A ação da Força Aérea Brasileira (FAB), que resultou em tiros de advertência disparados contra um monomotor que transportava 176 quilos de cocaína, em Rondônia, deve provocar a redução do número de traficantes de drogas, principalmente os bolivianos, que tentam entrar com entorpecentes por via aérea no Brasil. A previsão é do delegado federal Carlos Sanchez, chefe da Delegacia de Entorpecentes da Polícia Federal de Rondônia.
A medida adotada pelos pilotos da FAB só foi possível por causa da Lei do Abate, que entrou em vigor em 2004. Sanchez disse que os efeitos da interceptação ainda não podem ser percebidos na última ponta do tráfico de drogas, que é o consumidor. "Isso vai demorar cerca de três meses. Após essa operação da FAB, acredito que os traficantes tenham de repensar suas estratégias. Com isso, os custos do tráfico devem aumentar e, por conseqüência, o valor da droga para o usuário também tende a subir."
O delegado federal disse que a fronteira do Brasil com a Bolívia, no trecho do estado de Rondônia, é composta por alagadiços e por pouca área seca. "Se eles optarem por mudar a logística de transporte de drogas por terra, isso vai facilitar a nossa ação de repressão junto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Caso eles escolham o transporte aquático, o custo deles vai ser bem maior", afirmou Sanchez.
A interceptação da FAB
O vídeo liberado pela Aeronáutica mostra a perseguição ocorrida na quinta-feira, dia 4, a um avião carregado com 176 quilos de cocaína. A aeronave não chegou a ser abatida. Dois bolivianos acusados de pilotar o avião – que tentaram fugir após o pouso – foram presos pelas polícias Civil e Federal.
Amparados pela Lei do Abate, os militares da FAB dispararam duas rajadas de tiros de metralhadora, depois de os pilotos terem ignorado os inúmeros procedimentos de comunicação e identificação. Eles tentaram manobrar o avião em direção à fronteira com a Bolívia.
A aeronave boliviana voava a uma altitude de 500 metros quando foi identificada pelo avião-radar E-99 e por um A-29. Depois do tiro disparado, o piloto da aeronave suspeita obedeceu às ordens da FAB.
Os pilotos do monomotor pousaram em uma estrada de terra de Izidrolândia, no interior de Rondônia. Inicialmente, a Polícia Federal havia estimado que fossem 300 kg de droga. "Nós só fomos acionados pela FAB no momento de fazer a abordagem da aeronave e dos traficantes", disse Sanchez.