CERON está pronta para ser vendida mas não atrai compradores
Foto: Divulgação
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O decreto para renovação das concessões que vencem a partir de julho abriu espaço para o processo de venda das distribuidoras do grupo Eletrobras e promete
movimentar o setor, que há muito espera oportunidades de consolidação. Especialistas ouvidos pelo Valor apontam que a concorrência deve ser acirrada, especialmente pela Celg -D, de Goiás, e pelas duas concessionárias do Nordeste, responsáveis pelo abastecimento do Piauí e de Alagoas.
"A distribuição é um negócio de escala e a única oportunidade de crescer é por aquisições", afirma João Carlos Mello, da Thymos Energia. As sete distribuidoras são deficitárias e tem índices de qualidade de serviço muito ruins, o que abre espaço para geração de valor a partir de investimentos e gestão eficiente, destaca o consultor.
A Equatorial é vista como uma grande competidora. Recuperar distribuidoras em situação ruim está no DNA da empresa, que conseguiu tornar a Cemar, do Maranhão, adquirida em 2004, em um exemplo de eficiência, num processo que vem sendo replicado na Celpa, do Pará, comprada do grupo Rede em 2013.
Segundo o diretor financeiro da Equatorial, Eduardo Haiama, todos os ativos da Eletrobras são potencialmente interessantes. "Tudo depende das condições pelas quais elas serão colocadas, mas estrategicamente todas as concessões nos interessam", afirma.
Em 2013, a Equatorial formou um consórcio com a CPFL Energia para levar as oito distribuidoras do grupo Rede, no último movimento relevante de consolidação na distribuição. Mas perdeu a batalha para a Energisa, que ganhou as concessões, assumindo dívidas bilionárias e compromisso de investimento de mais de R$ 1 bilhão.
Em teleconferência com analistas realizada em maio, o diretor de relações com investidores da Energisa, Maurício Botelho, sinalizou que deve avaliar os ativos da Eletrobras. "Caso o cenário de preços seja razoável, vamos tentar entrar", disse o executivo. Mas, dessa vez, o apetite deve ser bem menos voraz, disseram fontes próximas à companhia.
O endividamento da Energisa subiu bastante, desde a aquisição, e provocou inclusive à venda de ativos de geração do grupo por R$ 1,4 bilhão. "Uma oferta seria bem mais cautelosa porque a empresa está bastante alavancada", disse um interlocutor.
As condições de venda dos ativos da Eletrobras ainda não estão definidas, mas a expectativa é que as sete distribuidoras sejam colocadas no mercado separadamente. E, nesse sentido, as sinergias geográficas devem ser determinantes para formulação de lances mais agressivos, acreditam os analistas.
A joia da coroa é a Celg-D, de Goiás. "A empresa é de uma má gestão incrível e está próxima de diversas outras concessões", afirma Mello, da Thymos. Segundo apurou o Valor, além dos grupos com apetite por todo o Brasil, CPFL, de São Paulo, e Copel, do Paraná, olham com interesse para o ativo. A Elektro, do grupo espanhol Iberdrola, e que atua no litoral e no interior paulista, também acompanha o processo de venda e não descarta, inclusive, uma capitalização via emissão de ações caso seja bem-sucedida na oferta. As empresas não quiseram comentar o assunto.
As distribuidoras do Nordeste também despertam interesse. De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, a Neoenergia - que já tem concessões na Bahia, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte - estuda a Ceal, de Alagoas, e não descarta uma oferta pela Cepisa, do Piauí. A expansão na região é considerada um assunto estratégico para os acionistas - Previ, Iberdrola e Banco do Brasil.
Procurada, a companhia disse, por meio de nota, que "está atenta a novas oportunidades de ampliação dos negócios", o que inclui a possibilidade de aquisição de ativos. A Coelce, do Ceará, controlada pela italiana Enel, também é vista como uma das potenciais interessadas, mas não retornou o pedido de entrevista.
Além desses três ativos, o mercado acredita que as distribuidoras do Acre (Eletroacre) e de Rondônia (Ceron) estão prontas para serem colocadas no mercado. Nesse caso, no entanto, a distância dos maiores centros consumidores deve atrair menos interessados. Já as concessões da Amazônia, integrada recentemente ao Sistema Interligado Nacional (SIN), e de Roraima, que ainda pertence ao sistema isolado, são consideradas mais problemáticas. "Esses ativos têm tantos riscos que adotar um modelo intermediário, como uma PPP [parceria público-privada], poderia ser mais interessante", ressalta Luis Carlos Tsutomu, da área de energia da Deloitte.
Apesar da vantagem dos grupos que já atuam no Brasil, consultores não descartam a entrada de estrangeiros no processo. "A entrada de estrangeiros seria mais provável se os ativos fossem vendidos em bloco e houvesse a formação de parceiras com grupos que já atuam aqui", afirma Vânia Souza, sócia líder de energia da KPMG. Fontes ouvidas pelo Valor apontam o apetite da canadense Brookfield, que chegou a avaliar oferta pelos ativos do Rede e vem se expandindo no Brasil no segmento de geração. A companhia não retornou o pedido de entrevista.
Na contramão da agitação do mercado, a Eletropaulo deve ficar fora do processo. "A princípio, essas distribuidoras estão muito longe de nossa área de concessão", afirmou o presidente Britaldo Soares. A Energias do Brasil, controlada pelos portugueses da EDP, também ficará de fora da disputa. Endividada, a companhia está focada em concluir os atuais projetos de geração, disse o presidente Miguel Setas em teleconferência.
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