Setenta e cinco dias de internação nos hospitais de Porto Velho desde que nasceu. Esse é o tempo em que a família da pequena Emanuelly Corrêa Salazar vive angustiada, juntamente com ela a espera de um procedimento médico.
Manu nasceu em 12 de novembro de 2021. Ela veio ao mundo com os dois canais de respiração literalmente fechados e logo foi intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base.
Os médicos afirmaram que Emanully precisa fazer uma cirurgia de correção de atresia de coanas, para que os canais de respiração sejam desobstruídos e, assim, a passagem do ar pelos dois lados do nariz seja constante. No entanto, esse procedimento cirúrgico não é realizado em Rondônia.
Laudo aponta necessidade da cirurgia | Foto: Arquivo pessoal
De acordo Adriana, ela havia dado entrada no Tratamento Fora do Domicílio (TFD), do governo, para tentar transferir a Manu para outro estado que realizasse a operação.
Protocolo que de entrada no TFD | Foto: Arquivo pessoal
Em entrevista ao
Rondoniaovivo, nesta terça-feira (25), Adriana fez uma revelação polêmica.
“O nosso secretário de Saúde, o Fernando Máximo, tem noção já do caso da Manu. Porque eu encontrei ele e o governador aqui no corredor do hospital e pedi ajuda, mas aí ele falou que a Manu tinha que se recuperar da bactéria hospitalar que ela havia adquirido para fazer a cirurgia. A Manu então se recuperou... aí eu fui lá no gabinete dele e ele não me atendeu”, disse Adriane Corrêa.
Manu quando estava internada na UTI do HB | Foto: Arquivo pessoal
Ainda de acordo com mãe, Manu já recebeu alta da UTI e agora aguarda em leito clínico do Hospital Cosme e Damião para realizar a cirurgia, mas até o momento, não houve surgimento de vaga para transferência dela.
“Eu ligo para o TFD e é a mesma coisa, dizem que não tem nada e nisso a Manu fica aqui esperando, ocupando leito de uma criança que esteja mais grave e a Manu esperando essa cirurgia para ir para casa, para poder se alimentar, ficar bem e eles ficam enrolando”, relata a mãe indignada.
Adriana revela ainda que na hora de se alimentar, Emanuelly tem dificuldade, pois o leite materno interrompe a respiração, que no caso da pequena, só é possível pela boca. As vezes, ainda é necessário o uso de sonda para garantir a alimentação adequada.
“Ela está tendo muita dificuldade para se alimentar, porque ela fica muito cansada e aí ela quer mamar, mas não dá conta, aí ela fica irritada, ela chora, eu não sei mais o que fazer”, relata.
O que diz a lei?
De acordo com o defensor público de Rondônia, Fábio Roberto, o Estado tem o dever previsto na Constituição Federal, de promover a saúde em quaisquer circunstâncias.
“No caso da pequena Manu, me parece que o tratamento que ela precisa não é dado aqui no Estado de Rondônia. Então é preciso por meio da equipe médica, através de laudos médicos detalhados, especificando a forma, o tratamento e o risco que a pequena Manu corre retardando o tratamento que ela precisa. Além da tentativa administrativa de obter uma solução é possível a intervenção do Poder Judiciário”, analisa o defensor público, Fábio Roberto.
Ele afirma ainda que o Estado tem o dever de prestar todo o apoio, para a realização do procedimento necessário.
“O Poder Judiciário, inclusive, pode autorizar imediatamente o tratamento em outro estado, com o Estado arcando com todas as despesas de traslado, hospedagem e tudo mais. Então o direito constitucional a saúde, impõe ao poder público, que o cidadão, seja ele nascituro ou não, ele tenha efetivamente uma vida digna”, explicar o defensor.
Ainda segundo Fábio Roberto, em casos como esse da pequena Manu é necessário buscar os meios administrativo e, caso não obtenha sucesso, que procurem a Defensoria Pública para que tenham um desfecho positivo, através dos meios judiciais.
Estado não se posiciona
O
Rondoniaovivo tentou contato com o governo do Estado para uma posição sobre o caso de Emanuelly, mas até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.