaduais de Rondônia (Sindafisco) e sua presidente Cléa Siqueira da Silva, escreveu-se aqui que um surto de misoginia passara a rondar o governador rondoniense. “A misoginia que tem levado Cassol a explosões de fúria contra o sexo feminino é de ordem e de sentido literal quanto ao vocábulo de origem grega. Como ensina a etimologia, o substantivo “misos” é “ódio” e “gyne” é “mulher”. Pois bem! Pelos discursos recentes, pelos comunicados emitidos pelo Palácio Presidente Vargas e pelas entrevistas do governante a veículos de comunicação vários, a conclusão a que se chega é a de que Cassol está odiando as mulheres.” Não obstante a extremada atualidade do texto, na ocasião as referências eram três lideranças do sindicalismo e da política locais, a saber: 3 – GUIANDO O POVO “De um lado, a auditora fiscal Cléa Siqueira da Silva, presidente do Sindafisco, que no comando de uma categoria em estado de greve, conduz um movimento que ameaça comprometer as receitas estaduais, levando Cassol a momentos de pura exasperação. Do outro é a professora Claudir Mata, presidente do Sintero, que não pára de acusar o governador de perseguição implacável aos órgãos de representação dos servidores públicos, em especial contra o que dirige, caracterizando-o como mentiroso sempre que ele tenta justificar suas atitudes. Atuando como caixa de ressonância de tudo e acrescentando seu próprio tempero – ou seria veneno? -, a senadora Fátima Cleide (PT) não lhe dá sossego e, de Brasília, tem ocupado a tribuna para destroçá-lo em seus discursos.” (Sem tirar nem por, idem na crise atual). Como se acabou de assistir, ao destemido trio juntou-se agora Sônia Maria dos Santos Almeida, a denodada presidente da Assesfam, configurando algo como os mosqueteiros imortalizados por Alexandre Dumas – que eram três (Athos, Porthos, Aramis) capitaneados pelo cativante d Artagnan. Como já se chamara a atenção no texto anterior, a impressão que se tem é que, seja na política partidária ou nos movimentos reivindicatórios das corporações, toda oposição ao governo estadual parece advir da iniciativa das mulheres. Em que importe na cabeça de muita gente ainda persistir o perfil de fragilidade do gênero, mulheres na política, ainda mais na oposição (nem que sejam apenas elas), não é algo que deva inspirar tranqüilidade – e não é de hoje. Pavor dos poderosos de todos os tempos, as revoluções do mundo inteiro estão representadas na síntese de uma tela visionária do pintor Eugène Delacroix – A Liberdade Guiando o Povo -, onde uma mulher é a figura central do quadro tomado como um símbolo das lutas populares e republicanas. Ali caiu Carlos X, que igual ao secretário paraibano e agora Cassol, com certeza também não fazia a menor idéia do que uma mulher pode e é capaz de fazer de pé.
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