O tenente-coronel Paulo Lhamas protocolou ontem à noite, por volta das 19 horas, na 1ª Vara Criminal, o pedido de prisão preventiva contra o sargento da Polícia Militar Valfreres Souza de Moura, 43, acusado de tentar matar a tiros o soldado Electo Fontinelli Nobre, na quarta-feira, na porta da casa da vítima, no Parque Residencial Caçari. O pedido foi encaminhado à juíza Lana Leitão, que preside a Justiça Militar no Estado. A expectativa é de que nas próximas horas a magistrada decrete a prisão do militar.
Devido à repercussão que o crime causou, o militar acabou se entregando espontaneamente no Comando de Policiamento da Capital (CPC). Após ser ouvido pelo tenente-coronel Paulo Lhamas, corregedor da corporação, ele foi recolhido à prisão militar no próprio quartel por determinação expressa do coronel Márcio Santiago, comandante-geral da Polícia Militar.
O sargento se apresentou no CPC acompanhado do advogado Mamed Abrão e, a exemplo do que tinha feito no dia anterior na Delegacia-Geral de Homicídios, quando também se apresentou espontaneamente, não falou nada sobre a acusação que pesa contra ele e se reservou ao direito de só se manifestar em juízo.
Conforme o corregedor Paulo Lhamas, a prisão de Valfreres Moura ocorreu com base no regulamento militar. Explicou que, além de cometer um crime comum, o sargento cometeu infração administrativa disciplinar.
O coronel informou que já foi aberto o IPM (Inquérito Policial Militar) que vai investigar o caso envolvendo o sargento. Disse ainda que, além do militar acusado, já ouviu outros colegas de farda que estavam sendo ameaçados pelo sargento e, na próxima semana, deverá ouvir novas pessoas.
DEFESA – O advogado de defesa Mamed Abrão conversou com a Folha por telefone e disse que vai analisar o regulamento militar para poder impetrar um recurso pedindo que o sargento seja solto.
LISTA – A Folha recebeu um e-mail anônimo que reforçou as denúncias contra o sargento Valfreres. Informou que o militar já apresentava problemas desde 2005 e presenciou um fato em que o sargento se desentendeu com outro soldado no Parque Anauá, tirou o revólver do coldre e ficou ameaçando o colega de morte. Depois disso surgiram mais desentendimentos com outros praças.
Além do soldado Fontinelli, outros seis militares, sendo mais três soldados, um cabo e dois sargentos, estavam listados para serem supostamente mortos por ele.
Comando desconhecia problemas com sargento
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Márcio Santiago, contestou as declarações de policiais da corporação feitas anonimamente ao jornal de que o sargento Valfreres Souza de Moura, acusado de tentar matar a tiros o soldado Electo Fontinelli Nobre, teria procurado o Comando para informar que estava passando por problemas particulares.
Também disse desconhecer qualquer informação de que o acusado estivesse trabalhando estressado e criando problemas até mesmo com colegas de farda. O comandante disse que ano passado Valfreres concluiu o curso de sargento normalmente e passou por uma inspeção de saúde, sendo considerado hábil para o exercício da função.
“Jamais eu deixaria um praça ir para a rua se apresentasse algum distúrbio ou outro tipo de problema. Infelizmente ocorreu esse fato lamentável envolvendo ele e o soldado. Agora, depois disso, estão surgindo estas denúncias. Já determinei ao tenente-coronel Lhamas, corregedor da Polícia Militar, que investigue o que aconteceu e posso garantir que o caso será apurado com o rigor que ele merece”, afirmou.
NOTA – No texto da edição de ontem, que teve como título “Sargento PM tenta matar soldado a tiros” o repórter Nonato Sousa esclarece que no trecho em que o coronel Amaro Júnior, comandante do CPC (Comando de Policiamento da Capital), fala sobre o caso, ficou entendido que ele teria conhecimento de problemas envolvendo o sargento, mas na verdade a frase ficou incompleta faltando a palavra “não”.
A frase correta é a seguinte: “Ele informou que está à frente do CPC há pouco mais de um mês e não tomou conhecimento de algo envolvendo o sargento. Inclusive conversou com a psicóloga que trabalha para a corporação, mas esta disse que nunca atendeu o sargento”.