As palavras que repetimos todos os dias não são neutras. De acordo com especialistas, elas exercem um papel direto na maneira como pensamos, sentimos e agimos. Para a psicologia cognitiva, a linguagem tem um impacto profundo na saúde emocional e no desempenho humano.
Um dos pioneiros dessa abordagem, o psiquiatra Aaron Beck, já afirmava em 1976 que os pensamentos automáticos — frequentemente expressos em palavras — moldam a forma como sentimos e reagimos. A neurocientista Lera Boroditsky (2011) também demonstrou que o idioma que falamos influencia até nossa percepção do tempo, espaço e cor.
Além disso, o conceito de profecia autorrealizável, cunhado por Robert Merton em 1948, explica como declarações negativas, quando repetidas, podem influenciar ações que levam à concretização daquilo que foi dito. Ou seja, afirmar com frequência “nunca vou conseguir” ou “sou azarado” pode programar o cérebro para a inércia ou o fracasso.
Por outro lado, expressões positivas e de gratidão têm efeito contrário: contribuem para a reestruturação mental, aumentando a motivação, a autoestima e a capacidade de enfrentar desafios. Frases como “estou aprendendo”, “sou capaz” ou “as oportunidades estão chegando” ajudam a reprogramar a mente para identificar caminhos e agir com mais confiança.
A linguagem, portanto, não é apenas um reflexo da realidade — é também um instrumento ativo de transformação. O que dizemos para os outros e, principalmente, para nós mesmos, pode estar abrindo portas ou levantando barreiras invisíveis.