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Todas as fotos que integram esse Especial foram tiradas pela reportagem em Guayará-merim, onde mostram veículos (carros e motos) sem placas e outros já nacionalizados através do programa nacional boliviano de regularização de veículos.
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*O roubo e o furto de veículos em Rondônia chegaram a índices alarmantes, com diversas ocorrências diárias registradas nas delegacias de todo o estado. Em muitos casos, a vítima acaba sendo assassinada para a subtração do bem. De acordo com especialistas em segurança, o crescimento da ação de quadrilhas especializadas neste tipo de crime em Rondônia se deve ao fato da receptação dos veículos por parte de cidadãos bolivianos, que se apóiam em autoridades e leis que são coniventes com o roubo no Brasil.
*Rondônia possui 1.342 quilômetros de fronteira com a Bolívia, sendo toda
aquática, composta pelos rios Guaporé, Mamoré e Madeira. Não existe uma ponte para dar acesso ao país vizinho, sendo utilizado barcos e balsas para se fazer a travessia.
*A reportagem do
Rondoniaovivo.com esteve em Guayará-merim (BO), cidade fronteiriça com o estado, distante 365 km da capital, Porto Velho. No município boliviano é grande a quantidade de carros e motos de fabricação brasileira que circulam na cidade. Muitos ainda estão sem placas. Outros já exibem a placa local, indicando que o veiculo já foi nacionalizado pela Aduana Nacional Boliviana, dentro de um programa nacional de regularização de veículos “indocumentados”.
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ADUANA
*Diferente da América Latina que mantém um comércio regular de veículos automotores, com altos índices de importação da indústria automobilística brasileira, a Bolívia, que possui uma frota de aproximadamente 750.000 veículos, apresenta números pífios no quesito importação legal de carros e motos. Uma informação relevante é de que a Bolívia não possui nenhuma indústria automobilística instalada no país, dependendo da “importação” para suprir a demanda por automotores.
*No site da Anfavea – Associação Nacional Fabricantes de Veículos Automotores, só estão disponíveis os dados de exportação regular e legal de veículos zero quilometro para o país vizinho, referente aos anos de 2003 e 2004. Neste período a Bolívia importou do Brasil pouco mais de 500 veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Em 2003, foram 191 unidades. Já em 2004, 288 automotores brasileiros ingressaram no país. Vale ressaltar que na Bolívia, existe o recurso legal de importar carros usados, o que diminui a venda de autos zero quilometro.
*Em contraste com a pequena quantidade de importação legal, segundo a edição do Jornal Boliviano
Los Tiempos
de 26/11/06, a Aduana Nacional, através do programa nacional de regularização de veículos, legalizou nos últimos doze anos, 141.674 unidades de veículos sem documentos (
ilegais), o que dá uma média de 12.000 carros e motos por ano.
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ROUBO CARROS
*O roubo dos carros em solo Brasileiro tem início no país vizinho, com a encomenda por parte de receptadores profissionais, que funcionam como garagistas de carros usados. O interessado procura o “comerciante” e faz a encomenda. (
Quero um Crossfox, vermelho). O elemento então faz contato com marginais brasileiros para passar os pedidos. De posse da encomenda, os marginais furtam ou roubam o proprietário do carro (
muitas vezes mantendo a vítima em cativeiro durante o tempo necessário para se chegar a Bolívia).
*De posse do veiculo começa a maratona para burlar a pouca fiscalização policial nas rodovias de acesso a fronteira. Os “puxadores” também utilizam ramais e estradas vicinais para a rota de fuga.
*A mais conhecida é a estrada da “Maria Conga”, que faz o desvio do posto da Policia Rodoviária Federal no Km 48 da Br 364, sentido Guajará. Uma estrada que vem de Buritis e dá acesso à União Bandeirantes também é utilizada por marginais.
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ROUBO MOTOS
*O roubo e o furto de motocicletas no estado abastece o mercado boliviano, que não possui indústria motociclística instalada no país.
*Em Rondônia, principalmente no interior, a moto é o meio de transporte mais utilizado pelos trabalhadores e agricultores , geralmente de baixa cilindrada (
125/150cc). Segundo dados de revendedores locais, 90% das motos são adquiridas no estado através de consorcio e financiamento bancário. A ação das quadrilhas internacionais já levou muito trabalhador a ter seu nome inserido no Serasa por falta de pagamento das parcelas da moto roubada.
*Uma quadrilha especializada em roubos de motocicletas (
Honda, boliviano não compra outra marca) criaram uma outra alternativa para burlar a polícia. Eles atravessam com as motos a balsa da BR319, sentido Humaitá. Após poucos quilômetros, entram no ramal do Jatuarana, onde chegam até as proximidades de Jaci-Paraná.
*No distrito de Jaci, uma voadeira atravessa o Rio Madeira com as motos, onde pela Br 364 seguem viagem até Vila Nova. Na cidade, os puxadores novamente atravessam o Rio Madeira, desta vez, sentido Bolívia.
*Além da ponta do Iata, local tradicional de travessia de carros, motos e caminhões, em Guajará-Mirim, duas praias no Rio Mamoré são utilizadas para a travessia de motos. Uma é a praia do Acácio, próximo do centro da cidade. Outra, na estrada do matadouro completa as rotas de fugas dos marginais brasileiros.
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Leia amanhã: Como os veículos são utilizados para troca de drogas e armas; a conivência das autoridades bolivianas com os veículos que são nacionalizados num processo rápido e simples. Saiba também da aplicação do golpe do seguro e a história de gente que conseguiu recuperar o seu veículo roubado indo à Bolívia e usando à força.