Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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O seu, eles roubam de qualquer jeito. Quando não é ladrão, é banqueiro e empresário 1 – HERÁCLITO REVISITADO Já lá se vão mais de 25 séculos desde que Heráclito de Éfeso identificou na espécie humana três estados de espírito segundo os quais, como ensina o professor Raimundo Martins (de Filosofia e de umas tantas disciplinas afins em uma pá de escolas desta Porto Velho), as pessoas estão ou dormindo, ou em vigília ou acordadas. “Os homens acordados têm um mundo só que é comum (enquanto cada um dos que dormem se volta para o seu mundo particular)”, proclamou o pensador em um dos poucos fragmentos que nos chegaram. Significa que a maioria dos homens dorme no sono e na vigília. Os dorminhocos vivem sem problemas. Não progridem nem regridem. Já estão no lugar em que sempre quiseram estar. Aconteça o que acontecer, eles não estão nem aí. Mesmo despertos, os idiotas dormem o sono dos justos. Em vigília estão os homens que cuidam apenas dos seus interesses. Agem como se nada lhes dissessem respeito, como se os outros só existissem para servi-los, como se viesse apenas deles tudo o que eles são. Estes não refletem porque, nas suas cabeças, o mundo existe para satisfazer os seus desejos. Interessa-lhes sentir, sentir muito, não importa o quê. Consumir adoidado, comer como animais, beber desesperadamente, enfim, saracotear o tempo inteiro. E há os acordados, que “têm um mundo só que é comum”, que estão antenados, “plugados”. Para estes, o “mundo só que é comum” vem a ser a própria realidade, a vida apresentando-se como ela é, desafiadora, sem nunca estar ganha, pondo o homem em situação de ter de tornar-se livre a cada dia. Estão sempre atentos e olham para este mundo de idiotas e oportunistas com estranhamento. Claro que tais digressões decorrem de outros aforismos de Heráclito, cujo fragmento citado no início é apenas uma das linhas de convergência ao seu pensamento. E que a coluna e mais o jornal inteiro seriam insuficientes para explicar o pensador e sua abordagem do mundo. Mas abra o leitor os jornais para saber a quantas anda o país e o que verá é puro Heráclito. 2 – SHOWS SINDICAIS No momento em que estas estão sendo digitadas, a imprensa toda informava que, entre muitas coisas estranhas, a telefônica “Oi” está comprando a “Brasil Telecom” (BrT). O governo federal cortou o orçamento de 2008 ao tempo em que autorizou o Tesouro a dar uma mão ao BNDES. E a Polícia Federal tenta provar que o advogado Ricardo Tosto e sequazes embolsaram dinheiro público (cerca de R$ 80 milhões). Pois bem, enquanto tudo isso estava em curso, na semana passada cerca de 2 milhões de trabalhadores compareceram às festas da Força Sindical (1,5 milhão) e da CUT (500 mil), em São Paulo, para comemorar o “Dia do Trabalho”. A Força diz que gastou R$ 3 milhões na festa, que teve sorteio de 10 carros no valor de R$ 23 mil cada e cinco apartamentos de valor de R$ 50 mil. A programação seguiu com mais de 40 shows gratuitos, de Zezé di Camargo e Luciano a Boka Loka e Frank Aguiar. A festa da CUT não teve sorteios (nem divulgados os gastos), mas contou com outros 30 shows de artistas como Zeca Pagodinho Leci Brandão, Chico César e Negra Li, entre outros. As mesmas pasmaceiras reproduziram-se pelo país inteiro diante de, segundo Heráclito, idiotas acomodados. De tão raras e acanhadas, as manifestações por melhores condições de trabalho e vida digna sequer mereceram registro. Ou seja, são poucos os que se preocupam com denúncias sobre o aviltamento da mão-de-obra, como o trabalho escravo nos rincões do latifúndio. Menos mal porque, ao menos para o pensador de Éfeso, estes estão acordados. Em vigília, porém, estão o banqueiro Daniel Dantas e o empresário Carlos Jereissati, os felizes proprietários da telefônica “Oi” que, em nome dos “interesses nacionais”, vão comprar a concorrente “Brasil Telecom” num negócio da China, porquanto R$ 2,6 bilhões são dinheiro público, do BNDES. Vale dizer que nenhum tijolo será assentado com os R$ 2,6 bilhões de dinheiro público oferecido pelo banco para viabilizar a aquisição. Não haverá garantia de criação de um único posto de trabalho. 3 – LADRÔES A GRANEL Dia 22 o Congresso teve de aprovar um aporte do Tesouro de 12,5 bilhões de reais ao BNDES para que a demanda por dinheiro público seja atendida. Além da bufunfa oferecida a “Oi”, a Vale do Rio Doce (aquela vendida por um terço do valor) levou outros R$ 7,2 bilhões do BNDES. Que, segundo anunciou, agora vai patrocinar um meganegócio de empresários da indústria farmacêutica. Haja dinheiro público. Enquanto isso, em meio à maior epidemia de dengue da história, o Ministério da Saúde sofreu um corte de R$ 2,5 bilhões (quase a mesma quantia oferecida pelo BNDES à “Oi”), equivalente a 6% de seu orçamento. A Educação vai contar com R$ 1,6 bilhão a menos do que o previsto. O ministério das Cidades, responsável por programas de infra-estrutura e de interesse social, levou a pior na tesourada do governo, sofrendo um corte de R$ 2,7 bilhões. E por aí foi. E Ricardo Tosto, leitor, é aquele que foi preso em mais uma dessas operações da PF acusado de chefiar uma quadrilha formada para desviar dinheiro público, veja só, do BNDES, numa falcatrua em que estão envolvidos uma dezena de empresários e, como de costume, uns tantos políticos – entre os quais, ora ora, o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). O que nos querem fazer crer, leitor, é que esse pessoal aí, por ter desviado “dinheiro público”, roubou a mim e a você. Pelo que devemos nos indignar e aplaudir o governo - que cortou o orçamento da saúde. A mim e a você? Nem aqui nem nos cornos da lua. Como prova a pecúnia com que o BNDES enche as burras dos ricaços, isso é dinheiro deles mesmos. Ou seja, isso é ladrão roubando ladrão desde sempre. O seu e o meu eles levam de qualquer maneira. Se não é Ricardo Tosto & Cia., são os Dantas e os Jereissati. Por falar nisso, a “Oi” é sócia do filho do Presidente da República, Fábio da Silva, em uma produtora de TV. Ou seja, quem ainda acredita nisso que está aí é quem foi aos shows do 1º de Maio. Que é, desgraçadamente, a maioria. Afe!
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