ESPETÁCULO - “As sombras de Lear” realiza temporada no Teatro Um do Sesc

ESPETÁCULO - “As sombras de Lear” realiza temporada no Teatro Um do Sesc

ESPETÁCULO  - “As sombras de Lear” realiza temporada no Teatro Um do Sesc

Foto: Divulgação

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O grupo Imaginário de Porto Velho, estréia o seu novo espetáculo no próximo domingo, 09, no Teatro Um do Sesc, às 21h00, e realizará uma breve temporada com o seguinte circuito de apresentação: 15/12, às 19h00 – Apresentação especial na APAE e 21h00 - Apresentação normal; 16/12, às 19h00 – Apresentação especial na APAE e 21h00 – Apresentação normal; 20/12 , às 19h00 – Apresentação especial para convidados filiados do Sintero, 21h00 – Apresentação normal; 21/12, às 19h00 – Apresentação especial para convidados da Secel, 21h00 – Apresentação normal. O resultado das vendas dos ingressos (100%) das duas apresentações da APAE, terá a finalidade de ajudar na construção da sede própria da instituição em Porto Velho. “As Sombras de Lear” é uma peça teatral livremente inspirada na obra “Rei Lear”, de W. Shakespeare. Shakespeare escreveu seu texto entre 1606 e 1610, período do reinado de James I, filho de Mary Stuart, um rei que se achava culto, mas era ainda bárbaro. Para escrevê-lo o autor se inspirou numa parábola que contava a história de um rei e suas filhas, bem como em outras fontes vindas da cultura popular e da literatura oral. Na obra, Shakespeare trata do poder e sua ilusão, do relacionamento afetivo e político, do negligenciamento da responsabilidade social, com suas implicações, bem como da aprendizagem sobre o sentido da existência por meio de uma penosa caminhada do próprio rei. E, com isso, tematiza sobre a relativização do poder e da verdade, apontando para diferenças entre aparência e essência, bem como suas possíveis relações. No “Rei Lear” de Shakespeare a maldade está presente, bem como a cegueira, a vaidade, a arbitrariedade, o orgulho, a presunção e a ambição. É uma tragédia onde o rei depara-se com a necessidade de enfrentar a revisão de sua própria existência, por meio de uma pedagogia da dor. Este Rei Lear, velho, resolve dividir seu reino entre as filhas com a intenção de que elas sejam suas tutoras e ele possa continuar com o status de majestade porém, sem os encargos e tarefas do reino. No entanto, ao contrário do que imagina, é traído pelas filhas ingratas que ambicionam obter todo o poder e riquezas. Uma outra filha, por não aceitar bajulá-lo e fazer os jogos do poder no momento da partilha do reino, é banida por Lear que se sente ofendido por sua postura verdadeira. Ele não percebe sua honestidade e, cego simbolicamente, acaba precipitando-se e sendo arbitrário em bani-la do seu reino desencadeando, assim, sem querer, sua própria via crucis. Nesta caminhada, Lear vai se deparar com a busca do entendimento de si, de sua passagem de rei a homem. Seu processo de humanização é doloroso, ainda que tenha como guia um bobo da corte que, de bobo não tem nada. Este, por meio de versos, cantos e modos diferentes e divertidos de ser, apresenta a Lear toda a verdade que ele não quer ver e entender. Esta verdade, portanto, dói. Mas dói também toda uma circunstância em que ela é apresentada a ele, mesmo porque, neste processo, Lear também começará a perceber seu ato precipitado em deserdar sua filha boa. Doente do coração, magoado, irado, delirante, Lear sofrerá até encontrá-la, junto com a morte. No espetáculo As sombras de Lear, a história da relação do rei com as filhas está presente. Esta sustenta a trama que finaliza com a caminhada-expiação contínua do rei e, paralelamente, a tomada-instalação do poder do reino pela filha má. Nosso Lear não morre. Damos a ele a opção de mudar por meio deste percurso. Fazemos isso inspirados numa característica da tragédia do Renascimento, que é diferente da tragédia grega onde não há opção. São três atrizes em cena que fazem o Rei, a Filha má e a Boboca. Ao contrário da época de Shakespeare, onde mulheres não podiam atuar, aqui mulheres sobem ao palco e jogam com a representação. Não são mulheres fazendo papéis masculinos, mas são mulheres artistas jogando com o teatro e suas possibilidades de brincar com a verdade, com o real e o imaginário. Em todo o espetáculo esta brincadeira está presente. A montagem não se pauta numa linguagem realista-naturalista. Ao contrário, buscamos o jogo, seja por meio da recriação da fábula de origem, tornando Shakespeare nosso contemporâneo, historicizando os temas e os aproximando de fatos e situações rondonienses, seja por meio da própria atuação. A encenação brinca com a seguinte figuração: em cena está um tapete vermelho no formato do mapa do estado de Rondônia, um trono confeccionado sob a inspiração das matérias e objetos símbolos da exploração extrativista locais e uma série de painéis que sugerem ao público um jogo com o imaginário do encantado da floresta. No percurso de Lear os objetos se deslocam jogando a desterritorialização de seu poder. E Lear, ao sofrer uma espécie de processo de “desmaterialização”, cai com o cenário. Nossa história também apresenta relatos e imagens reais como o depoimento de pessoas com deficiência visual, fragmentos de textos sobre a expedição para a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, e imagens do tombo da Cachoeira de Teotônio. Nosso Lear está em tormenta, vivendo num tombo, numa queda. Ao lado dele há aquela que quer afogá-lo de vez, a Filha má, e há aquela que o ajuda na passagem desta sua expiação por caminhos tão difíceis, a Boboca. Ele é sua própria sombra e esta assume formatos variados. (Na época de Shakespeare a palavra sombra designava, também, o ator por causa da transitoriedade das personificações que este assume. No nosso espetáculo, as sombras são também as atrizes que brincam com suas identidades, atuando e narrando uma história diversa e de modos diferentes.) Assim, Lear nos mostra que a construção do humano é uma ficção. E com ele supomos que todos estamos, também, atuando sempre, construindo e reconstruindo identidades. Não sabemos se Lear irá conseguir a iluminação em sua existência. O fato é: ele, agora, a cada dia, caminha perguntando como sobreviver no escuro e como obter uma outra iluminação que não seja oriunda somente de uma usina. Este espetáculo foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/2007, com o patrocínio da Petrobras.
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