Eleito presidente do Brasil com a margem mais apertada [50,90% contra 49,10%] da história, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou em 13 estados; seu concorrente, em 14. Lula foi vitorioso em todos os municípios em quatro Estados, enquanto Jair Bolsonaro (PL) venceu em todas as cidades de apenas um Estado, além do Distrito Federal.
O petista foi unanimidade na Paraíba, no Piauí, no Ceará e em Sergipe. Rondônia é o único em que o presidente Bolsonaro, então candidato à reeleição, venceu em todos os 52 municípios nas eleições deste domingo (30/10). A maior votação dele foi verificada em Cerejeiras [região Sul]: 79,78% [7.854 votos] contra 20,22% [1.190] de Lula.
Em RO, 1.230.172 eleitores estão aptos a votar. O candidato do PL obteve 633.236 votos. Já o petista conseguiu 262.904 dos votos válidos entre os rondonienses. O índice de abstenção foi alto: 24,68%, o que corresponde a 303.655 eleitores ausentes, segundo informou o Tribunal Regional Eleitoral. Houve, ainda, 5,61% [51.915 votos] entre brancos e nulos para presidente.
INFLUÊNCIA
O resultado favorável no âmbito local ao atual chefe da nação impulsionou os dois candidatos de sua base que concorriam ao governo do Estado e foram para o segundo turno. Marcos Rocha (União) venceu Marcos Rogério (PL) com o placar de 52.47% a 47,53%. Ambos “brigaram” durante toda a campanha para comprovar, perante o eleitorado, quem é que tinha maior proximidade e amizade com Jair Bolsonaro. Outros nomes que renegaram o vínculo com o mandatário ou não souberam expressá-lo, acabaram ficando pelo caminho na corrida ao Palácio Rio Madeira, sede do Governo Estadual.
No primeiro turno, registrou-se também algo inédito: todos os oito deputados federais e o senador eleito por Rondônia, Jaime Bagatolli (PL), são da base bolsonarista. Para a Assembleia Legislativa, composta por 24 parlamentares, foi eleita apenas uma deputada de esquerda, apoiadora de Lula: Cláudia de Jesus (PT).
VARIAÇÃO
A votação geral de Bolsonaro em Rondônia representou 70,66% no segundo turno. No primeiro, ele havia obtido 64,36%. Já Lula subiu pouco o seu percentual: de 28,98% para 29,34%.
Na região Norte do país, o Estado rondoniense perdeu apenas para Roraima no ranking das unidades federativas em que Bolsonaro venceu. Ainda assim, mesmo com Bolsonaro chegando a 76,08% em Roraima, Lula ainda ganhou em um município por lá: Uiramutã.
Além de Roraima e Rondônia, Bolsonaro angariou mais votos no Acre [70,30%] e Amapá [51,36%], enquanto que Lula levou a melhor no Pará [54,75%], Amazonas [51,10%] e Tocantins [51,36%].
Nas demais regiões: Bolsonaro venceu em todos os Estados nas regiões Sul e Centro-Oeste; Lula, em todos os Estados do Nordeste.
CIDADES POLOS
Nas cinco maiores cidades de Rondônia ao longo da rodovia BR-364, Bolsonaro ficou com votação muito superior à de Lula. Veja: Porto Velho [64,63%], Ji-Paraná [75,47%], Ariquemes [79,15], Vilhena [77,43%], Cacoal [70,65%].
A melhor perfomance de Lula em Rondônia ocorreu em um pequeno município: Nova União [Zona da Mata]. Lá, o petista obteve 43,43% [1174 sufrágios] contra 56,57% de Jair Bolsonaro [2285].
PREFEITO BOLSONARISTA
O município de Vilhena [região Sul], com cerca de 106 mil habitantes e a 700 km da capital, teve uma eleição diferente de todos os outros de Rondônia. Além de eleger presidente da República e governador, os eleitores escolheram prefeito no último domingo.
A eleição suplementar para escolha do novo chefe do executivo municipal ocorreu porque o prefeito eleito em 2020 foi cassado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder. Desde julho de 2022 o município é administrado por um prefeito interino, Ronildo Macedo (Podemos), presidente licenciado da Câmara de Vereadores.
Foi eleito, para um mandato de dois anos, Delegado Flori (Podemos) com 30.111 votos [63,14%]. A segunda colocada, Rosani Donadon [PSD], atingiu 17.575 [36,86%]. Ambos usaram intensivamente o nome e a imagens de Bolsonaro em suas campanhas publicitárias.
Em Vilhena, Bolsonaro e Lula tiveram 37.714 e 10.994, respectivamente. É um município bastante conservador, empresariado predominantemente de direita, reduto de evangélicos neopentecostais — são dezenas de denominações religiosas — e referência no agronegócio que apoia massivamente o atual presidente do Brasil. Inclusive, o agro impulsionou a eleição de Jaime Bagatolli ao Senado; ele mora em Vilhena e nunca ocupou cargo eletivo anteriormente, chegando ao Congresso Nacional por força de sua ligação com Bolsonaro e os bolsonaristas.
O prefeito eleito é delegado da Polícia Federal, muito associado à mesma militância de Bagatolli em Vilhena. Flori foi candidato a deputado federal neste ano e, empolgado com a expressiva votação, foi incentivado e decidiu concorrer à prefeitura.
O nome de Flori foi homologado dia 05 de outubro — até então, o candidato ao Executivo pelo Podemos seria Ronildo Macedo, que havia passado na convenção, mas abriu mão da disputa e foi substituído pelo delegado. Com sua entrada em cena, outros dois candidatos — Gilmar da Farmácia e Paulinho da Argamazon— renunciaram as postulações. Assim, Flori acabou ficando sozinho no viés da “nova política” e no enfrentamento do clã Donadon, que já foi o grupo mais poderoso do Cone Sul. A polarização fez bem ao iniciante. E Bolsonaro foi decisivo no caso.