Um Brasil sem Direitos Humanos? - Por Professor Nazareno*
Foto: Divulgação
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A recente eleição do deputado federal pelo Estado de São Paulo, pastor Marco Feliciano, do PSC, Partido Social Cristão, para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados causou irritação em muitos militantes destas causas no país inteiro. É até compreensível que eles, os militantes, se sintam ofendidos, uma vez que o referido pastor declarou recentemente em redes sociais tolices inaceitáveis e absurdas como "os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé". O deputado disse também ser contra o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo, subentendendo certa dose de homofobia. Entretanto, o maior problema é que a maioria da população brasileira comunga perfeitamente com as ideias defendidas pelo religioso. No entanto, é um mal bem menor uma pessoa intolerante presidir essa comissão se observarmos quem comanda hoje o Senado Federal e a Câmara dos Deputados.
Parece até que a classe política ao agir desta maneira, na contramão do politicamente correto, está se vingando de alguém, no caso quem luta pelas causas sociais do Brasil. Mas não é bem assim. Falar de direitos humanos por aqui hoje é comprar briga certa com muitas pessoas incautas, ignorantes e despolitizadas que, muitas vezes, defendem abertamente a volta de práticas sociais e políticas da Idade Média. E neste caso não é só aquele cidadão desprovido de leitura de mundo, não. Veem-se diariamente jornalistas, políticos, religiosos, professores e outros formadores de opinião, conclamarem publicamente a todos, com suas ideias atrasadas e retrógradas, a defenderem o absurdo e a triste volta ao passado. O pastor pode não estar correto, mas a sua indicação, e a consequente eleição, representa uma fatia bastante considerável da opinião pública deste país. E como no caso Renan, seus 212 mil eleitores não serão punidos.
Estamos cansados de ouvir nas rádios, do Brasil e de Rondônia, e ler nos jornais e em sites, jornalistas e comentaristas ignorantes e imbecis, além de outros formadores de opinião, serem a favor da censura, por exemplo. Quantos já não tentaram me calar quando escrevo meus textos bobos? Baseados unicamente em seus toscos sentimentos telúricos me propõem apenas o silêncio como solução. Muitos idiotas metidos a intelectuais e jornalistas defendem abertamente a pena de morte, a redução da maioridade penal e outras tolices só como instrumentos de punição. Triste, vejo defenderem sem nenhum argumento a extinção pura e simples da política de direitos humanos e de todas as outras garantias que conquistamos “há pouco tempo e a muito custo”. Esses imbecis parecem desconhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a luta da humanidade contra os delírios de Hitler e de sua camarilha nos campos de extermínio.
Nem precisa se falar aqui dos muitos sermões, dos absurdos e das mentiras “ensinadas” dentro das igrejas do Brasil e da aceitação por parte dos fieis, sem nenhuma discussão ou reflexão do que é ouvido. Como a eleição de Renan Calheiros e de Henrique Eduardo Alves, a escolha de Marco Feliciano representa um pensamento “correto e ético” dentro da lógica deste Brasil de idiotas: se não há política coerente de direitos humanos nem necessidade de sua implantação dentro da nossa sociedade e nem respeito às minorias, por que e para quê se defender o inexistente? Infelizmente, o pastor evangélico, acusado de homofobia, intolerância, racismo e estelionato representa parte do pensamento da sociedade brasileira e por isso vai permanecer em seu cargo assim como os outros já escolhidos e sacramentados. Nessa lógica, torturadores são homenageados e corruptas, como na Câmara de Vereadores de Porto Velho, são agraciadas com títulos beneméritos. E todos nos calamos e diante da desfaçatez, aceitamos.
*É Professor em Porto Velho.
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