As audiências públicas que discutirão propostas para o Planejamento Participativo de Porto Velho, de 4 a 9 de julho, no Teatro Banzeiros, ganharam nesta quinta feira, dia 30, uma prévia na Vila Princesa, onde a comunidade debateu as prioridades para sugestões de investimentos no bairro. O encontro foi promovido pela Secretaria Municipal de Educação, e contou com o apoio de diversos setores do governo municipal e de entidades não-governamentais, empresas e associações.
A professora Greice Fonseca, diretora da Escola João Afro Vieira, a única instituição de ensino instalada no bairro, lembrou que as necessidades na Vila Princesa são “gritantes”, como explicou. O principal problema que será levado às audiências públicas é a escassez de água potável. “Algumas famílias ficam até 10 dias sem tomar banho”, comentou.
A falta de iluminação pública, segurança e infraestrutura também foram apontadas pelos moradores. A secretária Municipal de Educação, Fátima Ferreira, que representou o prefeito Roberto Sobrinho no encontro, lembrou a importância da organização da comunidade em atividades como esta, que servem para que todos sejam ouvidos. Para Fátima, a cooperativa de catadores que funciona no bairro é um exemplo de organização que deu certo. Segundo ela, o projeto ainda deverá ser ampliado, permitindo a participação de mais pessoas, conforme a coleta seletiva seguir em crescimento na cidade.
A falta de água é um problema histórico na Vila Princesa, onde moram cerca de 300 famílias. O único poço artesiano instalado nas proximidades não dá conta de servir a todos. Levar água para o bairro através da rede pública é uma responsabilidade da Caerd – Companhia de Água e Esgoto de Rondônia, que também levou um representante para a reunião. Segundo Fátima, a prefeitura está atenta ao problema e tem feito sua parte para levar a reivindicação às autoridades competentes.
Comissão
Da prévia na Vila Princesa foram escolhidas cinco comissões, que levarão às audiências públicas cinco diferentes temas apontados como prioridades no bairro. Cada comissão é formada pro cinco representantes que foram definidos após o encontro.
A dona de casa Cristiane Brito, de 23 anos, reside na Vila Princesa desde que nasceu. Ela conta que a água que chega nas torneiras de sua casa, vindas do poço artesiano do bairro, tem o fornecimento interrompido por períodos de até três dias. “Quando volta, vem muito fraca”, lembra. Segundo ela, o comum é se armazenar baldes cheios para se usar nos dias em que não há fornecimento. Os banhos são tomados num local chamado represa do lago, na parte mais baixa do bairro. São banhos comunitários, onde até cinco pessoas utilizam ao mesmo tempo. “Mas não dá para tirar a roupa, porque é na rua, no meio do mato”, conta.