"Se algum cidadão se sentiu ofendido pela minha manifestação de alegria, eu peço desculpas. Na realidade não foi nada mais do que isso." A declaração bem podia ser de um jogador de futebol, que, depois de fazer um bonito gol, comemorou de forma mais exaltada. Mas, não. A declaração é da deputada petista Ângela Guadagnin, em entrevista para o UolNews, na tentativa de explicar o motivo pelo qual sambou no plenário da Câmara Federal, logo após a absolvição do colega, também petista, o deputado João Magno, que confirmou ter recebido do “valerioduto” mais de R$ 400.000 mil reais.
*Ora, mas será que o plenário da Câmara é um lugar apropriado para essa forma de "manifestação de alegria"? Não era mais adequado tomar um choppinho ali mesmo, num bar qualquer da esquina? Levantar-se do assento, cumprimentar o colega se esbarrando nas cadeiras e tudo em forma de samba pegou muito mal para a deputada, que desde o escândalo do mensalão vem pedindo vistas nos processos dos envolvidos.
*O que a deputada talvez não tenha visto, ou prefere não ver, é que motivos para comemorações, absolutamente, não existem. E sambar ou "manifestar alegria" foi, de fato, um ato do mais puro e cínico deboche. Mais triste para a oposição, foi o povo brasileiro assistir, mais uma vez, a esperança de seriedade e justiça na política indo novamente para o ralo.
Se cada vez que algum deputado for absolvido e houver "manifestação de alegria", dessas como da deputada Ângela Guadagnin, acontecerá a maior festa no legislativo, com direito a transações de propinas ao vivo e outras farras à custa de dinheiro público. Mas desta vez nada de manter em sigilo, tudo será mostrado ao vivo para quem quiser assistir. O que nos faz pensar e acreditar que a política no Brasil está ainda mais longe de ser levada a sério.