EXCLUSIVO - Polícia localiza caminhão roubado na capital atolado na Bolívia, veiculo não pode ser resgatado sob ameaça de conflito internacional

Juizes, promotores, legisladores e empresários bolivianos fazem parte do grupo que dá sustentação aos traficantes internacionais que levam veículos brasileiros para trafegar na “republiqueta de cocaína”.

EXCLUSIVO - Polícia localiza caminhão roubado na capital atolado na Bolívia, veiculo não pode ser resgatado sob ameaça de conflito internacional

Foto: Divulgação

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O caminhão roubado dentro da Auto Elétrica Ravani nesta ultima terça-feira (25), foi localizado pelas autoridades brasileiras próximo ao município de Nova Mamoré, 280 km de Porto Velho, mais precisamente na margem Oeste do Rio Madeira, dentro da Republica da Bolívia.
 
O caminhão baú, marca Volkswagen/8150, placa NBH 5504 de cor roxa, pertencente a empresa de produtos alimentícios Nutri Mais está atolado na entrada de uma estrada vicinal na Bolívia após ter sido atravessado por uma balsa clamdestina.
 
Segundo informações obtidas pela equipe de reportagem do RONDONIAOVIVO a polícia brasileira já confirmou se tratar do caminhão roubado em Porto Velho, porém não pode atravessar o rio para ir buscá-lo. Um dos principais temores é que um conflito comece na fronteira caso as autoridades brasileiras se aproximem para resgatar o caminhão, pois já foi passada a informação que milícias fortemente armadas ficam alojadas na floresta boliviana e impedem qualquer contato de embarcações oficiais brasileiras.
 
Para piorar o cenário, este tipo de comércio criminoso é uma mão de via dupla. Vão carros, motos e caminhões. Volta para o Brasil como pagamento aos marginais, cocaína, crack e armas de grosso calibre. As autoridades bolivianas na região de Guayara-Mirim e Riberalta são coniventes com a prática criminosa. Juizes, promotores, legisladores e empresários bolivianos fazem parte do grupo que dá sustentação aos traficantes internacionais que levam veículos brasileiros para trafegar na “republiqueta de cocaína”.
 
Enquanto isso os proprietários do caminhão aguardam uma definição para saber qual procedimento que será tomado para que o veículo seja retirado do território boliviano e devolvido ao seu dono de direito.
 
SAIBA MAIS SOBRE A RECEPTAÇÃO BOLIVIANA
 
Em 2008, o Rondonaovivo publicou uma reportagem especial sobre o assunto. Confira abaixo:
 
O roubo e o furto de veículos em Rondônia chegaram a índices alarmantes, com diversas ocorrências diárias registradas nas delegacias de todo o estado. Em muitos casos, a vítima acaba 
sendo assassinada para a subtração do bem. De acordo com especialistas em segurança, o crescimento da ação de quadrilhas especializadas neste tipo de crime em Rondônia se deve ao fato da receptação dos veículos por parte de cidadãos bolivianos, que se apóiam em autoridades e leis que são coniventes com o roubo no Brasil.
 
Rondônia possui 1.342 quilômetros de fronteira com a Bolívia, sendo toda aquática, composta pelos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Não existe uma ponte para dar acesso ao país vizinho, sendo utilizado barcos e balsas para se fazer a travessia.
 
A reportagem do Rondoniaovivo.com esteve em Guayará-merim (BO), cidade fronteiriça com o estado, distante 365 km da capital, Porto Velho. No município boliviano é grande a quantidade de carros e motos de fabricação brasileira que circulam na cidade. Muitos ainda estão sem placas. Outros já exibem a placa local, indicando que o veiculo já foi nacionalizado pela Aduana Nacional Boliviana, dentro de um programa nacional de regularização de veículos “indocumentados”.
 
ADUANA
 
Diferente da América Latina que mantém um comércio regular de veículos automotores, com altos índices de importação da indústria automobilística brasileira, a Bolívia, que possui uma frota de aproximadamente 750.000 veículos, apresenta números pífios no quesito importação legal de carros e motos. Uma informação relevante é de que a Bolívia não possui nenhuma indústria automobilística instalada no país, dependendo da “importação” para suprir a demanda por automotores.
 
No site da Anfavea – Associação Nacional Fabricantes de Veículos Automotores, só estão disponíveis os dados de exportação regular e legal de veículos zero quilometro para o país vizinho, referente aos anos de 2003 e 2004. Neste período a Bolívia importou do Brasil pouco mais de 500 veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em 2003, foram 191 unidades. Já em 2004, 288 automotores brasileiros ingressaram no país. Vale ressaltar que na Bolívia, existe o recurso legal de importar carros usados, o que diminui a venda de autos zero quilometro.
 
Em contraste com a pequena quantidade de importação legal, segundo a edição do Jornal Boliviano Los Tiempos de 26/11/06, a Aduana Nacional, através do programa nacional de regularização de veículos, legalizou nos últimos doze anos, 141.674 unidades de veículos sem documentos (ilegais), o que dá uma média de 12.000 carros e motos por ano.
 
ROUBO CARROS
 
O roubo dos carros em solo Brasileiro tem início no país vizinho, com a encomenda por parte de receptadores profissionais, que funcionam como garagistas de carros usados. O interessado procura o “comerciante” e faz a encomenda. (Quero um Crossfox, vermelho). O elemento então faz contato com marginais brasileiros para passar os pedidos. De posse da encomenda, os marginais furtam ou roubam o proprietário do carro (muitas vezes mantendo a vítima em cativeiro durante o tempo necessário para se chegar a Bolívia).
 
De posse do veiculo começa a maratona para burlar a pouca fiscalização policial nas rodovias de acesso a fronteira. Os “puxadores” também utilizam ramais e estradas vicinais para a rota de fuga.
 
A mais conhecida é a estrada da “Maria Conga”, que faz o desvio do posto da Policia Rodoviária Federal no Km 48 da Br 364, sentido Guajará. Uma estrada que vem de Buritis e dá acesso à União Bandeirantes também é utilizada por marginais.
 
ROUBO MOTOS
 
O roubo e o furto de motocicletas no estado abastece o mercado boliviano, que não possui indústria motociclística instalada no país. Em Rondônia, principalmente no interior, a moto é o meio de transporte mais utilizado pelos trabalhadores e agricultores , geralmente de baixa cilindrada (125/150cc). Segundo dados de revendedores locais, 90% das motos são adquiridas no estado através de consorcio e financiamento bancário. A ação das quadrilhas internacionais já levou muito trabalhador a ter seu nome inserido no Serasa por falta de pagamento das parcelas da moto roubada.
 
Uma quadrilha especializada em roubos de motocicletas (Honda, boliviano não compra outra marca) criaram uma outra alternativa para burlar a polícia. Eles atravessam com as motos a balsa da BR319, sentido Humaitá. Após poucos quilômetros, entram no ramal do Jatuarana, onde chegam até as proximidades de Jaci-Paraná.
 
No distrito de Jaci, uma voadeira atravessa o Rio Madeira com as motos, onde pela Br 364 seguem viagem até Vila Nova. Na cidade, os puxadores novamente atravessam o Rio Madeira, desta vez, sentido Bolívia.
 
Além da ponta do Iata, local tradicional de travessia de carros, motos e caminhões, em Guajará-Mirim, duas praias no Rio Mamoré são utilizadas para a travessia de motos. Uma é a praia do Acácio, próximo do centro da cidade. Outra, na estrada do matadouro completa as rotas de fugas dos marginais brasileiros.
 
Um agravante do negócio entre os receptadores bolivianos e marginais brasileiros é a moeda de troca. Normalmente trocam-se os veículos por drogas e armas, o que acaba aumentando a violência no estado.
 
Na época da publicação da matéria especial, a Polícia Civil, em parceria com a Polícia Militar executava a operação São Cristóvão , de combate e repressão ao crime nas rodovias que dão acesso à Bolívia. Utilizando agentes do Denarc – delegacia de Narcóticos, da delegacia de furtos e roubos de veículos, da delegacia de patrimônio e policiais militares, a operação conseguiu baixar o índice de roubo á veículos na capital. A operação tinha data definida para acabar e com seu fim, o roubo voltou aos patamares anteriores.
 
CONIVÊNCIA
 
Após o veiculo entrar em solo boliviano, ele é rapidamente nacionalizado numa operação simples realizada pela Aduana nacional. O “comprador” recolhe os encargos relativos ao trâmite burocrático e já sai com a placa boliviana. Já houve casos em que entre o roubo em Porto Velho e a nacionalização boliviana, menos de 24 horas se passou.
 
As dificuldades judiciais impostas pela justiça boliviana para quem tentar resgatar um carro são imensas. Sempre que algum brasileiro entra no poder judiciário daquele país, com uma ação contra um boliviano, tentando resgatar um bem, nos 100% dos casos, as autoridades do país dão ganho de causa para o nativo.
 
SEGURO
 
O golpe do seguro aplicado em seguradoras por proprietários mancomunados com marginais também fornece uma boa parte da frota boliviana. Geralmente estes carros vêm de outros estados.
 
O golpe funciona da seguinte forma. O proprietário entrega o carro para um “puxador”, que traz o carro até a fronteira com a Bolívia. Após a travessia, o bandido dá um telefonema para o proprietário, que faz o registro de ocorrência de furto simples do carro. Na gíria policial, diz-se que o cara “berra”, numa alusão ao cabrito, apelido do veiculo furtado.
 
A recuperação dos carros roubados que atravessam a fronteira não está na lista de prioridades das seguradoras. Normalmente as companhias de seguro não mandam investigadores atrás dos carros, muito menos ingressam na justiça boliviana tentando reaver seu bem. Para as companhias é mais fácil aumentar o valor da apólice.
 
Vale ressaltar que a reportagem apurou que os veículos oriundos do golpe do seguro têm um valor mais alto no comércio do país vizinho em comparação aos provenientes de furto e roubo a mão armada. Segundo fontes, a preferência é por questões de segurança, já que os bolivianos têm certeza que as seguradoras não vão atrás do s carros, diferente de proprietários que moram na região e podem causar “problemas”.
 
Em razão da grande incidência de roubos em Rondônia, o seguro para autos no estado é um dos maiores do Brasil. Numa simulação envolvendo uma camionete L 200 (objeto do desejo dos bolivianos), ano 2006/ 2007, 3.0, HPE, o seguro custa R$5.587,00 por ano. Numa mesma projeção, se o veiculo fosse segurado em Natal (RN), o valor cairia para R$4.110,00. A diferença de quase 40% dos valores cobrados pelas seguradoras está diretamente ligada à receptação boliviana.
 
HERÓI OU BANDIDO
 
Uma solução é mandar roubar novamente seu carro ou camionete. Existem em Porto velho, pessoas “especializadas” em roubar novamente o carro e traze-lo de volta. O valor de tal operação fica em torno de R$ 5.000,00 e não se tem garantia de sucesso.
 
O comerciante Marcos Mota (Max), 43 anos, teve uma motocicleta Honda Falcon 400cc, furtada em Porto Velho no ano de 2002. Indignado, Max contatou um conhecido do país vizinho que lhe deu a “fita” de onde a moto se encontrava. Numa ação ousada, o comerciante entrou no país vizinho, alugou uma escopeta calibre 12 e foi de madrugada para a casa onde se encontrava seu veiculo. Assim que o receptador abriu o portão pela manhã, Max invadiu de arma em punho e fez reféns, além do boliviano, sua esposa e uma criança. Após amarrar a família, Max empreendeu fuga em direção ao Rio, com o intuito de atravessar a moto de volta para o Brasil.
 
No meio do rio, Max foi interceptado por policiais bolivianos que o prenderam. Durante seis horas, Mota ficou em poder da polícia local, só sendo liberado porque o “receptador” (sob ameaça de morte) garantiu para o promotor (fiscaliza) que ele havia devolvido a motocicleta para o “gringo” por livre e espontânea vontade. Assim, agindo como bandido, Marcos conseguiu resgatar seu veículo. 
 
MARINHA
 
Em toda a extensão da fronteira rondoniense com a Bolívia, apenas uma agencia fluvial da Marinha do Brasil, baseada em Guajará-Mirim cuida da segurança nacional. De acordo com o capitão Roseno, oficial responsável, a agência conta com um efetivo de nove pessoas, entre marinheiros e oficiais e não tem poder de polícia. “Quando encontramos algum ilícito no porto, comunicamos a Polícia Federal para fazer a prisão” disse o capitão.
 
POLÍCIA RODOVIARIA FEDERAL
 
No estado temos duas rodovias federais que dão acesso ao país vizinho. A BR 364, através de um entroncamento a cerca de 140 km da capital e a BR 429, que liga a BR 364 a Costa Marques no vale do Guaporé.
Segundo informações da Superintendência na região, a PRF conta com 220 patrulheiros para os estados de Acre e Rondônia, divididos em postos e delegacias espalhados pela BR 364. A BR 429 não conta com postos fixos nem com a patrulha móvel da PRF, sendo alegado como principal motivo, a falta de pavimento da rodovia.
 
Um projeto em estudo, pode vir a brindar Rondônia com um esquadrão aéreo da PRF, com a utilização de um helicóptero, o que teoricamente poderia auxiliar no combate ao crime de roubo de veículos na fronteira. De acordo com informações prestadas pelo departamento de comunicação social da entidade, a repressão ao crime nas BRs sob jurisdição da 21ª delegacia tem alcançado índices positivos. Em 2005 foram 67 veículos nos estados de Rondônia e Acre. Em 2006, 84 veículos e em 2007, 13 veículos (de janeiro até dia 9/3) voltaram para seus proprietários.
 
POLICIA FEDERAL
 
O departamento de Polícia Federal em Rondônia possui apenas uma delegacia em toda a extensão da fronteira com a Bolívia. Em Guajará-Mirim estão lotados cerca de 20 Federais, entre agentes, escrivães e delegados. Os equipamentos disponíveis para o combate ao crime, como lanchas, viaturas e outros não foram divulgados por questões de segurança. Os municípios de Costa Marques e outros povoados ribeirinhos não têm plantão da PF apesar de serem constantes às operações na área de fronteira.
 
SOLUÇÕES
 
A solução para tentar minimizar a ação da máfia boliviana em território nacional passa por ações de âmbito federal, numa possível negociação entre a Republica Federativa do Brasil e a Republica Boliviana, que envolve desde a assinatura de um acordo ou tratado de devolução amigável, como também uma tomada de posição firme do Brasil e exigindo a devolução através de operação militar.
 
Ações do Governo estadual podem ser executadas, como a criação de um grupo especial de polícia de fronteira, a exemplo do Mato Grosso. O estado vizinho após a criação da força tarefa, denominado Gefron – Grupo Especial de Fronteira – conseguiu diminuir sensivelmente a atuação de bandidos internacionais em seu território.
 
O que não pode e não deve se admitir é o incentivo do crime no Brasil por parte de autoridades da Bolívia.
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