TROPA DE ELITE 2 – Escancarando os meandros da política e da corrupção no microcosmo universo carioca – Por Marcos Souza

“Tropa de Elite 2”, do diretor José Padilha, é um marco no cinema nacional, um fenômeno de massa politizado e acessível, escancarando com propriedade a essência do termo “corrupção política”, portanto esqueça a ação quase ininterrupta do primeiro filme,

TROPA DE ELITE 2 – Escancarando os meandros da política e da corrupção no microcosmo universo carioca – Por Marcos Souza

Foto: Divulgação

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“Tropa de Elite 2”, do diretor José Padilha, é um marco no cinema nacional, um fenômeno de massa politizado e acessível, escancarando com propriedade a essência do termo “corrupção política”, portanto esqueça a ação quase ininterrupta do primeiro filme, que dá a impressão de ter sido um episódio de um seriado policial (muito bem feito por sinal) enquanto essa continuação é “O FILME” na excelência da palavra.

O ex-capitão e agora coronel Nascimento sai do campo de batalha em meio as vielas e buracos das favelas do Rio de Janeiro para combater o tráfico de droga e está inserido no serviço burocrático, trabalhando como subsecretário de segurança da capital carioca, trabalhando diretamente no setor de “inteligência” – onde tem acesso a grampos e escutas.

Não se engane, “Tropa de Elite 2” tem ação vertiginosa em seus momentos de clímaxes, mas não na proporção “montanha russa” do primeiro (que teve o mérito de levar esse segundo ao sucesso estrondoso). Agora tudo é dosado em vista de mostrar como funciona o nascimento e a perpetuação das milícias nas favelas, que provocam medo, estabelece um vínculo com autoridades políticas em vista de financiamento de candidaturas e tira proveito da atual situação corrupta que atinge até o mais alto cargo do Estado. É ficção? Sim, mas com uma verdade absoluta de tudo aquilo que é publicado na imprensa e sempre lamentamos quando denúncias acabam esbarrando em conluios políticos que engavetam (arquivam) casos notórios de corrupção.

O roteiro é mais rico em detalhes e proporciona achados da trama que provocam risos nervosos, pois tudo pode resultar em tensões previamente estabelecidas pela situação da história, por exemplo, o fato da rixa entre o coronel Nascimento e um ativista político e defensor dos Direitos Humanos, que acaba sendo deputado estadual, e tem um papel fundamental com a sua família.

Situar a história 14 anos depois do primeiro filme e mostrar o resultado da vida pessoal de Nascimento, humaniza bem o personagem – que tem conflito com o filho adolescente -, que fica atormentado quando descobre que o sistema que ele tanto defende está mais podre do que nunca e hoje o inimigo não é mais o bandido favelado, mas sim engravatados que ocupam altos cargos públicos e ambicionam carreira política perpétua, sem medir conseqüências de seus atos.

A corrupção política é um prato a ser degustado com assombro durante a projeção do filme, que ousa em não apontar pequenos, pelo contrário, aponta os grandes, com uma riqueza de detalhes que impressiona. Não choca, mas mostra aquilo que todo brasileiro deveria ver e se revoltar, a corrupção ativa vem do alto escalão até o mais baixo, mas o grande perigo é, que você só tem acesso aos menores, os grandes escapam quase ilesos.

A violência é explicita, mostra de forma crua como as milícias tomam conta de uma favela e provocam uma revolução de medo, repressão e corrupção. Aqui o filme apresenta que na essência do termo, na corrupção política todos os governos podem ser afetados por esse crime, e inicia com uma simples obtenção e doação de favores com acesso privilegiado a bens ou serviços públicos em troca de amizade (como a presença do secretário de segurança pública, do governador - candidato a reeleição - e de um deputado estadual numa churrascada na favela, patrocinada pela milícia) ou ainda ação que pode resultar em troca do retorno de um percentual do pagamento para o governante ou autoridade com público (o secretário e o deputado estadual – que é apresentador e mantém um programa televisivo sensacionalista).

Para mim, que sou jornalista, a mensagem é clara, tudo que é publicado na imprensa motiva ações contrárias e/ou servem de mote para colocar a sociedade a par do que acontece, mas isso não significa que ocorra resultados imediatos ou mesmo investigações que resultem em CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito), a não ser por figuras isoladas que lutam contra o sistema (como é o caso do deputado que luta pelos Direitos Humanos) que podem fazer a diferença ou o coronel Nascimento, que através de perdas e revelações impactantes vai acabar unindo forças. “Tropa de Elite 2” mastiga isso com um senso de consciência que é um soco no estômago. O que vai ter de político e autoridade pública gritando aos quatro ventos que o filme é uma “ficção” e não condiz com a realidade. Anotem os nomes dos primeiros que falarem isso, pois é certeza, têm rabos presos.

A figura da jornalista que tem a possibilidade de mostrar a verdade que mantém as milícias ativas nas favelas, com a conivência das autoridades, é muito próximo da realidade, apesar do erro crasso em se empolgar demais com a verdade mostrada no covil do bandido, tornando vítima e que nos faz lembrar de forma impactante o que ocorre com jornalistas que entram nos meandros de uma investigação que envolve o alto poder do estado.

Algumas pessoas reclamaram do excesso de violência do filme, mas é a brutalidade que está inserida no contexto de toda a trama e ela, ainda assim, mostra a realidade de forma amena. Em uma entrevista do consultor do filme, que trabalhou no BOPE, ao telejornal Bom Dia Brasil, a violência real ainda é pior, mais cruel. O filme até ameniza, segundo ele.

A discussão que o filme pode gerar é sobre as distorções da corrupção em todos os setores da sociedade, enraizado no cerne do poder público, seja ele estadual e (como mostra muito bem as imagens finais com uma panorâmica seguida de um traveling aéreo sobre o Planalto Central em Brasília) federal. É um alerta, com uma mensagem contundente e que deveria ser assimilada por toda a sociedade. Antes do espetáculo, “Tropa de Elite 2” é um filme com motivações de alerta. Em época de eleições, toca em assuntos referentes a Ficha Limpa, corrupção parlamentar, hipocrisia, violência e abuso do poder público. 

Puxado pelo sucesso incrível do primeiro filme (que criou bordões, teve uma música de sucesso e mostrou a violência carioca em tiroteios realistas – desde “Cidade de Deus”, do diretor Fernando Meireles, não via nada igual), “Tropa de Elite 2” segue uma carreira de sucesso absoluto, pois em apenas cinco dias de exibição em mais de 600 salas por todo o país já está perto de alcançar a marca de 3 milhões de espectadores. Ressaltando que de sexta-feira (08) até ontem (12) o filme foi assistido por 2,4 milhões de pessoas, como a média diária tem sido de quase 500.000 espectadores, ainda nesta quarta o filme atinge facilmente os 2,9 milhões. Lembrando ainda que nesta quarta-feira é dia de meia entrada em grande parte dos cinemas e que muitas pessoas estão assistindo o filme mais de uma vez.

Destaco a exibição na sala do Cine Rio, no Rio Shopping, na avenida Carlos Gomes, centro de Porto Velho, que apesar de não ter o conforto dos cinemas do Porto Velho Shopping e nem do Cine Veneza, tem mais acessibilidade, pois o público é menor e o ambiente é agradável.

Marcos Souza é jornalista e editor-chefe do Rondoniaovivo.

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