A moda agora é amarrar ladrão em poste - Por Valdemir Caldas

O modismo nacional é amarrar ladrão em poste, não importa a idade nem a cor da pele. Semana passada, um garoto de aproximadamente quatorze anos foi pego e amarrado por populares, após roubar um aparelho de celular de uma mulher que estava numa parada de ô

A moda agora é amarrar ladrão em poste -  Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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O modismo nacional é amarrar ladrão em poste, não importa a idade nem a cor da pele. Semana passada, um garoto de aproximadamente quatorze anos foi pego e amarrado por populares, após roubar um aparelho de celular de uma mulher que estava numa parada de ônibus na zona leste da capital.

A cena remete-nos ao que aconteceu em janeiro deste ano na cidade do Rio de Janeiro, quando um adolescente, acusado de roubo, foi acorrentado pelo pescoço a um poste com uma trava de bicicleta, após ser agredido pela população.

Em fevereiro, o fato se repetiu. Desta vez, na cidade de Jataí. Depois de surrar um ladrão, moradores o amarraram com uma corda a um poste. Ao contrário dos ladrões das cidades acima, o de Porto Velho não foi agredido nem preso a nenhum posto, mas não se espante se isso logo vier a acontecer.    

A população está com a paciência saturada com a bandidagem de menor e de maior idade, acostumada a praticar toda sorte de desatinos e perversidades, impunimente, sem que nada lhe aconteça.

Quando o Estado não cumpre uma de suas funções precípuas, que é garantir a incolumidade dos cidadãos e de seu patrimônio, o povo resolve fazer justiça com as próprias mãos, embora alguns entendam que essa não é a saída adequada para se reduzir os elevados índices de criminalidade.

A violência não está só em Rondônia, mas no país inteiro. A crise é geral. As causas pelo atual estado de beligerância que aflige a população também são bastante conhecidas, sendo a mais importante delas a ausência de Deus no coração das pessoas, cada vez mais preocupadas com as coisas materiais. Infelizmente, pouco ou quase nada tem sido feito para fazer com que a marginalidade reflua às suas origens mais espúrias.

Muita gente acredita que o problema da falta de segurança é somente um caso de polícia. O combate à criminalidade não pode restringir-se apenas a ação isolada da instituição policial, mas tem que ser uma tarefa de todos – governo e povo.

A polícia, com todos os seus pecados, até que se tem esforçado no cumprimento do seu dever constitucional, mas é preciso que a sociedade tenha consciência de que sem o apoio da população, investimentos na qualidade das instituições policiais e judiciais, atualização do Código Penal e um sistema prisional adequado, os resultados contra a violência serão sempre pífios.

Na ausência do Estado, a população vai-se virando como pode: uma grande aqui, uma câmera de vídeo acolá, um segurança particular. Em alguns casos, dando porrada e amarrando ladrões em postes.

 

 

 

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