Nasce uma estrela – Por Reginaldo Trindade

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Nasce uma estrela – Por Reginaldo Trindade

Foto: Divulgação

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 Oito de Abril de 2016. Dia a ser lembrado.

Um grupo de pessoas do maior quilate reuniu-se para dar vida a um sonho.

Em meio a pompa, história, letras, música, arte, nasceu a Academia Rondoniense de Letras. Auditório lotado, público reverente.

O Teatro Guaporé ficou pequeno para tamanha grandeza e reverência à cultura rondoniense.

A solenidade foi elogiada pelos tantos que a prestigiaram. À altura da nascente confraria.

Tudo foi grandioso, emocionante, memorável, épico. Dos discursos às canções entoadas por uma orquestra de escola pública da capital. Escola pública!

A parte que poderia parecer mais maçante – a leitura dos currículos dos imortais e respectivos patronos – foi uma aula de história e de amor à terra rondoniense.

Os discursos retrataram o que precisava ser.

William Martins, presidente de honra e fundador do grêmio, abriu de forma teatral, que rima com magistral, os trabalhos.

O decano José Dettoni brindou a todos com a referência à academia de Platão e com a advertência, tão atual no Brasil, de que o mandatário deveria ser o mais capaz, o mais honesto. O que mais deveria cuidar da coisa pública – poderíamos acrescentar.

Júlio Olivar fechou com chave de ouro. Discurso de estadista, de pessoa apaixonada pelas letras, pelo que há de melhor na vida de um povo. Instou os presentes a dar a asas aos seus sonhos.

Tudo foi tão maravilhosamente perfeito que até mesmo o discurso do representante do Governo de Rondônia, Dr. Waldemar Albuquerque, pareceu ter brotado da apaixonada pena de um dos imortais.

Experiência sublime foi ouvi-lo suplicar para escrever sobre as coisas boas da nossa terra. Como se a paixão pela cultura, aprisionada há tanto tempo por indiferentes governos, ousasse dar o seu grito de independência, de liberdade.

Num Estado (ainda) tão carente de cultura, arte, educação, é uma benção ter uma Academia Rondoniense de Letras. Melhor ainda que ela já nasça assim. Vibrante, inspiradora.

Jamais escondi minha satisfação e honra por ter sido indicado e acolhido para um grupo tão seleto. Considero-me uma pessoa apenas entre gigantes.

É absolutamente apaixonante conviver num meio tão intelectual, de pessoas que escreveram muitos livros (apenas um acadêmico publicou dezoito!), que já estudaram tanto, no Brasil e até fora dele. Detalhe, todos despojados de soberba, muito humildes mesmo – como se a humildade contrastasse com a grandeza. Ou melhor, realçasse-a, reforçasse-a.

Nós crescemos quando há alguém acima de nós em quem nos espelharmos.

Foi/tem sido uma benção em minha vida a academia, assim como ela será para o nosso amado Estado de Rondônia. Se ainda pudesse sobreviver qualquer dúvida a respeito, a solenidade da última sexta veio para soterrá-la.

Nossa responsabilidade, no entanto, que já não era pequena, cresceu assustadoramente. O nascimento pomposo, digno de academia de primeiro mundo, como alguém já mencionou, exigirá de cada acadêmico um conduzir igualmente majestoso.

A sociedade não se contentará com menos do que isso. E é bom que seja assim. Uma comunidade que exija letras, arte, ciência – o que pode ser mais benéfico para o engrandecimento de todos?

Nossa obrigação, enquanto imortais, é fazer uma Rondônia mais feliz. Mais culturalmente feliz.

Imortal...

Recentemente, um acadêmico, numa noite inspirada, conceituou o termo. Imortal é aquele que não tem onde cair morto...

Herculano Martins Nacif, imortal cuja presença não morreu com o seu corpo, teve uma homenagem digna de sua trajetória, embalada ao som de Amazing Grace (Graça Incrível).

Amazing Grace foi composta em 1772 por John Newton, um ex-comerciante de escravos, que se arrependeu dos pecados, virou pastor e produziu esse hino que é, provavelmente, o mais gravado e reverenciado em todos os tempos.

Norte e Sul entoaram-no durante a Guerra Civil Americana. Ele foi tocado, ainda, na célebre marcha em que Martin Luther King compartilhou seu sonho com todos; quando Nelson Mandela foi libertado da prisão e também quando o muro de Berlim caiu. No 11 de Setembro, Amazing Grace foi entoada para um planeta enlutado.

Definitivamente, começamos bem. Muito bem. Melhor, impossível!

Que a Academia e seu soberbo nascimento signifique, então, um divisor de águas entre um passado de desprezo pela cultura e um futuro... diferente!

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