A equipe do JN no Ar visitou nessa quarta-feira (4) comunidades que convivem com benefícios e problemas causados por duas obras grandes do governo: as usinas de Santo Antônio e de Jirau, em Rondônia. São lugares que receberam, em pouco tempo, milhares de trabalhadores.
É a segunda vez que a equipe vai para essas regiões do Rio Madeira. São obras de grande relevância. Há um grande contraste. De um lado, há obras gigantes. De outro, a precariedade das populações vizinhas.
Filhos de trabalhadores que foram recentemente para a região são mais da metade das crianças de uma escola. Em dois anos dobrou o número de alunos. O pai de Flávio veio do Amazonas. O de Diogo, do Paraná.
“Meu pai veio para ganhar dinheiro”, diz o menino.
Francisco de Assis veio do Maranhão também atrás do salário das grandes hidrelétricas. “Aqui ganho até R$ 1,5 mil. Lá na minha terra não ganho isso”, revela.
A grande obra da hidrelétrica de Jirau, que atrai milhares de trabalhadores e muda tudo em volta, está agora paralisada por causa do conflito da madrugada desta terça-feira (3). Os alojamentos para 3 mil operários foram incendiados.
Para chegar até lá, foi preciso pousar de madrugada no aeroporto da capital de Rondônia. Logo cedo, a equipe do JN no Ar saiu de Porto Velho, seguindo o Rio Madeira, em direção à região das hidrelétricas. A primeira é a de Santo Antônio. Fomos ouvindo os moradores. Lá, a reclamação é que a água está tomando o terreno deles.
Seguimos em direção a Jaci Paraná, a maior localidade na região de Jirau. Logo na entrada do distrito, uma surpresa: era uma manifestação de moradores organizada por causa da chegada da equipe. Eles preparavam o fechamento da estrada.
A interdição da estrada já é a segunda desse ano. Durou parte da manhã e prejudicou muitos motoristas. Mas o que acontece em uma cidade que vê a população multiplicar por cinco em poucos anos?
Os comerciantes gostam do progresso, mas quem precisa de atendimento médico sofre no único posto de saúde do lugar. Uma mãe reclama que não tem dentista. A diretora de um posto, Adriana Soares, avisa que nunca há médico.
A Secretaria de Saúde de Porto Velho diz que foi surpreendida pelo crescimento da população e que está tentando contratar médicos. Luis Maiorquin, secretário em exercício de Saúde, diz que vai melhorar o salário para tentar contratar médico.
Ao lado de Jaci Paraná, na cidade planejada de Mutum, as casas bonitas escondem o mesmo problema. No posto moderno e recém-construído, há salas vazias e falta médico.
O menino Edivaldo, de 11 anos, chegou com inchaço nas pernas e muitas dores. A enfermeira Valcinéia das Neves não sabe diagnosticar o que ele tem. Edivaldo foi transferido de ambulância para a capital, a mais de 100 quilômetros.
São obras importantes para o Brasil. Vão garantir a energia que gera empregos e qualidade de vida. Mas nem todos que moram ao lado estão satisfeitos.
“Havia a promessa de mudança de vida”, diz um homem.
“O povo vivia da madeira, da pesca... tudo acabou”, conta outro.
“Melhorou o emprego. Isso foi bom”, avalia uma mulher.
O menino Edivaldo foi medicado e passa bem.
A equipe do JN no Ar segue para o Pará, para ver o impacto das obras de Belo Monte na cidade de Altamira. Nesta quarta, cerca de 4 mil dos 7 mil operários da usina pararam de trabalhar. Eles reivindicam equiparação salarial. A reportagem desta quinta-feira contará com o apoio da TV Liberal, afiliada da Rede Globo no Pará.