*Hugo Silvério Rodrigues é acusado pelo IBAMA e INCRA de ser o maior grileiro do país. Como defesa, Hugo apresentou à reportagem do Em Tempo um documento, da prefeitura de Manicoré, atestando que seus serviços como topógrafo são contratados para a Transamazônica no quilômetro 180 e rodovia do Estanho em Bodocó e Manicoré no período de um ano. “Esse contrato foi renovado até 2003. Há dois anos não faço mais serviço de topografia”, afirma Hugo, que durante cinco anos intermediou e evitou conflitos na região.
*O contrato apresentado por Hugo diz que os lotes deveriam ser de 200 hectares e que mediante venda, o topógrafo receberia 20% da negociação. Só não explica quem vendia e recebia o dinheiro, se o próprio Hugo ou o município de Manicoré.
*Na prática, todos que querem terras procuram pelo topógrafo que se orgulha de ter aberto a última fronteira agrícola do país. “Não é fácil conciliar interesses. Por mais que queiram me transformar em um carrasco da natureza, vim para cá com permissão das autoridades. Fui contratado para isso”, afirma.
*Hugo só esqueceu de dizer que desmatou de uma só vez 2 mil e 500 hectares para criação de gado. “Estou sendo multado pelo IBAMA por ter desmatado essas terras, mas estou dentro da lei. Tenho oito mil hectares de mata intocada”, reclama.
*“Várias famílias desmataram demais e agora, como eu, sofrem por não terem a regularização fundiária”, lamenta o topógrafo, ao afirmar que o tempo de grilagem acabou. “Com o georreferenciamento é possível verificar rapidamente quem está desmatando via satélite. O IBAMA tem esse serviço”, explica.
*Hugo Silvério é um homem rico. Conhece como ninguém a região e age com um benfeitor em Matupi, ajudando os doentes e levando para Humaitá os mais graves, ou mandando peças para os que ficam no prego na estrada. “Estamos todos no mesmo barco, precisamos nos ajudar. Aqui todos dão carona e cooperam na hora da doença”, conta.
*Segundo Hugo, o INCRA está quebrado e não tem como pagar profissionais e nem equipamentos para fazer esse trabalho. “Agora existe o gel referenciador, um aparelho de 70 mil dólares que já fica no satélite o tamanho das terras e o nome do proprietário. Com isso não haverá mais invasão, nem crimes ambientais. A EMBRAPA já indica através do INCRA onde se pode plantar e o que se tem para preservar na região”, esclarece.