Novembro termina como mês muito chuvoso em Porto Velho – Por Ranyére Nóbrega*

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Novembro termina como mês muito chuvoso em Porto Velho – Por Ranyére Nóbrega*

Foto: Divulgação

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 Neste mês de novembro, choveu como há algum tempo não chovia em Porto Velho. Em média é normal que chova entre 107 e 198 milímetros (mm) durante o mês de novembro, mas neste ano choveu 303 mm, isto fez com que o mês passado fosse enquadrado como ‘muito chuvoso’. O último registro de chuva acima de 300 mm em Porto Velho foi em 2004, ano que choveu aproximadamente 390 mm.
 



A explicação para tanta água é que um sistema anômalo vem atuando no hemisfério sul, o que tem provocado um bloqueio no avanço dos sistemas frontais (frentes frias), deixando o tempo com muitas nuvens sobre parte do Brasil, incluindo Porto Velho, mas também tem afetado o tempo no Oceano Pacífico e até na Indonésia.
 
O mecanismo atmosférico que mais causa chuva aqui em Rondônia é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e atua durante a estação chuvosa (período do verão amazônico). Por conta de um sistema de alta pressão sobre o Oceano Atlântico Sul - que está estacionada e volta e meia se intensifica, gerando um bloqueio -, a ZCAS tem permanecido há vários dias, o que aumentou a quantidade de chuvas neste mês. Normalmente este mecanismo atua de quatro a sete dias, em média. O sistema atual está apresentando desconfiguração, ou seja, perdendo os padrões de ZCAS, mas uma nova frente fria está chegando no sul e deverá gerar um novo episódio de ZCAS. E não estranhem se observarem ventos vindos do Sul (típico de eventos de friagem) em algumas regiões do estado nos próximos dias, principalmente no Vale do Guaporé, Sul, leste do Acre e com mais intensidade no pantanal mato-grossense.
 
Ainda esperam-se muitas nuvens e chuvas no decorrer desta semana, com menosprobabilidades de chuva significativa só para sexta e sábado. Isto não implica que o sol não irá surgir, mas sim que o mesmo deverá surgir sempre entre muitas nuvens, e que há uma tendênciado Sol aparecer mais durante a sexta e sábado.
 
Uma conjunção de sistemas em Santa Catarina
 
Em Santa Catarina, além desta alta pressão estacionada, há um fluxo de ar quente e úmido para a costa do estado. Esta umidade encontra a serra catarinense e favorece a formação de nuvens orográficas (próximas ao litoral). Além disso, ocorreu outro fenômeno sobre o estado, que foi a presença de um vórtice ciclone na região do Vale do Itajaí, aumentando a convergência de ar em baixos níveis, ou seja, o ar úmido que vinha do mar encontrava um mecanismo que fazia com que ele se elevasse na atmosfera, o que forma nuvens. Estes mecanismos não costumam atuar em conjunto, mas neste novembro atuaram, causando este desastre natural em Santa Catarina.
 
Culpa do Aquecimento Global?
 
Aquecimento global é o aumento das temperaturas médias do oceano e da superfície sobre o globo. Este aumento causa perturbações nos oceanos e na atmosfera e estas perturbações geram respostas, como tempestades e secas fora do normal. Nestes casos, quase não é possível dar ‘nome aos bois’. Alguns preferem batizá-los com um nome já conhecido, ou seja, querem associar o que ocorre ao Aquecimento Global e, conseqüentemente, à ação do homem sob o meio ambiente, pois é mais fácil do que procurar entender afinco o que está ocorrendo.
Santa Catarina já teve episódios de enchentes severas no passado, mas eventualmente estas enchentes estiveram associadas a episódios de El NiÑo, o que não ocorre neste momento. Então, está o fato ligado ao Aquecimento Global? É possível que sim. Como os mecanismos que estão atuando não têm precedentes no meio científico da Meteorologia, será necessária intensa pesquisa científica para poder explicar o que aconteceu, como, por exemplo, a que foi feita durante o episódio da seca de 2005 na Amazônia.
 
O que temos que ter em mente é que fatos como estes estão se tornando cada vez mais freqüentes e enquanto muitos cientistas ainda ficam discutindo quem está provocando o aquecimento global, se é o homem ou uma variabilidade natural do planeta Terra, pessoas estão morrendo ou sofrendo, há danos financeiros para a administração pública e privada, danos agropecuários, entre outros. Não podemos perder mais tempo discutindo quem é o culpado, precisamos buscar alternativas de como minimizar os impactos em desastres como este.
 
* Ranyére Nóbrega é meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Porto Velho e doutor em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
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