A obra retrata a vivência da autora na Favela do Canindé (SP), e apresenta o impacto da explosão populacional na época.
Foto: Divulgação
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Quarto de despejo – Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, foi escrito entre 1955 e 1960. A obra retrata a vivência da autora na Favela do Canindé (SP), e apresenta o impacto da explosão populacional na época. A falta de estrutura no local e a luta cotidiana para sobreviver é descrita em um diário que não deixa o leitor imune.
16 de junho… Hoje não temos nada para comer. Queria convidar os filhos para suicidar-nos. Desisti. Olhei meus filhos e fiquei com dó. Eles estão cheios de vida. Quem vive, precisa comer. Fiquei nervosa, pensando: será que Deus esqueceu-me? Será que ele ficou de mal comigo?*
Para sobreviver e manter os três filhos, Carolina Maria de Jesus, catava papel nas ruas e o que mais pudesse vender. Os materiais eram trocados pela moeda da época e já tinham destino certo: a alimentação diária da família. Com os parcos recursos era comum faltar itens básicos de higiene. Quando havia comida era racionada, já que a fome era constante. Já a aquisição de roupas e sapatos um luxo.
15 de Julho de 1955 – Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.*
Apesar do pouco tempo que pode se dedicar aos estudos, Carolina Maria de Jesus buscava na escrita o seu refúgio. Seu diário, além de retratar seu cotidiano simples era uma esperança de mudança de vida, já que o maior sonho da catadora de papel era ver seus escritos publicados. A oportunidade surgiu quando o jornalista Audálio Dantas teve conhecimento da narrativa de Carolina registrada em cadernos encardidos recolhidos do lixo. A Favela do Canindé teve destaque primeiro como matérias e depois como livro. O diário, segundo Audálio Dantas informa, foi editado para que não ficasse repetitivo, porém a escrita foi mantida conforme registrada pela autora, não seguindo normas ortográficas. Após a publicação o livro fez sucesso tanto no Brasil quanto em outros países.
Vocês são incultas, não pode compreender. Vou escrever um livro referente a favela. Hei de citar tudo que aqui se passa. E tudo que vocês me fazem. Eu quero escrever o livro, e vocês com estas cenas desagradaveis me fornece argumentos.*
A obra será tema de discussão do Clube de Leitura Porto Velho e a expectativa é que atraia muitos leitores. Todos estão convidados a participar e contribuir é só comparecer no encontro.
Clube de Leitura Porto Velho – cronograma
Os encontros do Clube de Leitura Porto Velho são inspiradores e proporcionam troca de experiência sobre cada obra, provocando discussões de pontos de vista diversos, já que cada leitor tem uma percepção diferente.
Desde 2017, a iniciativa vem reunindo os apreciadores de literatura, independente do gênero. Este ano já foram discutidos os livros: O Velho e o Mar, Ernest Hemingway; Crime e castigo, Fiódor Dostoiévski; Judas, Amós Oz; Os Devaneios do Caminhante Solitário, Jean-Jacques Rousseau;
Bocas do Tempo, Eduardo Galeano.
Para quem quiser se programar, seguem as próximas indicações. A participação é livre.
08 de setembro – Quarto de Despejo, Carolina de Jesus;
29 de setembro – Poemas Escolhidos de Elizabeth Bishop;
27 de outubro – Marilyn Monroe, Norman Mailer;
08 de dezembro – Romance da Pedra do Reino e do Príncipe do Sangue do Vai-e-volta, Ariano Suassuna
Há possibilidade de mudança das datas, para ficar por dentro das alterações é só seguir a página Clube de Leitura Porto Velho
* Trechos do livro Quarto de Despejo
DATA DO EVENTOSábado, 08/09/2018 | |
HORÁRIOS16h às 18h | |
PREÇOGratuita | |
LOCAL DO EVENTOExclusiva Café e Cultura | |
ENDEREÇOCarlos Gomes, 2340 - São Cristóvão |
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!