Amazonas - Casos de aids aumentam em 45%

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Foto: Divulgação

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O Estado do Amazonas registrou em 2004 um aumento de 45% no número de pacientes portadores do vírus HIV (Vírus de Imunodeficiência Imunológica), em relação ao ano de 2003, segundo dados fornecidos pela Fundação de Medicina Tropical (FMT). *A estatística de 2005 só será fechada em junho desse ano, mas poderá ultrapassar o índice do ano anterior, como declarou a coordenadora do programa de combate a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) do Estado, enfermeira Leila Ferreira. *“Os dados do ano passado estão sujeito a revisões. Isso acontece, porque uma parte de exames dos últimos meses do ano ainda estão em fase de testes. Mas tudo indica que pode ultrapassar 2004”, afirmou. *Segundo Leila, em 2003, os casos comprovados de pessoas soropositivas foi de 240 para 347 casos em 2004. No ano de 2005, até o último fechamento, pelo menos 215 exames foram confirmados. *A coordenadora do programa DSTs informou também que o grupo etário mais atingido é dos 20 aos 39 anos. E os homens ainda pertencem ao grupo de maior incidência nas infecções. *“Para cada uma mulher temos três homens infectados. Estudos comprovam que quanto mais intenso o sedentarismo sexual (diversidade de parceiros), maior é a probabilidade de contrair DSTs. E nos homens, sabemos que existe aquela cultura de ter para si várias mulheres”, ressaltou. *A estatística apontou também que os jovens podem ser as maiores vítimas da doença. “Embora o grupo etário seja até 39 anos, existe o período de incubação que pode chegar até sete anos. Logo, não se pode dizer que o paciente contraiu a doença com 35 ou 30 anos. Pode ter sido infectado ainda jovem”, ressaltou. *A capital amazonense responde por 90% de HIV registrado no Estado. A cidade vem seguida dos municípios de Tabatinga, Parintins, Itacoatiara, Manacapuru e Coari. “Manaus ainda precisa melhorar no que diz respeito a conscientização. No entanto, continuamos trabalhando intensivamente nas campanhas”, declarou. *De 1986 até o mês de fevereiro, 2.762 casos foram registrados no Amazonas. Desses, pelo menos 1.049 vieram a óbito. Em média, o tempo de vida do paciente soropositivo amazonense é de 8 a 10 anos. Segundo Leila Ferreira, essa é a média de todo o Brasil. *Luta contra o preconceito *Ao saber que era soropositiva em 1996, a ex-industriária Suely Almeida, 36, não paralisou sua vida. Embora tenha recebido preconceito da própria familía, ela passou pela discriminação que a doença traz, e decidiu lutar. Em entrevista ao Em Tempo, ela conta sua trajetória: *Em Tempo: Você lembra em em que circunstância contraiu o vírus? *Suely: Acredito que foi através do meu marido. Ele não era de Manaus, e tinha vindo de outro Estado. Vivia na cidade a pouco tempo quando o conheci. Logo nos dois primeiros anos de casamento, ele ficava doente por qualquer motivo. Qualquer gripe virava pneumonia, tinha infecções intestinais constantes. Logo comecei estranhar tudo aquilo, mas já era tarde de mais. No terceiro ano descobri que ele soropositivo e, consequentemente, eu também tinha grandes possibilidades de ser. *Em Tempo: Você suspeitava que ele já sabia da doença antes de conhecê-la e não a informou? *Suely: Acredito que sim. Embora ele nunca tenha me confessado que tinha HIV, ele já veio para a cidade sabendo da sua situação. O que fiquei sabendo depois é que ele nunca aceitou a doença, e por isso se refugiou em Manaus. Fiquei bastante revoltada com a verdade, mas não tive coragem de abandoná-lo. Fiquei com ele até a sua morte, que aconteceu no quinto ano de casamento. *Em Tempo: Chegou a ter filhos com ele? *Suely: Tive cinco filhos. Mas, graças a Deus, as crianças não contrairam a doença. Hoje eles estão maiores. O mais novo tem 11 anos e o mais velho tem 18 anos. *Em Tempo: Qual foi a sua primeira reação após saber que era soropositva? *Suely: Quando soube do meu estado em 1996, tinha 26 anos. Ainda trabalhava na função de montadora de uma empresa do Distrito Industrial. Tive a reação que todas as pessoas têm quando recebe uma notícia como essa. Quis matar a pessoa que me infectou, depois queria me matar em seguida. Mas, também, vem aquela sensação que a gente vai morrer no dia seguinte. *Em Tempo: Chegou a tentar suicídio? *Suely: Não. Esse sentimento foi só nas primeiras horas, quando soube do resultado. Depois tomei consciência que deveria aproveitar os dias que restavam da minha vida da melhor forma possível. Então, decidi lutar. *Em Tempo: E como foi essa luta, recebeu muitos preconceitos? *Suely: No trabalho, eu já tinha sido demitida, antes de saber que era soropositiva. Mas eu não sei se eles me deram as contas, porque vivia doente e aparentava estar sempre com algum problema. Na realidade, nunca fiquei sabendo disso. *Quanto a família, meus filhos me deram muito apoio, principalmente, após a morte do pai. *Por outro lado, meu irmãos e irmãs não aceitaram a minha nova condição. Essa foi a parte da minha família que mais me discriminou. *Em Tempo: Mas, entre os soropositivos, é possível ver discriminação? Essas pessoas aceitam a atual condição ou tentam escondê-la? *Suely: Por incrível que pareça, existe muito preconceito entre nós. Muitas mulheres querem esconder, disfarçar e até chegam a omitir que são soropositivas. Tinha uma amiga soropositiva que a mãe dela proibiu de andar comigo, porque eu não tinha vergonha de assumir a doença. Mas, o pior caso foi quando uma outra colega pediu para eu me esconder quando avistou um amigo. Segundo ela, o amigo poderia saber que eu era doente e poderia pensar que ela também era. Só que ela é soropositiva. *Em Tempo: E como está sendo conviver com a doença no decorrer desses dez anos? *Suely: Não vou dizer a você que sou uma coitadinha, que estou muito doente e próximo de morrer. Não vou pintar essa quadro, porque não é minha realidade. Como venho fazendo o tratamento corretamente, tomando todos os remédios e sempre fazendo exame para analisar minha carga viral (quantidade de anticorpos para proteger o organismo), por isso tenho levado uma vida mais ou menos estável. É claro que algumas infecções que sempre aparecem como diarréia, garganta inflamada, incomodam. *Em Tempo: E como está a associação das mulheres soropositivas no Amazonas? Tem aparecido muitas pessoas para adeirir à causa? *Suely: Estamos sempre realizando eventos, trabalhos e atividades que desenvolvam novas habilidades para as mulheres que estão nessa situação. Queremos que essas mulheres não percam o sentido da vida, porque se isso acontecer o tempo de vida delas irá, consequentemente, diminuir. Quanto a adesão das mulheres soropositivas, ainda possuem uma grande parte de mulheres que resistem a sua situação. Hoje temos cerca de 50 mulheres associadas.
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