Uma investigação iniciada há seis meses em Roraima pela Polícia Federal teve seu desfecho ontem com a Operação Vênus, realizada simultaneamente em três estados, incluindo Roraima, e culminou na prisão de 10 pessoas.
O delegado de combate ao crime organizado, Alexandre Ramagem, revelou o nome do único preso no Estado, Anderson de Oliveira Arruda, 23, localizado em casa na cidade de Pacaraima, fronteira com a Venezuela.
A suspeita inicial era que Alexandre fazia tráfico de cocaína, mas com o desenrolar da investigação foi descoberto que ele era uma célula de uma quadrilha sediada em Minas Gerais, que exportava ilegalmente para outros países, como Venezuela, Panamá, Peru, República Dominicana e Estados Unidos, um medicamento para emagrecer denominado “Emagrece Sim”, cujo laboratório funcionava ilegalmente, produzindo o composto “milagroso”. A participação de Anderson era atravessando as caixas para a Venezuela e de lá o produto seguia para outros países, através de outras células.
Após a descoberta foi feito contato com a PF em Minas Gerais, que também deu início à investigação junto com a Procuradoria da República daquele Estado. Depois de mapeada toda a movimentação da quadrilha, foram solicitadas 11 prisões temporárias e 16 mandados de busca e apreensão, que se deram no laboratório e residências dos envolvidos, em Minas Gerais, São Paulo e Roraima.
Ontem pela manhã os policiais deflagraram a operação cujo nome é em alusão à deusa romana da beleza, prendendo oito pessoas em Belo Horizonte. Uma mulher apontada como a mentora da quadrilha não foi encontrada. Em São Paulo houve a prisão de uma pessoa e, em Roraima, a de Anderson, que ainda foi autuado em flagrante no crime de tráfico e associação para o trafico de entorpecente, por ter sido apreendidas 100 caixas do produto em sua casa, com cerca de 18 mil comprimidos.
O laboratório funcionava sem licença dos órgãos sanitários e fiscalizadores. A quadrilha vendia o “Emagrece Sim” como se fosse produto fitoterápico, alegando ser 100% natural, quando, na realidade, contém em sua composição substâncias psicotrópicas e anorexígenas, causadoras de dependência física e psíquica.
COMÉRCIO
A operação desarticulou a principal organização criminosa que produzia o produto em escala e estava sendo chamado no exterior como as “pílulas brasileiras de emagrecimento”, que viraram febre no mercado internacional, principalmente americano, onde o kit composto de pílulas e um gel, para ser usado por 45 dias, tem um custo acima de US$ 200.
Inclusive o crescimento das vendas das pílulas teria chamado a atenção das autoridades sanitárias e polícias americanas, onde o uso do composto era considerado alto.