Índios reclamam de aplicação de recursos da Saúde

Índios da etnia Karitiana reclamam de aplicação de recursos da Saúde

Índios reclamam de aplicação de recursos da Saúde

Foto: Divulgação

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Em reunião do Conselho Distrital de Saúde, indígenas questionaram gastos e pouca qualidade no atendimento
 
Desde quarta-feira até hoje (sexta, dia 30), 25 conselheiros indígenas estão em Ji-Paraná participando da 22ª reunião ordinária do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Distrito de Porto Velho. As reuniões estão sendo realizadas na sede do Sindsef e tratam da prestação de contas dos convênios da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ontem (quinta, 29), os indígenas questionaram os valores gastos e a má qualidade no atendimento. A reunião do Conselho Distrital de Saúde Indígena termina hoje, quando será votada a prestação de contas.
 
“Como se gasta tanto dinheiro e a saúde indígena está tão ruim?”, perguntou Orlando Karitiana. Ele lembrou que “a função da Funasa é promover a saúde para os indígenas e não defender as empresas contratadas pelos convênios”. Ele e outras lideranças relataram falta de medicamentos, transporte de emergência médica, pouca estrutura física e má qualidade das refeições servidas nas Casas de Apoio à Saúde Indígena (Casais), locais nas cidades onde ficam alojados os índios que necessitam de tratamento médico de média e alta complexidades.
 
O professor Ari Ott, docente da Universidade Federal de Rondônia e conselheiro distrital, perguntou sobre o aumento no valor pago às refeições servidas nas Casais. Na planilha apresentada pela Funasa, os valores para os meses de outubro e novembro são de mais de R$ 228 mil, sendo que nos dois meses anteriores (agosto e setembro) estes totais eram de R$ 114 mil. Na ocasião, a Funasa não apresentou justificativa e informou que são servidas cinco refeições por dia, com gasto de R$ 17,19 por paciente indígena alojado na Casai. Para o indígena Antenor Karitiana, o alto gasto de dinheiro não se reflete na qualidade das refeições servidas nas Casais. “Estão servindo arroz, feijão e galinha crus. Não dá para ser assim”, desabafou.
 
O indígena Wellington Gavião reclamou da forma como a prestação de contas foi apresentada, em uma planilha mostrada por meio de data-show. “Nós não temos todos os conhecimentos dos brancos e não conseguimos entender tudo o que está sendo apresentado aqui, neste equipamento”, disse.
Outro questionamento feito pelos índios foi quanto aos valores gastos em segurança armada nas Casais. Os indígenas afirmaram que os custos eram altos para um serviço visto por eles como desnecessário. Também relataram certo desconforto com a presença das armas nestes ambientes.
 
O atendimento à saúde indígena no município de Porto Velho foi alvo de muitas reclamações. Os índios querem manter o atendimento feito pela Funasa, que atualmente terceiriza contratação de médicos e enfermeiros. A procuradora da República Lucyana M. Pepe A. de Lucca, do Ministério Público Federal, estava na reunião e disse que fará reunião com as lideranças indígenas de Porto Velho para definição da melhor forma de resolver o problema. Em muitas aldeias, os pedidos de melhoria foram no atendimento básico de saúde, construção de poços, encanamento e reservatórios d’água, e banheiros.
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