O jambu, planta símbolo da culinária paraense, está conquistando novos espaços além do tacacá e do pato no tucupi. A herbácea Acmella oleracea, conhecida pelos “botões de jambu”, provoca o famoso formigamento na boca e desperta agora o interesse de cientistas e empreendedores.
A arquiteta Tatiana Sinimbu trocou os projetos de construção pela pesquisa da planta e criou a empresa Jambu Sinimbu, que desenvolve produtos derivados do extrato etanólico, como cachaça, conserva, molho de pimenta e o polêmico spray afrodisíaco “Tremidão da Sinimbu” — premiado no Brasil e na Alemanha. O efeito é resultado do espilantol, composto natural responsável pelo leve anestesiamento e pela sensação de formigamento.
Pesquisas realizadas na UFPA e no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá confirmam o potencial do espilantol em aplicações médicas e cosméticas. O composto atua em receptores nervosos, melhora a circulação e pode até ajudar no equilíbrio cardiovascular.
O cultivo do jambu é concentrado no Pará, especialmente na região Bragantina, com pico de produção durante o Círio de Nazaré. Pequenos agricultores garantem o abastecimento de feiras e mercados, movimentando a economia local.
Além da gastronomia, o jambu ganha espaço na bioeconomia amazônica. O Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) incentiva o uso sustentável de espécies regionais como o jambu, o açaí e a copaíba. Pesquisadores da Embrapa estudam novas variedades e formas de cultivo, incluindo sistemas hidropônicos integrados à piscicultura.
Com propriedades anestésicas, anti-inflamatórias e até cosméticas, o jambu se consolida como um dos símbolos da inovação amazônica, unindo tradição, ciência e desenvolvimento sustentável.