O médico e empresário rural Amílcar da Silva Lopes, em uma propriedade de 50 hectares de área ecologicamente explorada, ou seja, 30 de área utilizável para a construção de tanques e 20 hectares de proteção ambiental e preservação de um conjunto de nascentes, está há mais de 12 anos produzindo peixe de alto valor protéico e sem nenhum tipo de interferência artificial, com defensivos e outros agentes químicos utilizados na produção rural.
Para o empresário foi sugerido pela cultura e hábitos tradicionais, afim de aproveitar a área em volta do lago mãe onde estão as nascentes, mas Amílcar não aceitou o conselho sugerido e preferiu adotar o desenvolvimento sustentado. “Fiquei com 10 hectares a menos de pasto, mas ganhei a perenidade das nascentes que hoje estão mais limpas, vivas e altamente rentáveis, ainda com qualidade e capacidade para abastecer parte de uma cidade como Porto Velho, que beira meio milhão de habitantes", orgulha-se o médico piscicultor.
Amílcar está satisfeito com a auto-sustentabilidade. “Foi um investimento correto, viável e não vai parar por aqui. Tenho projeto para reflorestar até por uma medida de segurança das barragens. Vamos adensar a floresta com essências como assai, buriti, e madeiras nobres que ainda estamos escolhendo”, explica Amílcar.
Numa área de 50 hectares, cuja exploração convencional é de apenas 30 hectares, já foi produzido 55 toneladas de pescado de primeira qualidade nos últimos 10 anos. Espécies como tambaqui, surubim, pirapitinga, tilápia e jatuarana estão à disposição dos consumidores por preços de mercado. Na propriedade até o ato de comercialização é um espetáculo a parte. O comprador escolhe o peixe vivo dentro de um tanque natural, sem cimento, sem ferro e sem nada que possa contaminar o meio ambiente. Na propriedade até os bueiros são feitos de madeira. “Tudo biodegradável” garante Amílcar.
Atualmente está em fase de crescimento e engorda 14 mil quilos de peixes. Dentro de pouco tempo o Sítio Santa Bárbara, que é inclusive registrado no IBAMA como propriedade de piscicultura regional de onde obtém os alevinos, iniciará o criatório de Pirarucu. O pirarucu é um peixe amazônico, é rico em proteínas e elementos químicos necessários ao desenvolvimento orgânico do ser humano. A rentabilidade do pirarucu é superiores aos demais peixes.
Segundo o Ibama, a comercialização dessa espécie só pode acontecer se criada em cativeiro e que o animal esteja com peso de no mínimo 30 quilos. Fora dessa estipulação mínima o IBAMA não autoriza a sua comercialização. Para se observar a lucratividade da criação do Pirarucu, em um hectare de tanque, pode se ter criação de 150 a 200 unidades. O que representa em dois anos seis toneladas de carne. Além de outros elementos como a escama e óleo que podem ser comercializados, enquanto um hectare de pasto, esta sujeito a incêndios e outras intempéries, como pragas da cigarrinha e outras pestes que atacam o boi, no mesmo espaço de dois anos se colherá no máximo três cabeças de gado, que renderá no máximo 1.5 toneladas de carne.
A diferença é gritante e com muito mais custo para se produzir o boi. Sem falar no obrigatório envenenamento do meio ambiente, causado pelo uso de agrotóxicos e defensivos agrícolas, além das queimadas.
Um dos inconvenientes da piscicultura são os predadores naturais, principalmente o jacaré, que aniquila qualquer tentativa de uma progressão maior do criador de peixe. Porém o jacaré e outros predadores sinistros são protegidos por lei, o que obriga o produtor realizar mais investimentos como cercas eletrificadas para proteger os tanques de alevinos e peixes. Isso eleva o custo de produção.
O que Amílcar defende, é um estudo mais apurado sobre a legislação que rege o mercado de criação e comercialização de pescado, de origem artificial. Concluindo, acredita na viabilidade e na alta rentabilidade para quem cria peixe artificialmente. “É sem dúvida o caminho natural para se preservar o meio ambiente amazônico, manter as nossas fontes de águas vivas e perenes e ainda se produzir alimentos de auto teor nutritivo e protéico para a população”, explicou.
A Emater e a Secretaria de Estado da Agricultura desenvolvem programas específicos para a piscicultura, inclusive distribuído alevinos e repassando tecnologia aos pequenos produtores que pretendem iniciar a criação. Maiores informações podem ser obtidas nos escritórios da Seapes e da Emater em todo estado.
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