Hospital de Base corrige mais de 200 faces de vítimas de traumatismo
Foto: Divulgação
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O Centro Cirúrgico do Hospital de Base Ary Pinheiro faz, em média, mais de 200 cirurgias bucomaxilofaciais por ano. O atendimento da especialidade funciona diariamente no Hospital e Pronto-Socorro Estadual João Paulo II, inclusive em regime de plantão, em feriados, mas as cirurgias ocorrem só aos sábados.
São tratadas cirurgias de urgência e emergência decorrentes de traumatismos ocasionados por acidentes automobilísticos [notadamente com motos], desportivos, com animais de grande porte, quedas, agressões físicas, uso de arma branca, disparo de arma de fogo e infecções dentárias graves. Quando o caso do paciente não se enquadra nos casos de urgência imediata ou emergência, é transferido para o HB, para programação cirúrgica de rotina.
O HB e o JP II contam com uma equipe de dez cirurgiões dentistas atuantes e experientes na especialidade.
“Temos trabalhado sem demanda espontânea. Pacientes que necessitam dessa cirurgia exigem tratamento ortodôntico, mas o estado ainda não pôde oferecê-lo”, explicou o cirurgião dentista Moacyr Tadeu Vicente Rodrigues.
Ele destacou as cirurgias estético funcionais para correção das deformidades maxilomandibulares, também chamadas cirurgias ortognáticas.
CORREÇÃO
Segundo Rodrigues, o número dessas cirurgias poderia ser maior se sistema tivesse ambulatório da especialidade e oferecesse tratamento ortodôntico essencial à intervenção.
É a ortodontia quem prepara os dentes por período que varia de seis meses a um ano [primeira etapa]. Há situações em que a demora é de 24 meses, observou Rodrigues.
Na sequência, planeja-se a cirurgia ortognática, obtendo-se uma moldagem de estudo e confeccionando modelos de gesso e montagem em articulador. O paciente é operado e tão logo se recupere a ortodontia fará os últimos ajustes na oclusão.
As cirurgias são feitas nas manhãs de sábado, quando os profissionais aproveitam horários disponíveis no centro cirúrgico do HB.
A cirurgia corrige a parte óssea, quando não for possível resolver o caso somente com o aparelho ortodôntico. Depois de operada, a pessoa obtém equilíbrio das funções mastigatória, respiratória e recupera a estética. Acompanhada por fonoaudiólogo, a pessoa ganha melhoramento de fala.
Totalmente dentro da boca, essa cirurgia não deixa cicatriz na face e, dependendo do porte e recuperação da anestesia, o paciente recebe alta na manhã do dia seguinte.
“Tudo é feito por nossa conta a partir das faculdades”, relatou Rodrigues, que é professor de cirurgia bucomaxilofacial na Faculdade São Lucas e Sistema Odontológico de Estudo e Pesquisa (Soep), em Porto Velho.
Segundo ele, se existisse ambulatório equipado, o atendimento aos candidatos a cirurgias ortognáticas poderia ser feito pelo menos uma vez por semana na Policlínica Oswaldo Cruz.
O contato direto nas faculdades e cursos de especialização em Ortodontia, possibilita a captação de pacientes carentes. Eles ou seus parentes procuram o Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais do HB, e a partir daí inicia-se o encaminhamento para cirurgia.
Para conseguir a cirurgia, o paciente deverá obter completa documentação ortodôntica em clínica especializada em radiologia odontológica, para que sejam analisadas as correções necessárias.
ACOMPANHAMENTO
O acompanhamento pós-operatório, dura seis semanas, e depois o paciente retorna ao ortodontista, onde permanece de seis a 18 meses até retirar o aparelho.
Desde 2013 a administração do HB oferece condições para o atendimento de pessoas com deformidades maxilomandibulares, restabelecendo-lhes o equilíbrio anatômico e funcional.
No entanto, conforme explicou o coordenador do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais do HB, o cirurgião dentista Maurício da Costa Soares, ainda é necessário aprimorar o bom atendimento existente.
“A criação do ambulatório para cirurgia ortognática possibilitaria ao profissional trabalhar com melhores recursos necessários e, ao mesmo tempo, poderia ser implantado um serviço de Odontologia Hospitalar e Odontologia na UTI, que muito beneficiaria pacientes internados ou que requeressem cuidados hospitalares para procedimentos odontológicos”, assinalou.
Ao mesmo tempo, Rodrigues propõe a instalação do Serviço de Odontologia que recuperaria pacientes nas Unidades de Tratamento Intensivo do HB, JP II e na Unidade de Medicina Intensiva do estado.
Segundo Costa Soares, o serviço da especialidade em cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais do HP tem permanentemente disponíveis seis leitos, não apenas para cirurgias ortognáticas, mas para fraturas dos ossos faciais, na maioria causadas por acidentes automobilísticos.
► A cirurgia ortognática corrige deformidades faciais, melhorando a relação entre dentes, músculos, ossos zigomáticos, respiração, fonação, posição da língua, articulação temporomandibular (ATM), mastigação, digestão e em muitos casos, no relacionamento social.
►Deformidades de ossos da face podem se originar de distúrbios de crescimento, síndromes e anomalias específicas, traumas na face, ou serem de origem genética. Essas alterações podem se localizar num osso. Por exemplo, no prognatismo mandibular [mandíbula grande] ou no retrognatismo mandibular [mandíbula pequena].
► Muitas vezes o problema é combinado. Quando a mandíbula for grande e o maxilar superior for pequeno será necessário operar os dois ossos, com o posicionamento cirúrgico da mandíbula para trás e do maxilar superior para frente.
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