Um vídeo de uma execução/eutanásia de um cavalo com um tiro na cabeça, próximo a Porto Velho, revoltou dezenas de pessoas nas redes sociais. Ele teria sido morto por um policial rodoviário federal.
As vítimas caíram no asfalto e tiveram vários ferimentos pelo corpo. Elas foram encaminhadas para um hospital particular. Já o cavalo teve uma das patas traseiras quebradas e seu dono ainda não foi encontrado.
Detalhes
Um perfil no Instagram denunciou o fato, que rapidamente viralizou e foi divulgado em páginas de entidades defensoras dos animais.
“O cavalo foi executado simplesmente porque era um animal. Simplesmente decidiram matar o animal do que recuperar. Simplesmente a nossa capital não tem um veículo público para socorrer animais. Simplesmente Porto Velho tem apenas uma mera maquiagem sobre a causa animal”.
Em uma segunda postagem, um vídeo mostra o cavalo próximo a uma parede branca, iluminado por uma lanterna, onde é morto com um tiro na cabeça e cai.
Já em uma terceira divulgação, o rapaz responsável pelo perfil afirmou que foi multado pela Polícia Rodoviária Federal por “simplesmente questionar o policial da PRF no local sobre o cavalo”.
A quarta e última postagem sobre o assunto, mostra o local da execução e questiona: “Para recuperar um ladrão, quando o mesmo é atropelado, ok. Agora, recuperar um animal durante o atropelamento, não?! A vida de um homem mau vale mais do que a do animal?”.
Respostas
O
Rondoniaovivo entrou em contato com a assessoria de comunicação da PRF que divulgou em nota que “
houve abate do animal sob supervisão de um veterinário. As orientações técnicas, sobre a necessidade do procedimento e a análise da gravidade dos ferimentos observados no equino foram prestadas pelo profissional”.
Questionada se o veterinário era de clínica particular ou representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), a PRF apontou que “foi acionado por populares e apresentou documentação profissional”.
Sobre a denúncia da multa para o dono do perfil no Instagram que denunciou a execução e teria sido multado, a assessoria de comunicação informou que “qualquer cidadão que discordar de procedimentos realizados pelas equipes tem o direito de comparecer aos órgãos de apuração interno (Corregedoria) ou ainda de controle externo (MPF, CGU) para oferecer denúncia, munidos das provas materiais que embasem a versão apresentada, cabendo ainda registrar que existem responsabilidades, judiciais e administrativas, em casos de denúncias falsas”.
A vereadora Márcia Socorristas (PP), que foi eleita com a bandeira de defesa dos animais, entrou em contato com a redação, onde afirmou que pediu para um veterinário ir ao local atender o cavalo, mas não sabe o que aconteceu durante e após a intervenção do profissional.
“Infelizmente, estou doente, com uma forte virose e fora da cidade. Lamento demais que o fato tenha se desenrolado desta forma”, afirmou ela.
Procedimentos
O Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), publicado em 2013, aponta que “a eutanásia é indicada quando o animal seja portador de uma doença incurável e esteja em sofrimento. Porém, esse conceito não contempla todas as situações nas quais a eutanásia se torna necessária”.
O trecho logo a seguir aponta que “dentro deste contexto, a eutanásia deve ser indicada quando: 1 - O bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor e/ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser controlados por meio de analgésicos, sedativos ou de outros tratamentos;”.
E ainda: “2 - O animal constituir ameaça à saúde pública; 3 - O animal constituir risco à fauna nativa ou ao meio ambiente e o tratamento representar custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário”.
O mesmo texto ainda aponta que “os princípios de bem-estar animal, relevantes para a eutanásia em animais, objetivam garantir: elevado grau de respeito aos animais; ausência ou redução máxima de desconforto e dor; inconsciência imediata seguida de morte; ausência ou redução máxima do medo e da ansiedade;”.
Ainda destaca: “segurança e irreversibilidade; ausência ou redução máxima de riscos aos presentes durante o ato; treinamento e habilitação dos responsáveis por executar o procedimento de eutanásia para agir de forma humanitária, sabendo reconhecer o sofrimento, grau de consciência e morte do animal; ausência ou redução máxima de impactos, emocional e psicológico negativos, em operadores e observadores”.
Outro ponto percebido pelo
Rondoniaovivo: “
Toda a equipe envolvida no processo de eutanásia deve ter profissionalismo, respeito aos animais e à vida animal e ao impacto do procedimento nas outras pessoas envolvidas”.
Na página 19, ainda há outro ponto que merece ser observado: “O método escolhido deve ser seguro para o operador e para os presentes e, ainda, causar mínimo dano ao meio ambiente. Dentro desse contexto, os anestésicos injetáveis são os mais adequados. Os métodos físicos, ou que utilizam gases, potencialmente, podem provocar acidentes ou deixar resíduos que venham a aumentar os riscos”.
Análise
O
Rondoniaovivo entrou em contato com um médico veterinário, proprietário de um hospital de animais bastante conhecido em Porto Velho e ele analisou a situação.
“Da forma que foi feita, só justifica se o animal estivesse em grande sofrimento, com fratura exposta ou as vísceras aparecendo. Já que um veterinário foi ao local, ele deveria ter feito a eutanásia com medicamentos adequados e com a confirmação da fratura por meio de raio-x. Sem isso, fica complicado afirmar que ele estava com a pata quebrada e que precisava ser abatido”, detalhou ele.