ESPECIAL - Mulheres se destacam em cursos de capacitação dominados por homens - parte III

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Foto: Divulgação

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Um dado chama a atenção nas salas de aula de cursos de profissionalização em Porto Velho: as mulheres estão quebrando paradigmas e optando por capacitação em áreas dominadas por homens. Mulheres que pretendem incrementar o orçamento domiciliar, adquirir experiência ou mesmo garantir o primeiro emprego trabalhando no entorno das obras das usinas de Santo Antônio e Jirau. Um exemplo claro desse quadro é que do número total de vagas disponíveis para montador e mecânica industrial no ano de 2007, através do Plano Setorial de Qualificação - Planseq ( programa financiado pelo governo federal, governo do estado, prefeitura municipal em parceria com outras entidades), 50% era composto de mulheres, afirma Tânia Baú, encarregada da Relação com o Mercado do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “As mulheres estão pegando no pesado e não se importam em trabalhar no meio de muitos homens”, ressaltou Tânia Baú. O cenário não é diferente na segunda etapa da qualificação do Planseq, que começou neste mês de fevereiro. De acordo com Tânia, os cursos desta fase continuam com um grande número de mulheres na montagem e na mecânica industrial. Em função da grande procura dos cursos de qualificação para a indústria por mulheres, o diretor corporativo do Sistema Indústria, Gilberto Baptista, adiantou que deve ser incluído na programação deste ano, possivelmente a partir de março, o curso técnico de pedreiro, exclusivo para as mulheres. “Como costumam ser mais detalhistas, pensamos em incluir esse curso para profissionalizar aquelas mulheres que pretendem trabalhar em obras, porém na parte de acabamento”, afirmou o diretor corporativo. Desta forma as mulheres também atenderiam a demanda atual de profissionais para a construção civil na capital.

OPORTUNIDADE DE EMPREGO

Lucélia Lopes Néri, 31, é desempregada, natural de Porto Velho e concluiu a pouco tempo o ensino Médio. Até o momento Lucélia só teve carteira registrada uma vez, na profissão de doméstica. “Já fiz muitos bicos fabricando e vendendo bijuterias, ajudando na cozinha de bares e restaurantes, servindo mesas, mas nunca tive uma profissão”, se queixa a desempregada. Atualmente residente em uma casa modesta de apenas dois cômodos e um banheiro, no bairro Felicidade, zona Leste da capital, Lucélia Néri divide a pequena morada com seu filho de 15 anos. Como renda, a desempregada recebe o Bolsa Família no valor de R$ 76 e a pensão do filho que gira em torno de R$ 100 a R$ 170 por mês. “Para conseguir sobreviver recebo ajuda dos meus pais”, explica. Com o dinheiro que ganha Lucélia não tem condição de pagar um curso profissionalizante. “Busco as oportunidades em que os cursos são gratuitos ou com valores simbólicos”. Conseguir uma vaga no Planseq foi uma das soluções imediatas para a desempregada seguir no caminho da profissionalização.

Lucélia é uma das mulheres que optou pelo curso de mecânica industrial. “Primeiro eu queria fazer eletricidade, mas não tinha vaga. Então, conversando com as pessoas do Senai optei por mecânica.Gostei do curso e não pretendo parar. Quero me profissionalizar nesta área”, falou com entusiasmo. A vontade de aprender e de garantir uma vaga na seleção para trabalhar nas hidrelétricas é tanta que Lucélia se inscreveu para o curso que começou nesta segunda-feira(11), de montador industrial.

Lucélia é um exemplo de persistência e de busca constante pelo aprendizado. Relatou que houve um período no ano passado em que fazia informática pela manhã, à tarde fazia o curso de mecânica e à noite se preparava para o vestibular da Universidade Federal de Rondônia. “Fui classificada no vestibular e no meio do ano começo a fazer administração de empresas”, disse emocionada. Assim como Lucélia Néri, Maria Sônia Melo da Silva, 44 anos, também não teve muitas chances de conseguir um bom emprego por falta de qualificação e busca uma chance nas usinas. Com ensino médio completo, Maria Silva só trabalhou como auxiliar de caixa por dois anos com carteira assinada. Atualmente também faz “bicos” ocupando a vaga de uma amiga no período de licença maternidade. “Já fiz outros cursos de corte e costura, corte de cabelo, informática, pão caseiro através de uma fundação, mas nunca consegui me empregar”, reclama Maria Silva. Seu esposo recebe salário mínimo e o casal tem a ajuda dos filhos, um de 26, outro de 21 anos. Ao contrário do que pode-se pensar quanto a sua disposição em função da idade, Maria Silva retruca e diz que não se sente velha. “Me sinto bem disposta e ainda quero um futuro melhor pra gente”. Ana Lúcia Costa de Souza, 31 anos, é casada e tem um filho de 12 anos. Ela é outro exemplo de mulher que quer incrementar o orçamento doméstico com uma vaga nas usinas. O marido trabalha e garante uma renda mensal em torno de R$ 500. A cunhada de Ana Souza, Josiane de Souza, 21 anos, fará companhia para ela no curso de montador industrial. Josiane faz parte da ala jovem feminina, que também nunca teve uma oportunidade de emprego.

“Vejo nesse curso uma oportunidade pra mim conseguir meu primeiro emprego. Escolhi esse curso também por curiosidade e quero saber como funciona o trabalho em uma usina hidrelétrica”, explica a jovem.

O canteiro de obras das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau devem ter, cada uma, em torno de 20 mil pessoas trabalhando no pico da obra. De acordo com informações obtidas no portal de Furnas, Santo Antônio terá capacidade de gerar 3,150 mil megawatts (MW) e o investimento previsto é de R$ 9,5 bilhões, em valores de 2006. O início das obras está previsto para dezembro de 2008.

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