Mulher é morta a facadas por ex-marido em shopping

Fernanda Grasielly Almeida Alves teria sido morta a facadas, pelo ex-companheiro, enquanto trabalhava numa das lojas do Terraço Shopping, no Cruzeiro. O homem atingiu o pescoço da vendedora e fugiu, mas foi contido por seguranças e acabou preso. Ele foi l

Mulher é morta a facadas por ex-marido em shopping

Foto: Divulgação

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O assassinato de uma comerciária em um shopping de Brasília a apenas uma semana do Dia Internacional da Mulher deixa evidente que o fim da violência contra a mulher ainda está longe de ser superado. O crime coincide com o exato dia em que o Banco Mundial lança, com a colaboração de celebridades, uma campanha para sensibilizar a população para o problema.

Fernanda Grasielly Almeida Alves teria sido morta a facadas, pelo ex-companheiro, enquanto trabalhava numa das lojas do Terraço Shopping, no Cruzeiro. O homem atingiu o pescoço da vendedora e fugiu, mas foi contido por seguranças e acabou preso. Ele foi levado para a 3ª Delegacia de Polícia.

92 mil mulheres assassinadas

Segundo o Mapa da Violência, publicado em 2012, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no País entre os anos de 1980 e 2010. Durante o período, o número de homicídios femininos cresceu mais de três vezes, saltando de 1.353 casos para 4.465 registros. Tendência que, segundo especialistas, se manteve nos últimos dois anos.

Em 2011, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, registrou 70.270 atendimentos a mulheres vítimas da violência. A maioria delas tinha entre 15 e 29 anos e foi agredida por maridos ou namo0rados. É o caso da comerciária Fernanda Grasielly. Esfaqueada pelo ex-companheiro nesta manhã no interior da loja em que trabalhava, ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

'Homem de Verdade Não Bate Em Mulher'

A morte da comerciária coincide de forma trágica com o início do Mês da Mulher e com o lançamento da campanha do Banco Mundial. A campanha conta com a participação de atores como Cauã Reymond, Gabriel Braga Nunes e Thiago Fragoso e de atletas como o judoca Flávio Canto. Eles aceitaram posar, gratuitamente, segurando cartazes onde se lê a frase 'Homem de Verdade Não Bate Em Mulher', mote da campanha. Uma das fotos oficiais traz a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes. Militante na luta pelos direitos das mulheres, Maria da Penha ficou paraplégica após o ex-marido tentar matá-la. Na luta para que o agressor fosse punido, ela acabou inspirando a aprovação da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006.

proposta do Banco Mundial é que cidadãos de todo o País participem da iniciativa. Para tanto, basta tirar uma foto segurando um cartaz com a mensagem 'Homem de Verdade Não Bate Em Mulher' e postar no Instagram ou no Twitter (@worldbanklac) com a hashtag #souhomemdeverdade.

Em nota, o Banco Mundial explica que o objetivo da campanha é acabar com o estigma de que a Lei Maria da Penha é contra os homens. "A igualdade entre os gêneros é fundamental para o desenvolvimento e a produtividade econômica. Os homens não perdem nada quando os direitos femininos são promovidos. Pelo contrário, estudos indicam que relações equilibradas são boas para as mulheres, homens e famílias", argumenta a diretora do Banco Mundial para o Brasil, Deborah Wetzel.

Segundo o sociólogo Julio Jacobo, responsável pela elaboração do Mapa da Violência no Brasil, os dados do Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, revelaram que, em comparação com 2006 e anos anteriores, o número de assassinatos de mulheres chegou a apresentar uma ligeira queda em 2007, primeiro ano de vigência da Lei Maria da Penha. As ocorrências, contudo, voltaram a aumentar a partir de 2008.

"Por um lado, provavelmente aumentou o nível de denúncias apresentadas pelas mulheres. O que antes pertencia a estrita esfera privada, familiar, hoje entrou para a esfera pública, propiciando as denúncias", disse Jacobo à Agência Brasil. Em relação ao Mapa da Violência, o sociólogo defende que o grande número de assassinatos está frequentemente associado a uma conjuntura marcada por um elevado nível de tolerância à violência contra a mulher.

"Os mecanismos por meio dos quais essa tolerância atua em nosso meio podem ser variados, mas um é preponderante: a culpabilização da vítima como forma de justificar essa forma de violência. É o que ocorre, por exemplo, quando se diz que uma mulher estuprada foi quem provocou o incidente. Ou que ela se vestia como 'vadia'", acrescentou Jacob.

 

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