Política em Três Tempos: Por Paulo Queiroz

Política em Três Tempos: Por Paulo Queiroz

Política em Três Tempos: Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

1 – COPA BRASILEIRA Pena que a apresentadora Ana Maria Braga não haja entendido bulhufas e tenha desandado a fazer perguntas impertinentes. Quis, por exemplo, saber se, em tendo se apresentado como candidato único para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014, o Brasil teria como não ser escolhido na eleição realizada na sede da Fifa, nesta terça-feira (30), em Zurique, na Suíça. O programa vai ao ar logo nas primeiras horas da manhã, mas até aquele momento, com o assunto na pauta desde a semana passada, a Globo jamais deixara claro essa questão. Pelo contrário. A emissora – e não apenas ela, conceda-se – fez parecer que algo de imponderável estava para acontecer na Suíça, tentando envolver o telespectador numa corrente de torcedores, se não para criar um falso clima de suspense, ansiedade e emoção inenarrável, ao menos para justificar o tamanho e a qualificação da delegação brasileira que foi dar uma força à candidatura (?) do país, aí incluído o Presidente da República, uma pá de ministros, 12 governadores, políticos diversos, cartolas especialmente convidados do capo Ricardo Teixeira e celebridades várias destes trópicos inimputáveis – a maioria estrelas globais, mas permeada pelo escritor esotérico Paulo Coelho e o único jogador de futebol do mundo ainda em atividade depois dos 40 anos de idade: o atacante, técnico e estátua Romário. Enfim, o auditório de 200 lugares da Fifa ficou lotado até nos corredores. Impressionado com o tamanho da delegação, o jornalista Jonathan Wheatley, do jornal londrino “Financial Times”, aventou que isso certamente devesse refletir o sentimento de alegria experimentado pela maior nação futebolística do mundo com o fato da Copa estar, finalmente, voltando ao país 57 anos depois da competição de 1950 - quando cerca de 200 mil pessoas lotaram o Maracanã, com capacidade para 174 mil, para assistir o Brasil começar o segundo tempo vencendo por 1 a 0 e, depois, levar a virada de 2 a 1 do Uruguai na final. A competição de 2014, espera-se, enterrará o trauma de uma vez por todas. 2 – EXEMPLO DO PAN Mas o tamanho da delegação também indica - conforme observou ainda o astuto Jonathan Wheatley - o que mais se pode esperar desta oportunidade de o país sediar a Copa - muita farra. Dezoito cidades por todo território do Brasil estão disputando para ser uma das 10 ou 12 sedes de jogos. A Fifa quer 10 cidades, mas a CBF quer convencer a ter 12, alegando que o Brasil é um país muito grande e gostaria de agradar a todas as regiões com uma ou mais sedes. Nenhuma delas conta com um estádio que atenda, hoje, a todas às especificações da Fifa, de forma que uma série de projetos de construção e reformas é iminente, com todas as possibilidades de corrupção que obras de tal tamanho costumam oferecer. Uma amostra do que poderá ocorrer pôde ser vislumbrada nos Jogos Pan-Americanos realizados no Rio, em julho. Em seu projeto original, de 2002, o Pan custaria modestos R$ 408 milhões. Ficou em cerca R$ 3,6 bilhões, um gasto 882% acima do valor inicial. Só o governo federal bancou uma gastança de R$ 1,6 bilhão na preparação dos jogos, 10 vezes mais do que previa. As obras do Maracanã, de responsabilidade do Governo do Estado, subiu do custo inicial de R$ 71 milhões, para R$ 232 milhões. As obras do Engenhão, feitas pela Prefeitura, também tiveram um aumento assustador, e custaram mais de R$ 350 milhões. E por aí foi. Quer dizer, em empreendimentos públicos dessa magnitude tem beirada federal, estadual e municipal. Tudo com acompanhamento das cortes de contas de cada esfera – TCU, TCE e TCM -, que produziram relatórios trimestrais nos dois anos e meio anteriores à realização do evento. Depois da festa, em apenas um dos contratos investigados - aparelhos de ar condicionados e assentos plásticos que não foram entregues - com quase 90% do pagamento já quitado, a União ficou com R$ 7 milhões de prejuízo. Imagine o leitor o país se preparando para sediar uma Copa do Mundo com obras em 10 ou 12 cidades? É, como diria o apresentador daquele quadro do “Fantástico”, muita história. 3 – ALARMES SONOROS Ainda tomando como referência os jogos do Pan, menos mal que as tragédias anunciadas terminaram não se confirmando. Como se recorda, muitos previam um desastre de organização, mas os jogos transcorreram surpreendentemente bem. Da mesma forma, graças ao policiamento pesado e a presença de tropas nas ruas, a criminalidade foi contida. Bem verdade que o policiamento pesado pode até conter o crime municipal. Mas repetir tal façanha em até uma dúzia de cidades será bem mais complicado. Ademais, teme-se que aqueles que dirigem o futebol brasileiro tentarão construir estádios grandiosos para o campeonato. Diz-se que Ricardo Teixeira já andou comentando que a competição não usará os dois maiores estádios do Brasil - o Maracanã no Rio e o Morumbi em São Paulo - a menos que sejam demolidos e reconstruídos. Sirenes de alarme estão soando na imprensa diante da formação do comitê organizador, presidido por Teixeira. Os comentaristas já denunciam que os estatutos do comitê o deixam explicitamente livre de supervisão e interferência do governo - apesar de que dinheiro público será gasto em grande parte das obras. Também há dúvidas sobre a capacidade da infra-estrutura de transporte do Brasil ser capaz de lidar com o grande afluxo de turistas que cruzarão o país de um lado a outro. A crise da aviação ainda assusta. Em seu blog, ao comentar a folia dos brasileiros em Zurique após o anúncio da Fifa de que o Brasil será a sede da competição em 2014, um dos mais respeitados e experientes jornalistas esportivos do país, Juca Kfouri, comentou: “Que esta farra não seja o prenúncio de uma outra pior, com dinheiro público, para organizar a Copa. Uma Copa que todos queremos e que podemos organizar, desde que do tamanho das nossas pernas, sem querer parecer um país que não somos. O problema está em quem vai comandar a organização dela - o mesmo cartola que até hoje não se desvencilhou de processos abertos contra ele por causa da CPI do Futebol, no Senado Federal”. Então, tá! *VEJA EDIÇÃO ANTERIOR: * Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz * Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Na sua opinião, qual companhia aérea que atende Rondônia presta o pior serviço?
Você ainda lê jornal impresso?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS