Para os cabelereiros, é preciso se preparar para as críticas
Foto: Divulgação
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“Para assumir o cabelo branco a mulher precisa ter atitude, independente de ser solteira ou casada”, afirma Altamiro Melo, que comanda o time do Miros Cabeleireiro, ao falar das mulheres que decidem dar um chega à escravidão de colorir os cabelos para esconder os fios brancos.
“Além de ter atitude, ela precisa estar preparada emocionalmente para ouvir as críticas, que não serão poucas, pois a sociedade ainda é preconceituosa em relação a essa questão”, pontua Miros.
Outro ponto fundamental, de acordo com ele, é adotar um corte de cabelo diferenciado, mais moderno, mais fashion. “O que envelhece não é o cabelo branco, mas o estilo do corte”, diz.
Ele acrescenta ainda que é essencial a mulher cuidar da pele quando decide seguir esse estilo. “Hoje temos técnicas e produtos de beleza que deixam a pele com aparência jovem e bonita. Portanto, não é apenas assumir os brancos, é necessário um corte ousado e se cuidar para não aparentar uma pessoa de mais velho do que idade que tem”, observa.
Solteiras
– Que horror, estou solteira, Deus me livre de assumir os brancos!
“E daí, qual o problema da mulher é solteira ter cabelo branco?”, indaga Miro.
De acordo com o cabeleireiro, o homem de atitude/inteligente não está preocupado com essas amenidades, ele quer uma companheira que seja inteligente e dona de si, independente de cabelo branco ou não. “Mas repito, faz-se necessário que ela tenha uma aparência jovem e bem cuidada”, diz.
“Agora, minha amiga, você não quer encontrar um homem desse tipo em uma distribuidora de bebida, num boteco ou em um pagode, não é mesmo? Os homens inteligentes e de atitudes não frequentam esses locais”, alerta.
Há quem não concorde
Mas tem também os cabeleireiros que são contra essa "moda", como é o caso de Hugor Ioras. “Já convenci clientes a colorir o cabelo porque aparentavam uma idade mais avançada do que a real, e a imagem delas não estava agradável. Além do mais era visível que não se sentiam bem com aquela situação”, declara.
Hugor enfatiza que fez elas mudarem de ideia não pelo fato de ele trabalhar com coloração, mas em virtude de estarem apagadas, sem vida e aparentarem mais idade.
“Na minha opinião, é preciso esperar a hora certa para adotar o branco. Tem gente muito nova deixando de colorir o cabelo simplesmente porque virou moda”, diz.
Ele completa declarando que acha legal essa questão do empoderamento que as mulheres buscam. “Porém, para assumir esse estilo de cabelo é preciso ser bem resolvida consigo mesma para não ficar encucada com as críticas. O brasileiro ainda não aceita bem o processo de envelhecimento, por isso o preconceito de fato existe em relação as pessoas que deixam os fios brancos”.
DEPOIMENTOS
Vagna Vieira, jornalista
No início foi complicado, pois a metamorfose é lenta, ficamos multicor, desbotadas. Mas o pior são as críticas tanto de homens como de mulheres. Mas o resultado final é fantástico – dar adeus à tintura de dez em dez dias é libertador, representa uma quebra de paradigmas.
Durante o processo, muitos achavam que eu queria aparecer, outros que eu estava sem dinheiro para pintar o cabelo, mas a maioria dizia que eu não tinha idade para assumir os brancos. Agora, alguns perguntam se são mechas. As pessoas precisam aprender a respeitar a decisão pessoal do outro – cada um sabe o que é melhor para si.
Elke Carvalho de Sá Rangel – funcionária pública federal
Adotei os fios brancos há quase 20 anos, quando estava com 25/26 anos e meus cabelos começaram a perder a pigmentação. Foi uma decisão espiritual. Atualmente, estou com 46 anos. No início fui muito criticada pela família, mas depois de um tempo concordaram com minha escolha e passaram a achar tão bonito que um dos meus irmãos (o que mais criticava) deixou o cabelo dele ficar branco também.
Porém, há quem elogie uma pessoa que tem coragem e personalidade para assumir essa nova identidade. Muitas mulheres gostariam de aderir também, mas têm receio do preconceito por parte da sociedade. Mas é preciso se conscientizar de que a beleza vem de dentro para fora.
Neusa dos Santos Tezzari – professora universitária
A minha primeira tentativa de deixar os cabelos brancos foi antes de me aposentar, mas a pressão, apesar de sutil, foi bem forte. Fui ao um evento em Brasília e, apesar do cabelo hidratado, escovado, com cachos, as pessoas quando falavam comigo só enxergam a raiz branca do cabelo. Então, resolvi adiar um pouco mais essa minha decisão e voltei a pintar os cabelos.
Há quatro anos, quando me aposentei, estava cansada dessa escravidão quinzenal e parei de pintar. Foi uma libertação. Mas a pressão continuava forte. Os locais que frequento dificilmente vejo as mulheres com cabelos brancos – o preconceito e olhares atravessados são visíveis em relação a quem assume.
Meu filho chegou a perguntar se eu estava sem dinheiro para ir a um salão tingir o cabelo, se fosse o caso, ele pagaria. Ri da situação. Sem um cabeleireiro fixo para cuidar das madeixas (hidratar/cortar/escovar), terminei indo ao Hugor Ioras (@hugorioras).
Ele foi a primeira pessoa a fazer uma avaliação da situação sem prejulgamento. Após analisar meu rosto e o tom da pele, ele falou que concorda com as mulheres que assumem os brancos, mas que, no meu caso, a cor não me favorecia. Explicou que o ideal seria eu adiar um pouco mais a minha decisão e que essa transição fosse realizada aos poucos, sem deixar a raiz branca.
Acatei o conselho e, mais uma vez, acabei com os brancos. Estou satisfeita, pois da forma que o Hugor fez não necessito retocar a raiz a cada 15 dias, pois no cabelo cacheado a parte branca demora mais aparecer – fico entre 50 dias a dois meses sem retocar. Mas quero, com o tempo, voltar ao natural de novo. Mas, por enquanto, estou fazendo a transição com mexas invertidas. Adorei o resultado.
Jornalista Emília Araújo - Insta/facebook: @blogdepontacabecaoficial
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