O que antes era proposta apenas de garantir alimento sem veneno ao próprio consumo, agora conquista o mercado rondoniense
Uma importante transformação vem ocorrendo no setor econômico primário de Rondônia, contribuindo para aumento da renda dos agricultores familiares. O processo se dá em função da adoção da tecnologia social, a exemplo do PAIS (Produção Agroecológica Integrada Sustentável), apoiada pelo Sebrae, e patrocinada pela Fundação de Banco do Brasil, Ministério da Integração Nacional e parceiros no Estado.
A tecnologia social resume-se na implantação de um cultivo de hortícolas, integrado a criação de galinhas, cultivadas em círculos com sistema de irrigação por gotejamento, em que promove um maior rendimento e oferece um manejo mais produtivo em uma área relativamente pequena, mínimo de 0,5ha. Agrega ao plantio uma área destinada ao cultivo de frutíferas, denominada quintal agroecológico, que objetiva a diversificação das culturas.
Apenas em 2010, em cinco regiões do Estado a metodologia foi aplicada em pequenas colônias nos municípios de Ariquemes, Alto Paraíso, Jaru, ouro Preto do Oeste, Vale do Paraíso, Mirante da Serra, Nova União e Teixeirópolis, Urupá, Ji-Paraná, Cacoal, Ministro Andreazza, Rolim de Moura, Santa Luzia, Alta Floresta, Novo Horizonte e São Miguel do Guaporé.
De acordo com Paiva, consultor contratado pelo Sebrae/RO para acompanhar os grupos de agricultores há uma mudança importante nessas propriedades camponesas. “O que até a chegada da tecnologia Pais eram produções essencialmente de subsistência, para sustento das famílias. Depois dessa capacitação rural, e no decorrer das consultorias, são fonte de renda, com uma perspectiva de uma produção em maior escala, com foco no mercado”.
No caso de Rondônia, explica o consultor, os pequenos agricultores identificaram a necessidade de trabalhar a propriedade com mais responsabilidade, valorizando o próprio trabalho visando obter resultado e não mais para subsistir.
Onde acontece
Tecnologia social criada pelo agrônomo senegalês Ali N’daye, o PAIS vem levando oportunidade para a melhoria na qualidade de vida de agricultores de baixa renda do Brasil. Em Rondônia, desde 2009, é executada em parceria do Sebrae e da Semagric (Secretaria Municipal de Agricultura) na zona rural de Porto Velho e também nos distritos de , Vista Alegre do Abunã, Jacy-Paraná, União Bandeirantes, em colônias do Km 32, Seringal Aliança, Cujubim, Bom Jesus, Joana D’arc, Km 13, Extrema e Nova Califórnia.
Segundo o consultor Paiva, na maioria dessas comunidades, “estamos já na fase das consultorias, mas podemos assegurar que houve mudanças importantes, com implantação de ferramentas de gestão tais como : fluxo de caixa, vendas e pedidos, produção, contas a pagar e a receber, como preconiza o PAIS”. Fazendo assim, a propriedade deve ser administrada como uma empresa rural.
“Sem o controle de gestão adequado, a propriedade pode vir a dar prejuízos e o objetivo da consultorias é dar uma visão de um negócio autosustentável”, explica Saulo Gomes Leite, gestor da Pais no Sebrae/RO.
Já a partir de 2010, a tecnologia Pais vem sendo trabalhada junto a camponeses dos municípios de Ariquemes, Alto Paraíso, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Vale do Paraíso, Mirante da Serra, Teixeirópolis e Nova União. Chegou também a Urupá, Mirante da Serra, Ji-Paraná, Cacoal, Ministro Andreazza, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé, Nova Brasilândia, Alta Floresta e Santa Luzia e Novo Horizonte.
Fixação no campo
Essas mudanças provocadas pela tecnologia Pais estimula os jovens a darem continuidade ao trabalho iniciado pelos pais. Sem alternativa, muitos se arriscavam a migrar a os centros urbanos dos municípios em busca de trabalho – geralmente encontrando subempregos, “fazendo com que os pais mandassem dinheiro para ajudá-los a sobreviver”, lembra Paiva.
Ele adianta mais: em algumas regiões, a novidade vem estimulando outros avanços sociais: a tecnologia desenvolvida em grupos de produtores, que naturalmente podem se interessar em outras ações como associativismo e cooperativismo.
Quem participa do Pais em Rondônia também tem a possibilidade de obtenção de um mercado mais favorável em virtude da oferta de produtos diferenciados pela não utilização de produtos químicos . As prefeituras são parceiras porque existe a possibilidade de comprar parte da produção para enriquecer a merenda escolar.
A partir dos avanços na organização e planejamento da produção pretende-se comercializar com Supermercados, principalmente alface e cebolinha verde, para atender aos consumidores urbanos com alimento saudável, sem o emprego de agrotóxicos.
“Esses produtores também ganham muito mais porque, antes da capacitação, consumiam alimentos seguros, mas inconscientemente, era o que eles tinham para a subsistência. Agora, não. Eles sabem que, além de saudável, também pode gerar lucro em função dessa condição”, explica Saulo Leite.
Parceiros
São parceiros no Projeto, em Porto Velho, Fundação Banco do Brasil, Embrapa, prefeitura municipal por meio da Secretaria de Educação e da Coordenadoria de Políticas para Mulheres e Secretaria Municipal de Agricultura. No interior, a parceria é com as prefeituras municipais e da ONG Padre Ezequiel, com sede em Ji-Paraná.
Serviço:
Central de Relacionamento Sebrae – 0800 570 0800