O filme tem chamado a atenção não só pelo seu sucesso nas bilheterias, mas pelas suas três indicações ao Oscar 2025
Foto: Divulgação
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* Por Humberto Oliveira
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Pela segunda vez assisti ao filme "Ainda Estou Aqui". A primeira vez, dia 12 de novembro do ano passado, vi sozinho, e hoje, 7 de fevereiro de 2025, revi o filme, agora com minha mulher. De novembro para cá o cenário mudou significativamente. Na primeira vez, contando comigo, o cinema tinha apenas 12 espectadores. Hoje, a sala estava lotada. Chamou nossa atenção é o fato de que todos estavam tão concentrados na história, que não se ouvia nada além que os diálogos do filme. Apenas uma história poderosa e contundente tem a capacidade de cativar o público como tem feito também em outros países onde foi exibido.
O filme tem chamado a atenção não só pelo seu sucesso nas bilheterias, mas pelas suas três indicações ao Oscar 2025. A Sony Pictures inscreveu o longa em oito categorias para o Oscar 2025. Melhor filme, filme estrangeiro, direção, roteiro adaptado, atriz (Fernanda Torres), ator coadjuvante (Selton Mello), fotografia e montagem. "Ainda Estou Aqui" concorre em três - Melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz.
Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, o filme se destaca pelo elenco muito bem escalado e pela direção Walter Salles, que conseguiu transmitir com precisão a história comovente da família de Rubens Paiva. O elenco também conta com Valentina Herszage (“Elas por Elas”), Maeve Jinkings (“Pedágio”), Antonio Saboia (“Deserto Particular”), Olívia Torres (“Continente”), Humberto Carrão (“Aquarius”), Dan Stulbach (“Mulheres Apaixonadas”), Charles Fricks (“Terra e Paixão”), Caio Horowicz (“Boca a Boca”), Daniel Dantas (“Pega Pega) e mais. Todos muito bem.
História
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva conhecido pelo livro “Feliz Ano Velho” — um grande sucesso de vendas nos anos 1980, que também foi adaptado para o cinema, "Ainda Estou Aqui" gira em torno dos desafios enfrentados por Eunice Paiva, personagem de Fernanda Torres, cujo marido, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva, vivido por Selton Mello, foi levado por homens a paisana do exército para prestar depoimento com a promessa de retornar em breve, no entanto, nunca mais voltaria para casa. Foi torturado e morto pelos carrascos da ditadura militar. Durante anos o governo negou que Paiva havia sido preso e assassinado sob tortura.
Eunice e uma das filhas também foram levadas. Sob constante ameaça psicológica, a mulher de Rubens Paiva passou 20 dias sendo interrogada ininterruptamente. Um dia, de repente, foi liberada para voltar para sua família. Era apenas o começo de um pesadelo que duraria mais de quatro décadas.
Fenômeno
No Brasil, ‘Ainda Estou Aqui’ se tornou um fenômeno. Até este mês - o longa estreou no Brasil dia 7 de novembro de 2024, atraiu mais de quatro milhões de espectadores, apesar do estúpido boicote encampado pela extrema direita à soldo da família Bolsonaro, inconformados com o sucesso da produção, que mostra a mais obscura e violenta face do regime ditatorial defendido por essa horda de imbecis ignorantes. Quebraram a cara, pois desde a estreia o longa vem atraindo cads vez mais espectadores. Com uma arrecadação de mais de R$ 85 milhões, o filme superou o custo de produção de R$ 8 milhões, destacando-se como um dos grandes sucessos do cinema nacional recente. Nas redes sociais, entretanto, o filme tem enfrentado críticas de setores mais conservadores, que chegaram a propor o tal boicote citado acima, porém, o tiro saiu pela culatra.
Reconhecimento
Pela a relevância do tema abordado, que revive aspectos obscuros da história política brasileira, tem gerado discussões importantes e reconhecimento crítico. A Sony Pictures continua a promover o filme intensamente, visando uma campanha de premiações bem-sucedida. E "Ainda Estou Aqui" arrebanhou vários prêmios importantes. Até agora foram mais de 40 indicações e 19 conquistas.
No Festival de Veneza 2024 ganhou o prêmio de Melhor Roteiro. Ainda no Festival de Veneza, “Ainda Estou Aqui” recebeu o prêmio Green Drop, concedido ao filme que “melhor representa os valores da ecologia e do desenvolvimento sustentável, com foco na conservação do planeta e de seus ecossistemas para as gerações futuras, promovendo estilos de vida sustentáveis e a cooperação entre os povos”.
Também em Veneza, o filme levou o troféu do Júri Signis, concedido pela Associação Católica Mundial para Comunicação, que costuma reconhecer projetos que exploram a dignidade humana, a justiça e a paz.
No Critics Choice Association evento paralelo do Critics Choice Awards, um dos maiores prêmios do cinema, Fernanda Torres foi reconhecida no Celebration of Latino Cinema e Televisão como Melhor Atriz Estrangeira. No Vancouver International Film Festival a produção recebeu o prêmio do público, o Gala & Special Presentations Audience Award. “Ainda Estou Aqui” foi premiado com o Audience Favorite World Cinema, concedido pelo público do evento. A obra de Walter Salles se consagrou no festival de cinema de Pingyao, em Shanxi, China, que homenageou o diretor Walter Salles com o prêmio Crouching Tiger Hidden Dragon East-West Award.
Já na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos principais eventos de cinema do país, a produção foi eleita pelo público como o melhor filme nacional de ficção da Mostra. O Miami Film Festival, o longa foi agraciado com o prêmio do público, o Audience Award.
Excelente cotação
Com uma porcentagem de aprovação de 90% no Rotten Tomatoes, "Ainda Estou Aqui" é considerado um forte competidor para o Oscar 2025. O filme foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como representante na categoria de Melhor Filme Internacional. As críticas destacam a abordagem humanizada e realista do diretor Walter Salles, além das atuações marcantes de seus atores.
Performance merecidamente premiada
O desempenho de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva é amplamente celebrado, com críticos internacionais como Nicholas Bell do IonCinema destacando sua atuação como um marco na carreira da atriz. O filme também conta com uma direção de fotografia e montagem que contribuem significativamente para seu impacto emocional.
O Oscar espera Fernanda Torres?
Se este impulso continuará nas premiações do Oscar, permanece a questão, mas o filme já marcou sua presença decisiva na história do cinema brasileiro.
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