Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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*1 – IMPRENSA OCUPADA *Afora o presidente da Casa, Neodi Oliveira (PSDC) - e nem tanto pelas elevadas altitudes das funções, mas, sobretudo, pela natureza das iniciativas tomadas para recompor a instituição-, apenas o deputado Alexandre Brito (PSDC) tem se destacado na imprensa para valer. Se isto resultará bom ou ruim para ele, é cedo para dizer. Ainda mais que não há como concluir que as notícias mais bombásticas de que tem sido objeto foram decorrentes da deliberação pessoal e calculada de produzi-las com o único propósito de ocupar os espaços nos veículos de comunicação – como deram a aparência de sê-lo o anúncio de que disputaria a presidência da ALE e a denúncia de supostos fatos graves sobre um grande sindicato. Uma, pelo menos, resultou de incontinências tornadas públicas à sua revelia – como a conversa em plenário captada por tecnologias impertinentes. *Acerca desta, aliás, ressalve-se que o parlamentar parece ter entrado na história como Pilatos no Credo, porque nada há em seus diálogos que o comprometam no sentido que se pretendeu conferir às suas lamúrias. Calhou, entanto, da gravação ter sido feita no mesmo dia em que o deputado Maurão de Carvalho (PP) falou para o deputado Miguel Sena (PV) nos tais “trintinha”. Que, até pelo uso do diminutivo, pelo volume/entonação da voz e pela natureza pública do recinto, aparenta mais ter sido um gracejo do que qualquer outra coisa. Mas como falar de corda em casa de enforcado jamais soou muito bem, sucedeu de o gaiato estar no lugar errado para tiradas desse jaez. Deu no que deu. *Caso a primeiro palpite esteja correto, ou seja, na hipótese de que Alexandre Brito esteja vendendo gato por lebre apenas para escalar o noticiário, o prefeito César Maia (PFL), do Rio de Janeiro, acaba de ganhar mais um seguidor no que diz respeito ao talento para produzir “factóides”. Que, na síntese, vem a ser, segundo o Aurélio, fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo, no propósito deliberado de gerar impacto diante da opinião pública e influenciá-la. *2 – ESTUDO DE CASO *"O objetivo era ser conhecido pelos brasileiros". Como anota Rômulo Gomes no ensaio “O Estado do Espetáculo”, assim começa “Notícias do Planalto”, a narrativa do jornalista Mário Sérgio Conti que demonstra como a participação e uso calculado da mídia puderam eleger presidente o agora senador Fernando Collor de Mello. Segundo Conti, Collor construiu uma mensagem de apelo à caça de marajás e serviu-se da espetacularização para enviar este conteúdo ao público. Até onde a vista alcança, terá sido a sucessão de factóides por atacado mais bem sucedida da história do país. *E, no caso em questão, nem foi assim tão difícil. Detentora de um poder inquestionável, a família de Collor, para começar, tinha (tem) a posse de grande aparato de comunicação no seu Estado. Obteve sucesso "porque soube propagandeá-la na campanha eleitoral e, antes dela, no jornal nas rádios e na televisão de sua família, dona do mais poderoso grupo de comunicação de Alagoas". Segundo Conti, este foi o princípio catalisador da campanha presidencial. Mais do que isso, o autor afirma que Collor deveria ganhar expressão nacional em revistas, televisão e outros meios de grande prestígio porque, no seu caso, também "tinha o que os jornalistas caçavam: notícias". *Mas como observou o jornalista Otavio Frias Filho tempos atrás, os críticos têm lá suas razões de implicar com essa política de ‘factóides’, irrelevâncias e pirotecnias com intenso apelo popular. Aliás, é importante que seja criticada. Porém, conforme explica, é um erro considerá-la um aspecto apenas ornamental e secundário, como no passado, pois ela se tornou o próprio cerne da política na chamada sociedade midiática. Numa cultura dominada por imagens – sustenta - a forma de comunicação do político profissional não é mais o palanque, o discurso, o programa, mas isso que se passou a chamar de ‘factóide’. Quando compreendido e decifrado, assegura, o ‘factóide’ pode revelar mais do que debates supostamente programáticos. Não obstante – provoca -, uma questão se impõe: estará a imprensa equipada para ir além da superficialidade do factóide, não para ignorá-lo, mas para explicar o que revela ou oculta? A ver. *3 – ESTRATÉGIA ARRISCADA *Divagações à parte, o certo é que quando Alexandre Brito se dispôs esclarecer sobre as tais ansiadas denúncias, na manhã desta quinta-feira (15), ao ocupar a tribuna na sessão inaugural da legislatura, ficou aquém das expectativas que gerara. Muito aquém. Sobretudo porque, nesse mister – o de criar um clima – foi superlativamente ajudado pelos dirigentes sindicais que, estranhamente, trataram de promover ações para desqualificar suas anunciadas revelações sem ao menos conhecê-las, mas apenas apostando na mediocridade delas. Em que importe o jogo ganho, o arroubo preventivo não deixou de ser injustificado, mas pode ser explicado pela exacerbação do corporativismo – como seria de esperar de um magote de dirigentes sindicais agindo em defesa do coletivo das suas entidades. *Enfim, tirante um ou outro detalhe irrelevante, o discurso de Alexandre Brito sobre os sarrabulhos do Sintero não passou de material reciclado, o que não significa que não possam gerar desdobramentos eventualmente comprometedores mais adiante. Aliás, o deputado prometeu ir fundo nas investigações, em que pesem objeções levantadas por sindicalistas e parte da imprensa sobre sua competência nessa seara. *Tudo bem medido, bem pesado e bem coado, no curto prazo o deputado terá saído do episódio no lucro – evidentemente tomando o discurso desta quinta-feira como encerramento de pelo menos uma etapa do imbróglio. Afinal, se é verdade que suas denúncias terminaram revelando um factóide, este terá cumprido sua finalidade a contento, porquanto a polêmica pré-carnavalesca que girou em torno de Alexandre Brito ocupou todos os espaços da imprensa do pedaço – com destaque para os sites de notícia. *A estratégia, no entanto, é para lá de arriscada. Deu certo uma vez para Collor, tem ajudado a César Maia e se prestado à promoção de mais uma pá de políticos espertos. Em comum, todos têm, de um modo ou de outro, servido a imprensa com o prato que mais apetece o setor – as notícias. Algo acerca de que, até agora, Alexandre Brito deixou a desejar. *VEJA TAMBÉM: * Roraima - Comparsa de Ratinho é morto pela polícia * Acre - Assaltantes espancam e amarram aposentado de 85 anos
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