*Foto/legenda: Acima a residência de dona Mirian dos Reis, na Vila Princesa, onde o seu filho se recupera de leishmaniose
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*Parte da comunidade do bairro Vila Princesa, localizada aos arredores do lixão público de Porto Velho, está preocupada com a proliferação de leishmaniose entre alguns moradores. Há pelo menos a denúncia de que cinco crianças estariam contaminadas com a “úlcera de Bauru” ou a chamada “ferida brava”, como popularmente são conhecidas.
*Um antigo morador da localidade, Ambrosino Damião da Silva (foto 02), 56 anos, há algum tempo possui a doença, mas, apenas, recentemente foi diagnosticado o “mal”. De acordo com uma de suas vizinhas, Mirian dos Reis, que possui um dos filhos contaminados, o seu vizinho foi desenganado, pois em primeiro momento os médicos acreditavam se tratar de hanseníase, até um exame constatar que ele estava com a leishmaniose.
*Na casa de Mirian dos Reis, o seu filho, menor de idade, M. R., foi diagnosticado a “úlcera de Bauru” (foto 06) e logo levado à policlínica do bairro Jardim Eldorado, onde o garoto foi atendido pelo médico Jean Bessa Negreiros e tratado com um remédio que tem como fórmula o “antimoniato de meglumina”, Glucantime, de 300 ml (foto 05), com aplicações de injeções diárias realizadas por uma enfermeira da própria policlínica.
*A preocupação surgida entre os moradores é que se trata de uma doença primariamente zoonótica, causada por diversos parasitas do gênero Leishmania, envolvendo mamíferos silvestres – como cães (que existe em grande quantidade na comunidade) -, que servem como reservatórios do parasita, e é transmitida por diferentes insetos vetores da família Psychodidae e da subfamília Phlebotaminae (vulgarmente conhecidos como: Catuqui, mosquito palha, cangalinha e suvéola).
*Os insetos, transmitem a doença para o ser humano, após picar o animal doméstico contaminado. Geralmente estes insetos vivem em locais descampados, onde o ambiente natural foi modificado, conseqüência dos desmatamentos.
*Dona Mirian disse à reportagem do site que em relação à transmissão da doença no seu filho, em primeiro momento acreditava-se que teria sido através de um cachorro, mas depois ela foi informada que foi devido ao ambiente, por morar em local sem saneamento básico ou estrutura higiênica adequada.
*Um dos procedimentos percebidos no exame da pessoa contaminada diz respeito a procedência do paciente, incluindo o lugar onde mora.
*Durante muito tempo o morador em frente da casa da dona Mirian, Ambrosino Damião, esteve diagnosticado com hanseníase, até ser constatado que na verdade ele estava com leishmaniose.
*Muito magro, com a sugestão física débil, Ambrosino apresentou durante muito tempo um avançado quadro de lesão cutânea nos lábios, local onde se desenvolveu a úlcera leishmaniótica. Segundo a profilaxia médica sobre a doença, a região entre os lábios e/ou nariz é apontada como o local onde a mucosa é mais atacada.
*Medicado, o morador segue o tratamento à risca e já deu sinais de melhora em relação à leishmaniose. Por estar há um longo tempo contaminado, acreditava-se que ele poderia ter sido a fonte de transmissão da doença – o chamado hospedeiro -, já que, esse mal é transmitido via inseto e mora próximo à residência onde o garoto, M.R., foi contaminado.
*Seu Ambrosino foi enfático ao dizer que não transmitiu a doença e justificou o fato de ter uma família numerosa, com oito filhos, e não ter contaminado ninguém dentro da sua residência. Mesmo morando em condições precárias, numa casa feita de entulhos de madeira e envelhecidas lâminas de compensado, com esgoto a céu aberto e que deságua em uma imunda poça de lama verde (fotos 03 e 07)– transformado em um depositário de larvas de inseto -, onde corriqueiramente algumas crianças brincavam (foto 04.
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Acompanhamento da Semusa
* De acordo com a chefe da Divisão de Controle de Doenças com Transmissão Respiratória, enfermeira Valmira Rocha de Souza, da Secretaria Municipal da Saúde, até agora na Vila Princesa, três casos da doença foram confirmados e já estão medicados. Ela desconhece os outros dois casos ditos à reportagem por um membro da comunidade.
*A enfermeira informa que há três meses um grupo composto de enfermeiros e médicos, que fazem parte do Programa de Saúde da Família (PSF), todos os sábados passam o dia na Vila Princesa. Nesse dia, a comunidade passa por atendimento médico, odontológico e faz exames clínicos.
* “A partir do momento em que o diagnóstico de leishmaniose foi confirmado, passamos a orientar aquela população quanto aos perigos de ter em casa cachorros e gatos sem o acompanhamento veterinário”, explica Valmira Souza.
*Segundo a enfermeira, em todas as visitas, a equipe do Programa de Saúde da Família (PSF) que atende a comunidade, tenta conscientizar aquelas pessoas dos perigos desses animais domésticos. “Primeiro eles precisam se conscientizar do perigo, para partir daí entregarem voluntariamente seus animais para um canil”.