Leilão da linha transmissão das usinas do Madeira é só uma das primeiras vítimas da crise - Por Paulo Queiroz

Leilão da linha transmissão das usinas do Madeira é só uma das primeiras vítimas da crise - Por Paulo Queiroz

Leilão da linha transmissão das usinas do Madeira é só uma das primeiras vítimas da crise - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz
 
1 – CRISE ENJEITADA
 
Não minha senhora! Ao contrário do que tem proclamado nosso douto presidente Lula da Silva (PT), a crise não é do Bush, mas do sistema capitalista. Globalizado, convém não perder de vista. E se assim o é, pisa novamente no tomate o nosso guia quando diz que o Brasil não tem nada a ver com o peixe. Ainda mais que, considerando que o PT do nosso sábio e onisciente líder ainda não conseguiu realizar o socialismo que os documentos originários do seu partido previam quando o petismo chegasse ao poder, a suposição é a de que o país permanece tão ou mais capitalista quanto nos tempos em que os petistas xingavam de neoliberais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e sequazes.
 
Como se com esse insulto todos eles estivessem condenados a purgar as suas (deles) perversidades no “Terceiro Recinto do Sétimo Círculo do Inferno” que, segundo Dante, é onde estão e para onde vão os que enquanto caminhavam neste vale de lágrimas enganaram os semelhantes e atentaram contra a sociedade. Fosse assim, o tucanato estaria lá apenas exibindo numa faixa aquele dístico afixado no frontispício de certa necrópole interpelando a quem passa: “Nós que aqui estamos por vós esperamos”. Porquanto, acerca de Lula, petelhos, FHC e tucanos, pelo que se vê e como se diz pelaí, resultou tudo em farinha do mesmo saco.
 
Desse modo, visto que se vive no capitalismo e a crise é dele, globalizado, algo disso tem a ver conosco, por suposto. Claro que, por enquanto, nem a senhora, nem o digitador e nem o leitor, enfim, nós, o povo, ainda não estamos percebendo o quanto estamos sofrendo dos efeitos da crise. Mas é prudente não pagar para ver, porque além da merreca que tiver de desembolsar para isso, na hipótese de que a crise evolua na direção que está indicando que vai evoluir, ainda vai ter que tirar de onde não tem para saldar a dívida que não fez. Sem falar que a essa altura muito certamente vai estar comendo o pão que o diabo amassou. Crise é assim. As de imaginação, pródigas em clichês.
 
2 – CENÁRIOS SOMBRIOS
 
Em todo caso, se – como projetam os donos da crise – o pior ainda está por vir, o que vem por aí é uma recessão. Na semana passada, o presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Ben Bernanke, traçou um quadro sombrio para os Estados Unidos. Em audiência no Senado, ele disse que "se os mercados não estiverem funcionando, empregos serão perdidos, a taxa de desemprego subirá, mais casas entrarão em inadimplência, o PIB vai se contrair e a economia simplesmente não será capaz de se recuperar". Trocado em miúdos, como indicam as probabilidades com base em avaliações como a do figurão aí, os EUA caminham para uma retração e os americanos para um cenário que inclui algum tempo – anos, talvez – de PIB negativo.
 
Com o contágio da crise financeira para a Ásia e a Europa – onde vários bancos foram socorridos no final da semana passada – o mais provável é que a retração seja duradoura e arraste também boa parte das economias desenvolvidas. A desaceleração pode ser grande o suficiente para frear o crescimento econômico mundial para menos do que 3% - o que, para o FMI, já representaria uma recessão mundial. Mesmo a China, hoje uma das locomotivas da economia mundial, vai sentir o impacto dos problemas americanos. Grande exportadora para os Estados Unidos, a China também vai reduzir o ritmo.
 
De onde não é difícil concluir que essa história de que o Brasil não tem nada a ver com a crise é conversa para boi dormir. Qualquer jumento sem mãe medianamente informado não tem lá muitas razões para comemorar as dificuldades enfrentadas pelos irmãos do Norte. Sendo a maior economia do mundo, uma retração por lá vai contaminar com certeza as demais partes do globo. Incluindo, claro, o Brasil, não obstante as predições mercuriais de Lula.
 
De acordo com os especialistas, a primeira via de contaminação é a fuga de capitais. Os estrangeiros, que representam cerca de um terço dos investidores, precisam se desfazer de suas posições no Brasil para tentar fazer caixa em suas matrizes.
 
3 – VAMPIRO VORAZ
 
Há também a natural aversão ao risco – em momentos de crise, os papéis de países emergentes sofrem um aumento de rejeição. A saída em massa de investidores estrangeiros pressiona o câmbio – e o termômetro é a disparada do dólar. Dependendo da intensidade da alta, o dólar pode pressionar a inflação por aqui. Neste ano, por exemplo, ao ensaiar botar as unhinhas de fora o dragão da inflação já deu bastante trabalho ao Banco Central, que precisou elevar os juros. Agora, o câmbio pode levar a chamada autoridade monetária a manter o aperto para evitar uma nova rodada de reajustes de preços. Enquanto der para segurar, acrescente-se.
 
A outra via de contaminação – como não se cansam de apontar os comentaristas dos telejornais - é a escassez do crédito. As empresas brasileiras vinham captando recursos no exterior – onde as linhas são mais baratas – para investir em projetos produtivos. Com o recuo de liquidez mundial, está mais caro e mais difícil obter capital. E os projetos enfrentam mais dificuldades para ser implantados. Um bom exemplo está aqui no nosso quintal: o leilão da linha de transmissão da energia do complexo do Madeira pode ser adiado a pedido dos interessados, que alegam justamente dificuldades para obter os recursos necessários.
 
Como se chegou a isso? Festa, minha senhora, muita festa. Em vez de trabalhar e poupar, todo mundo que mais é ganhar dinheiro fácil. Nas bolsas de valores, por exemplo. Antes de a crise dar o ar da graça por esses pagos, mais de 500 mil brasileiros haviam entrado no jogo. Pudera. Só no ano passado a Bovespa registrou valorização acumulada de 45,28%. Nada que se possa comparar aos 97,3% verificados em 2003, mas algo seguramente bem mais apetitoso do que os cerca de 8% garantidos pela velha Poupança. Só que, como diria aquele alemão de longas barbas e cabelos desgrenhados, “O capital é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, sugando trabalho vivo e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo suga”. Pois.
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