O final de semana é uma ótima ocasião para descansar em casa e assistir a filmes de terror ou suspense (alguns com pitadas de ação) para relaxar e deixar a mente se divertir um pouco.
As plataformas de streaming têm ótimos filmes disponíveis há algum tempo, e talvez você ainda não tenha tido a oportunidade de assisti-los. Às vezes, essas opções ficam escondidas entre os inúmeros títulos disponíveis.
Com qualidades variadas, mas sempre com a proposta de oferecer uma boa diversão, vou indicar quatro filmes que merecem uma chance — seja para você conhecer, seja para finalmente assistir. Dois deles fazem parte de franquias de terror que valem a pena conferir.
Pegue aquele balde de pipoca, se jogue no sofá da sala e confira!
ATIVIDADE PARANORMAL 7
(Disponível na Prime Video – aluguel digital – R$14,90)
Lançado em 2021, Atividade Paranormal: Ente Próximo (Paranormal Activity: Next of Kin) esteve disponível no catálogo da Netflix até pouco tempo atrás. Agora, pode ser alugado na Prime Video.
Esse é o sétimo filme da franquia e foi lançado no auge da pandemia, por isso passou longe das salas de cinema e teve um desempenho razoável, especialmente se comparado ao seu baixo custo de produção.
Dirigido por William Eubank e escrito por Christopher Landon, esse novo capítulo chegou seis anos após o último filme, Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma (2015). Já adianto: ele não tem mais nada a ver com o que foi apresentado nos seis filmes anteriores — é praticamente uma história independente, com uma abordagem diferente, mas que ainda consegue entregar bons sustos.
O filme ainda segue o estilo found footage — ou seja, são os próprios protagonistas que filmam toda a ação, seja com celular, GoPro, câmera comum e até drone — registrando tanto situações cotidianas quanto eventos sobrenaturais.
Margot (Emily Bader) é uma jovem em busca de suas origens, após ter sido abandonada pela mãe ainda bebê. Um rapaz lhe dá a informação de que ela pode ser parente de uma família Amish.
Como é documentarista, Margot decide levar sua equipe para registrar o reencontro com a família da mãe desaparecida. Ela então viaja até uma remota comunidade Amish, instalada em uma grande fazenda com animais e pessoas rústicas. Lá, ela descobre que realmente faz parte daquela família, mas tem dificuldades para aceitar os costumes religiosos e puritanos do lugar.
Com o tempo, começa a perceber segredos e situações estranhas envolvendo os moradores mais velhos e vizinhos da comunidade. Até que encontra, em uma floresta próxima, uma misteriosa igreja. De forma furtiva, ela e a equipe observam que animais deformados estão sendo levados para esse local.
O filme é bem produzido, embora não escape de alguns clichês, especialmente nos sustos que, por vezes, são previsíveis. Ainda assim, a história central é interessante, e o mistério em torno da mãe de Margot é revelado aos poucos, mantendo o interesse.
O destaque fica para os minutos finais — uma sequência intensa, cheia de tensão, com correria, pavor, mortes e um massacre que culmina na revelação de um verdadeiro demônio.
A MÃE DO ANO
(Disponível na Netflix)
Este é um surpreendente longa polonês que parece prestar homenagem às mães. Realizado de forma econômica, o filme ganha força por conta de uma boa história e da performance marcante da talentosa atriz Agnieszka Grochowska (Crimes Ocultos), que interpreta Nina — uma agente da OTAN com treinamento militar que é dada como morta para proteger a si mesma e, principalmente, seu filho, Max, que ela nunca pôde criar. O garoto foi entregue a outra família e criado por eles desde bebê.
Nina é forçada a voltar à ativa e a acionar antigos contatos da inteligência polonesa quando Max é sequestrado por uma perigosa gangue do submundo. Como uma mãe dedicada e devota, ela não mede as consequências e faz de tudo para salvar o filho. Nina é brutal e extremamente inteligente.
O filme, dirigido por Mateusz Rakowicz, é criativo, com uma pegada moderna e vilões caricatos, mas sarcásticos na medida certa para a proposta da trama. A personagem entra em lutas insanas, enfrentando até quatro ou cinco homens ao mesmo tempo — e qualquer objeto em suas mãos vira uma arma.
O diretor capricha nas coreografias, com tomadas de câmera que, por vezes, lembram o clássico John Wick. E para os fãs do gênero, não falta violência gráfica: cabeças explodem, ossos são quebrados, tiros são dados à queima-roupa, tudo embalado por muita ação. A edição dinâmica e a ótima fotografia também elevam o nível da produção.
O filme ainda traz algumas reviravoltas inesperadas e engenhosas, que até justificariam uma continuação. Tem o clichê da relação conturbada entre mãe e filho, até que eles se entendem, mas o roteiro é direto, sem enrolação — e Agnieszka domina a tela com sua força e carisma.
X – A MARCA DA MORTE
(Disponível na Prime Video ou Apple TV)
O filme X – A Marca da Morte (X, 2022), escrito, produzido e dirigido por Ti West, é um clássico instantâneo do gênero slasher (terror sangrento). Produzido pela excelente A24 — a mesma produtora de A Bruxa (2015), Men (2022) e Morte, Morte, Morte (2022) —, o longa faz parte de uma trilogia dirigida por Ti West e estrelada por Mia Goth. Os outros filmes são Pearl (2022) e MaXXXine (2024), sendo Pearl uma prequela — ou seja, a história se passa antes dos eventos de X.
O elenco também conta com Jenna Ortega — sim, a Wandinha da série da Netflix — em um papel marcante como a captadora de som da equipe que está produzindo um filme pornográfico.
Sem spoilers, é bom avisar que a trama faz referências claras ao clássico O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), seja pela fotografia desbotada no início, seja pela premissa de um grupo de jovens viajando em uma van para uma área rural isolada. Mas as semelhanças param por aí.
A história se passa no fim dos anos 1970, quando um grupo de amigos e atores decide gravar um filme pornô em um celeiro adaptado, localizado numa fazenda que pertence a um misterioso casal de idosos. Após um conflito pontual entre os personagens, a trama rapidamente mergulha em uma longa e assustadora noite de violência.
Embora a ideia central não seja exatamente original, o filme se destaca pela forma criativa como constrói a tensão e apresenta uma situação inusitada envolvendo personagens com motivações reais — tanto artísticas quanto financeiras — dentro do universo da pornografia. Ti West acerta ao dar consistência aos personagens por meio de diálogos bem escritos e relações críveis entre eles.
Um prato cheio para os fãs do gênero slasher, X segue premissas clássicas de obras como Halloween (1978) e Sexta-feira 13 (1980), em que sexo e morte se entrelaçam como gatilhos para uma violência muitas vezes grotesca. No entanto, o longa evita cair em soluções fáceis: a violência tem motivação e está ligada diretamente às consequências dos acontecimentos dentro daquele ambiente opressor.
Com cenas inesperadas e muito bem construídas — mérito de uma excelente edição, atuações sólidas e mortes brutais —, o filme ainda se permite uma sequência antológica de sexo grotesco, que, por mais absurda que pareça, faz total sentido dentro do contexto proposto.
Com um orçamento modesto de US$ 1 milhão, X arrecadou US$ 14,6 milhões, provando que terror bem feito e com personalidade ainda encontra seu público.
O FAROL
(Disponível na Prime Video)
Um dos melhores — e mais controversos — filmes do diretor Robert Eggers (do excelente e recente Nosferatu), O Farol (The Lighthouse, 2019) traz Robert Pattinson em um de seus momentos mais intensos no cinema, dividindo a tela com o magistral Willem Dafoe.
O Farol é um filme diferente, ousado. Rodado em preto e branco, tem forte inspiração no expressionismo alemão e a pretensão — bem-sucedida — de ser uma das obras mais originais dos últimos tempos.
Alguns classificam como terror, outros como drama psicológico. Eu prefiro não rotular: o ideal é simplesmente embarcar nessa história fascinante, carregada de simbolismo, loucura e tragédia.
Filmado de forma clássica, Eggers entrega uma verdadeira declaração de amor ao cinema. Para o espectador acostumado com widescreen e fotografia digital, o filme pode causar um certo estranhamento — mas é justamente essa estética que provoca uma imersão única e emocional.
A proporção de tela 1.19:1 (quase quadrada) faz com que as cenas pareçam mais próximas, centradas e, às vezes, claustrofóbicas. O filme foi rodado em 35mm e gravado com som mono — sem mixagem estéreo —, o que proporciona uma trilha sonora quase sensorial, composta por sons incômodos: o mar batendo nas pedras, os gritos das gaivotas, o ronco dos motores, zumbidos, a respiração arfante dos personagens. Tudo pensado para causar desconforto.
O longa foi totalmente filmado em locações reais, evitando estúdios e efeitos digitais. Isso tornou as filmagens mais complexas e demoradas, mas o resultado final é impecável.
Na trama, o velho faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) é responsável por cuidar de um farol isolado, numa ilha deserta. Para ajudá-lo durante um período temporário, contrata Ephraim Winslow (Robert Pattinson), um jovem bonito, introspectivo e misterioso, que carrega traumas e superstições.
Ambos passam a viver isolados, dividindo o mesmo quarto e comendo a mesma comida — sempre preparada por Thomas. Desde o início, a relação entre os dois é estranha e tensa. Ephraim é proibido de subir até o topo do farol, tarefa reservada apenas ao faroleiro.
Aos poucos, Ephraim entra em um estado de isolamento profundo e tensão constante, tentando encontrar algum propósito naquela rotina exaustiva e cruel — como limpar uma cisterna fétida e infestada. Sua mente começa a pregar peças, criando visões perturbadoras, alimentadas pelos pertences do antigo zelador e suspeitas de conspiração.
O Farol definitivamente não é um filme simples ou fácil de digerir. Pelo contrário, provoca e desafia o espectador com questões que ficam em aberto — algumas com conotações sexuais, outras mergulhadas no terror psicológico. A intenção é essa: instigar, desconcertar e construir, progressivamente, uma espiral de insanidade.
A relação entre os dois homens se intensifica, num embate de palavras, silêncio, raiva e loucura, culminando em um final estarrecedor.