Uma investigação conjunta envolvendo dois policiais civis e um sargento da Polícia Militar, no Município do Bonfim, terminou em tragédia ontem à tarde. O servidor administrativo da União, Vanderval Mendes Coutinho, 46, que estava cedido para a Secretaria de Segurança Pública e exercia a função de policial na Delegacia de Bonfim, foi assassinado com dois tiros na cabeça e teve a garganta cortada.
O colega dele, que é policial civil concursado, Gerland Costa Silva, foi baleado em uma das mãos e o sargento da Polícia Militar Paulo Afonso, também foi ferido de raspão na cabeça com um tiro.
Segundo a versão passada pela polícia, o assassinato do policial ocorreu na maloca do Manoá, a 45 quilômetros de Bonfim, no início da tarde de ontem, quando os policiais faziam a apreensão de duas motocicletas sem documento encontradas em poder de Devalvir e Delcir Laurentino da Silva.
O delegado Wulpslander Trajano explicou que havia expedido ordem de missão ao policial Gerlad para que investigasse uma denúncia de furtos de gado e de motocicleta na região da maloca indígena, onde possivelmente os suspeitos estariam escondidos. “Quando o policial saía acompanhado do sargento na viatura, o servidor Vanderval resolveu ir junto”, disse o delegado.
Quando a equipe chegou à maloca viu os suspeitos de posse de duas motos parados próximos de uma casa. Foi feita a abordagem e solicitados os documentos dos veículos, mas Devalcir e Delcir informaram que não tinham.
Durante uma revista na residência, os policiais encontraram uma cobra jibóia que era criada em cativeiro. Eles informaram ao proprietário do animal que seria conduzido à delegacia em Bonfim para responder por crime ambiental. Também as motocicletas seriam apreendidas.
No entanto, nesse momento, de forma traiçoeira e inesperada, um adolescente de idade entre 13 e 14 anos atacou Vanderval por trás e, armado com uma faca, desferiu um golpe no pescoço do servidor público. Em seguida, pegou um revólver que a vítima portava e ainda deu dois tiros em sua cabeça. Os outros dois policiais tentaram reagir, mas também foram atacados por Devalcir e Delcir. Eles travaram luta corporal e, de acordo com o sargento, sua arma acabou sendo tomada por um dos elementos, que também passou a atirar contra a equipe policial.
Ontem à tarde, por telefone, o sargento Paulo Afonso lembrou que, antes de ser atacado e entrar em luta corporal com um dos elementos, ele sacou seu revólver para reagir contra o adolescente, mas a arma não disparou. Durante o tiroteio provocado pelos acusados, ele acabou ferido de raspão na cabeça e o policial civil Gerlad foi ferido em uma das mãos. Devalcir, Delcir e o adolescente ainda atiraram contra a viatura da polícia e depois fugiram correndo para dentro da mata.
O sargento e o policial civil ainda tentaram socorrer o colega ferido, mas Vanderval já estava morto. A equipe do IML (Instituto de Medicina Legal) foi para a maloca junto com os peritos da Polícia Técnica e o corpo do servidor foi trazido para o instituto. À noite foi feito exame de necropsia e depois o corpo seria liberado para os familiares.
CAÇADA – Depois da notícia do tiroteio e morte do policial, as cúpulas das polícias Civil e Militar ordenaram uma caçada aos criminosos, que contou até com a ajuda de um helicóptero para sobrevoar a região.
De acordo com informação da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança, nove equipes de policiais foram para a região, sendo sete da Polícia Civil e duas da Polícia Militar. Apesar de todo esse aparato, até o fechamento da matéria, às 20 horas, nenhuma notícia da prisão dos acusados chegou para a imprensa.
VERSÃO – Outra versão para o crime já estava sendo contada ontem à noite em Boa Vista, extra-oficialmente. Segundo algumas pessoas que aguardavam a liberação do corpo do policial assassinado, os três acusados do crime já haviam sido presos e estavam sendo levados dentro da viatura quando teriam iniciado uma briga dentro do carro.
Os policiais teriam parado e Vanderval desceu e foi para trás da viatura, ocasião em que foi atacado e teve a garganta cortada por uma faca usada pelo agressor. Em seguida, sua arma foi tomada e ainda foi atingido com os tiros.