ENTREVISTA – AMADEU MACHADO

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Foto: Divulgação

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*Dr. Amadeu, conte essa história da CPI e da revista Veja? *Janeiro de 2002. Minha mulher, meus filhos pequenos e eu embarcamos na caminhonete e tomamos a BR-364, rumo a Cuiabá. Íamos passar alguns dias de férias no Hotel Águas Quentes. * Almoçava em Ariquemes quando tocou meu telefone celular. Era o amigo Rubens Moreira Mendes, então Senador da República. Com a voz grave ele manifestou sua solidariedade a mim, que não estava entendendo nada. *De fato o ano de 2001 fora extremamente rigoroso comigo. Talvez fosse isso que o Rubinho estava querendo dizer... *Em maio daquele ano o Presidente da Assembléia Legislativa, Natanael Silva, irado com a minha conduta na Presidência do Tribunal de Contas (graças a Deus ele estava irado comigo), montara uma Comissão Parlamentar de Inquérito cujo objetivo era me atingir, na medida em que se propunha a investigar uma indenização que a firma Ribas, Machado & Leal, da qual sou sócio, estava a receber do Estado de Rondônia. *Na calada da noite, como sempre, com o quorum necessário, composto por seus mais próximos coadjuvantes no parlamento, ele criou a tal CPI da Indenização. *Mandou me dizer que se eu me aposentasse ele arquivaria a CPI, caso contrário arrebentaria comigo. *Refuguei veementemente a chantagem e a CPI aconteceu. *Pelo resto daquele ano de 2001 fui severamente castigado por três deputados, Natanael, Chico Paraíba e Edézio Martelli. *Todos, em conluio com um jornal de grande circulação (3000 mil exemplares/dia) e um sítio na internet criado pelo próprio Presidente da Assembléia e mantido com dinheiro público, gastaram litros de saliva, toneladas de tinta, montanhas de papel, horas e horas de internet, objetivando destruir-me ao ponto de não restar pó, nem cheiro do outrora poderoso (dizem eles) Amadeu Machado. *Compunham a CPI o Martelli, como presidente, Chico Paraíba, relator e membros Renato Velloso, Augusto Plaça e Kaká Mendonça. *Vamos prestar atenção nesses nomes. *Em verdade a tal CPI e os veículos de comunicação me maltrataram muito. Diariamente eu era espancado, agredido, vilipendiado, esculhambado mesmo. *Tivesse me aposentado não passaria por nada disso, em compensação jamais levantaria minha cabeça, porque aposentar-me significaria confissão, reconhecimento de alguma culpa. *Foi, então, um ano muito duro, muito cruel. *Fiz essa digressão enquanto ouvia o Rubens me dizer que estava se solidarizando comigo porque ele, embora sendo sábado, já estava lendo a revista Veja, na qual constava uma matéria, com o requinte de fotografia minha, que me imputava a condição de falsário. Dizia a Veja que eu havia falsificado registro imobiliário de uma terra inexistente e forjara um acordo com o Estado para receber milionária quantia. *Eu já sabia que isso iria acontecer, porque amigos me disseram que o Presidente do Poder Legislativo, propalava que dispunha de R$ 50 mil para plantar uma matéria contra mim , ou na Veja ou na Isto É. *Se pagou, não sei, só sei que a tal matéria foi publicada. *Naquela semana a jornalista Malu Gaspar me ligara, dando conta do material que estava produzindo e, por dever de ofício queria ouvir minha versão. *Ora, esse contato foi numa quarta-feira e no sábado a revista já circulava. Ou seja, a reportagem estava pronta, e me ouvir foi o mesmo que time desclassificado entrar em campo. Ouvir-me significou cumprir tabela. *Segui minha viagem e hibernei no hotel durante dez dias. *Só então fui ver o estrago que a Veja havia feito comigo. *Perplexidade, dor, muita dor, revolta, raiva, eram os únicos sentimentos que me dominavam. *Claro que os mesmos veículos locais se refestelaram como urubus sobre carniça. *Propus ação reparatória de dano moral contra a Editora Abril. *Agora, quatro anos e dez meses depois da aviltante matéria, embora a assertiva de Ruy Barbosa de que “justiça que tarda é injustiça qualificada”, recebo com enorme prazer a sentença proferida pelo juiz titular da Vigésima Oitava Vara Cível de São Paulo, Doutor Eduardo Almeida P. Rocha de Siqueira, na qual a empresa Abril é condenada a me indenizar dano moral, sendo fixado o valor de R$ 150 mil, corrigidos monetariamente a partir da data da publicação (janeiro de 2002), computando, ainda, juros moratórios de 12% ao ano a partir da citação (maio de 2002), além de ter que publicar na mesma revista a parte dispositiva da sentença. *Claro que recursos virão, pois é de se supor que essa publicação semanal (Veja) deva estar atolada em ações, face sua linha editorial recente, o que pode, inclusive, levá-la a um severo desequilíbrio financeiro. *Mas, bom que se diga, a sentença não deverá ser modificada em qualquer instância, ante a sobriedade, ponderação, razoabilidade, técnica jurídica e fundamentação de tal decisão. *Melhor ainda que se diga, haver o Magistrado fixado com extrema clareza as condições para o êxito da demanda, bem assim o quantitativo da indenização. *Fiz a prova de que a revista mentiu, caso assim não fizesse, com certeza teria a ação sido julgado improcedente. Fiz prova, também, da retidão de minha conduta e da relevância do cargo que ocupava, fatores que agravaram o quantitativo indenizatório. *Ao viso daquele Magistrado, ao contrário do que ocorre em outras jurisdições, não é qualquer um que mereça ter honra indenizada. *Há que tê-la intacta. *Em outras terras, gente mais suja que pau de galinheiro vem amealhando generosas indenizações, sem que a materialidade da lesão tenha ocorrido, já que só pode sofrer dano moral quem detenha intocável esse patrimônio interior. *Agora, a ironia da situação. *Os meus algozes daquela época, e que, durante muito tempo, quando pretendiam me atingir, diziam – saiu na Veja – verifique-se em que situação encontram-se hoje. *Os da mídia local são sonegadores fiscais, ladrões de merenda escolar, chantagistas, amorais notórios, contratados por tarefa para destruir reputações (serviço sujo em geral – vai lá e acerta o Bispo), carregam pesadas penas sobre suas cabeças, afora os sonhos megalômanos de poder já frustrados e, evidentemente, absoluta e total perda de credibilidade. *Os parlamentares que me investigaram, me massacraram, sob a alegação de que eu recebera indevida milionária indenização (R$ 4.500 mil), estão quase todos envolvidos em escandalosos desvios de dinheiro público, em valores assombrosos, enquanto eu e meus sócios recebemos aquela importância, que ainda tem valores pendentes, em troca de 110 hectares de terras urbanas ( hum milhão e cem mil metros quadrados), que o Estado nos desapropriou, no ano de 1990 e onde residem, hoje, mais de 1500 famílias carentes. *A nossa indenização foi fixada pelo Poder Judiciário, onde a ação de desapropriação fluiu, tanto em primeira, como em segunda instância. *Eles, os deputados, desviaram, ao longo desse tempo, para seus bolsos, mais de R$ 200 milhões. *Dinheiro do povo de Rondônia que foi desviado da saúde, da educação, da segurança, da agricultura, das estradas. *Quanto sofrimento a falta desse dinheiro não causou! *Alguns já não detém mais mandato, ou não foram reeleitos no recente pleito, e o rumo certo que seguirão será o da Estrada da Penal. *É mera questão de tempo. *Quem permanece no parlamento, com a fantástica renovação que lá houve, deverá ter seus processos, que estão travados no judiciário, autorizados a prosseguir, vez que os novos deputados, em número de 21, ou 20, não pretenderão compactuar com os crimes que algum esperto colega tenha cometido. * Vale dizer, a nova assembléia legislativa de Rondônia não compactuará com a impunidade parlamentar e fará a última faxina ética que, por alguma razão ($$$?), o eleitor de Rondônia não fez. *Teremos uma Assembléia de cara nova, limpa, correta, preocupada com a sociedade rondoniense, eu espero. *Outro ex-parlamentar, que tentou alçar o vôo da águia, foi abatido por uma estilingada, ainda não fatal, mas que o colocou fora do cargo onde se aninhara como forma de se proteger. Foi pior a emenda que o soneto, pois no tal foro privilegiado restaram queimadas duas instâncias. E o fim é iminente. *Está a águia com as duas asas irremediavelmente quebradas. *Nunca mais voará. *Mais uma vez se cristaliza o ditado popular de que “Deus não joga, mas fiscaliza”. *E estou muito satisfeito com o fiscal. *Obrigado Senhor. *Assim é a vida. *Amadeu G. M. Machado
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