Nas últimas 24 horas diversos focos de queimadas foram observados pelos satélites do INPE. A política do meio ambiente em Rondônia não parece estar sendo compreendida por muitos, que preferem correr riscos em colocar fogo antes do período previsto pela lei.
Daniel Panobianco - Ji-Paraná - O fogo já se faz presente nos quatro cantos de Rondônia. Até a semana passada os primeiros focos estavam restritos apenas à região de Vilhena, onde foram observados núcleos mais intensos dentro do Parque Indígena Tubarões.
Nas últimas 24 horas, os satélites que enviam dados para o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos - SP mostraram o avanço das áreas de queimadas no oeste da América do Sul, principalmente os Estados de Rondônia, oeste de Mato Grosso (regiões de Comodoro e Pontes e Lacerda) e na Bolívia. Na última semana, os focos mais significativos foram avistados no centro-norte de Mato Grosso (região de Sinop) e no interior de São Paulo (regiões de Ribeirão Preto e Bebedouro), principais pólos agrícolas desses Estados.
Em Rondônia, a queima ainda é provocada por fatos acidentais, segundo informações do IBAMA, que recebe dados diretamente do INPE e tenta localizar os possíveis focos em terra, para descobrir se as áreas são de pertence público ou privado.
A última varredura dos satélites ainda indica a persistência e aumento gradativo das queimadas em Vilhena, algumas muito próximas da mancha urbana e outras mais adiante, no distrito de São Lourenço, às margens da rodovia BR-364, sentido Porto Velho. Nessa última rodada de captação, a união dos satélites meteorológicos GOES, EOS, NOAA e MSG, conseguiram detectar também focos de queimadas entre Guajará-Mirim e Nova Mamoré, mais precisamente no Parque Indígena Lage.
Outros focos foram captados ao final da tarde desta terça-feira em Costa Marques, Corumbiara, Pimenta Bueno e Ji-Paraná (próximo ao distrito de Nova Colina). Todos os focos observados são repassados ao PROARCO (Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal), que retransmite os mesmos as autoridades competentes, no caso de Rondônia, o IBAMA, SEDAM e FUNAI.
O interessante nesse inicio de período de seca e queimada, ainda que não permitidas no Estado, é que muitas reservas indígenas estão com fogo mata adentro. No ano passado, pesquisadores do SIPAM também detectaram focos de queimadas dentro de áreas de lei, e quando a fiscalização chegou via solo para posteriores averiguações, o fogo apenas tinha sido parte de um ritual da tribo.
Esse ano, os novos programas de monitoramento via satélite estão aptos a repassar os dados colhidos em questão de horas e enviar os mesmos as autoridades competentes para posterior identificação se de fato trata-se de uma queimada ilegal ou não.
Alguns agricultores das regiões de Vilhena, Pimenta Bueno e Ji-Paraná estão queimando o solo para a renovação de pastagem, fato este que, segundo informações obtidas pelo IBAMA, ainda não estão liberadas. Todo agricultor que tenha a intenção de colocar fogo em sua propriedade, seja para fins de limpeza de terreno ou mesmo em áreas de derrubada, deve comparecer até uma agência do IBAMA e assinar um protocolo respeitando todas as datas e limites fixados no acordo. Alguns, na sã consciência de que não serão pegos ou avistados pelos centros de pesquisas correm o risco de ao término do período seco no sul da Amazônia, pagar pelos seus atos com multas que, dependendo da área degradada e do patrimônio afetado podem chegar a mais de um milhão de reais.
O que põem agora todos em atenção e a própria sociedade também deve fazer a sua parte, com denúncias, são as áreas públicas protegidas por leis, como reservas biológicas, parques estaduais, e florestas de preservação. Em 90% dos casos observados com fogo dentro de terras do governo, o foco inicial teve inicio em uma fazenda ou outra propriedade vizinha. Está ai a conscientização dos produtores de Rondônia. Fazer a renovação do pasto é necessário, abrir novas fronteiras para o desenvolvimento é preciso, desde que respeitem os limites de onde pode ou não colocar fogo.
Dados: CPTEC/INPE – IBAMA - FUNAI