Ministro do STJ determina a Polícia Federal novas investigações contra governador

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Foto: Divulgação

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O ministro Ari Pargendler, da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou à Polícia Federal que promova novas investigações para instruir a ação penal que apura o possível envolvimento do governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), em questões referentes à extração de diamantes na reserva indígena Roosevelt, do povo Cinta-Larga. *Ari Pargendler assinou o despacho no último dia 10 de março, atendendo solicitação do Ministério Público Federal. *Cassol é suspeito dos crimes de responsabilidade, facilitação de contrabando, descaminho e prevaricação. *O governador de Rondônia responde à ação penal no STJ movida pelo Ministério Público Federal. *VEJA A ÍNTEGRA DO DESPACHO DO MINISTRO *SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ *INQUÉRITO Nº 450 - RO (2004/0129980-1) *RELATOR : MINISTRO ARI PARGENDLER *AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL *INDICIADO : IVO NARCISO CASSOL *ADVOGADO : NASCIMENTO ALVES PAULINO E OUTRO *DESPACHO *Encaminhem-se os autos à Polícia Federal, para que faça a diligência preconizada pelo Ministério Público Federal à fl. 607. *Brasília, 10 de março de 2006. *MINISTRO ARI PARGENDLER *Relator *MPF ACUSA CASSOL DE FAZER PARTE DO ESQUEMA DE CONTRABANDO DE DIAMANTES DA RESERVA ROOSEVELT *Segundo o Ministério Público Federal, a investigação sobre o contrabando de diamantes na reserva Roosevelt apontou para o envolvimento do governador de Rondônia no esquema. Um dos acusados de ser líder da quadrilha – ao lado dos policiais federais José Bocamino e Marcos Aurélio Soares, de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo –, Marcos Glikas, afirmou em interrogatório que o governador rondoniense tinha conhecimento das atividades ilícitas da organização criminosa. Ele se referiu a reuniões realizadas com Cassol e sua então chefe de gabinete, Leandra Fátima Vivian, nas quais se acertava a exploração da jazida de diamantes existente na Reserva Roosevelt por meio da estatal Companhia de Mineração do Estado de Rondônia (CMR) sem autorização prévia da União. O contrabandista teria apresentado fotos que comprovariam seu contato com o governador. *Ainda segundo o depoimento de Glikas, outro acusado, José Roberto Gonzales, fazia contatos com os índios e com pessoas ligadas ao governo de Rondônia. Nessas reuniões, discutiam-se condições do acerto que permitiria a entrada de garimpeiros e maquinários na reserva indígena. Cassol teria participado de pelo menos uma dessas reuniões. Gonzales teria dito ao sócio que o governador mantivera máquinas no interior do garimpo de diamantes em 2002. O mesmo Gonzales agiria como servidor da CMR, como representante para assuntos comerciais. Ele teria a função de dar apoio logístico ao campo de extração, tendo montado até mesmo um escritório na região. *Gonzales deveria proporcionar a entrada e instalação das máquinas no interior da aldeia liderada pelo cacique João Bravo, por meio de contatos e acertos com os indígenas. Ele também tratava com funcionários do governo estadual, Funai e policiais responsáveis pela fiscalização da reserva, além de outros empresários de mineração. Em um desses contatos, Gonzales teria entregue a Bravo, em nome de Cassol, uma proposta de legalização do garimpo existente na reserva dos Cinta-Larga. *À polícia, o próprio Gonzales afirmou que a proposta entregue aos índios consistia na criação por eles de uma cooperativa que seria responsável pela extração e comercialização dos diamantes existentes na área da reserva indígena; a CMR organizaria a atuação com os bancos que comprariam o produto e dividiria os lucros com a organização. Uma outra entidade não-governamental atuaria em projetos de recuperação ambiental, projetos florestais e convênios com a Funai. *As informações foram confirmadas em depoimento pelo cacique João Bravo Cinta-Larga, na ação penal em que também é réu. Gonzales se teria apresentado como representante do governador para levar uma proposta de trabalho para o garimpo de sua tribo. *Entre tais propostas, constavam, em troca da autorização para entrada da equipe de garimpeiros, o pagamento de R$ 100 mil na conta da Associação Paerenã e o envio, pelo Estado de Rondônia, de máquinas e pessoas para obras de reparo nas estradas de acesso à reserva. O piloto que transportava Gonzales até a aldeia também confirmou que ele se identificava como representante do governador e que o ouviu tratar de reuniões entre o governador e os índios. *O índio Nacoça Pio Cinta-Larga também confirmou o envolvimento de Cassol com a extração ilegal de diamantes da reserva. Nacoça teria sido convidado para uma reunião com o governador na qual foi proposta a melhoria das estradas que ligam as aldeias às cidades, a construção de escolas e a melhoria dos serviços médicos na aldeia em troca de 2% dos diamantes retirados. João Bravo e outros líderes indígenas teriam participado de reuniões com o mesmo teor. Em outra ocasião, Cassol teria proposto colocar máquinas de garimpo em troca da construção de uma escola e a equipagem das farmácias da aldeia. Como as propostas foram recusadas, o governador teria ordenado a remoção dos policias ambientais que trabalhavam nas barreiras da Funai. Algumas dessas informações foram confirmadas tanto pelo cacique quanto por outros indígenas. *Entre os indícios da ligação de Gonzales com as atividades ilegais, estão uma agenda encontrada em seu poder que listava nomes e telefones de pessoas, segundo o MP, integrantes da organização criminosa, e um documento que o identificava como representante da estatal CMR em "assuntos comerciais no Estado de Rondônia, no Brasil e no exterior, com poderes para apresentar e receber propostas de entidades governamentais e privadas, não governamentais, organismos de fomento ou qualquer outro órgão que deseje investir no desenvolvimento da atividade mineral no Estado de Rondônia". *Por fim, o MP levanta a posição pública assumida por Cassol no caso da chacina de garimpeiros dentro da reserva Roosevelt. O governador foi francamente favorável ao garimpo ilegal, chegando, segundo o MP, a incentivar a prática e repudiar a ação constitucional da Funai em entrevistas à televisão. *O pedido de abertura de inquérito apresentado pelo MP solicita a tomada de depoimentos de Vivian e Gonzales; a apresentação dos originais das fotos que comprovariam os encontros entre Cassol e o contrabandista Glikas e outros procedimentos judiciais e periciais necessários à instrução do processo, como a remessa dos autos da Operação Lince, entre outros.
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